Coisas que o meu cérebro não processa

Se me derem uma folha de papel escrita a chinês eu, por muito boa vontade que tenha, não conseguirei processar uma única palavra. Em árabe a mesma coisa. Consigo ver os caracteres mas não identifico letras, não descortino palavras, não processo o sentido.

Foi mais ou menos isto que senti quando uma amiga me disse aqui há dias que quando tiver um filho não quer amamentar porque - cito - "acha a amamentação nojenta."

Vamos começar pelo princípio.

Não sou fundamentalista da amamentação. Acho que as mães devem fazer aquilo que bem entenderem e cada um é livre de tomar as suas próprias opções.
Por minha opção, amamentei até a minha filha querer - que foi por volta dos treze meses - e tive esta sorte imensa de conseguir conciliar a amamentação com o desmame natural, que são duas coisas em que acredito. Repito, eu, minha opção.

Pela mesma ordem de razão, consigo perceber quando uma mãe diz que não quer amamentar porque acha que a alimentação deve ser inteiramente partilhada com o pai, porque as mamas ficam feias, porque é cansativo, porque doí, porque whatever. Não consigo perceber, no sentido de que o meu cérebro não processa, tal e qual uma folha em chinês, que se diga que não se quer amamentar porque é nojento.

Nojento?
Será que serei eu, afinal e contrariamente ao que penso, uma fundamentalista que não entende que se possa achar um nojo amamentar? Ou é quem defende essa tese que está redondamente equivocada sobre o sentido das coisas? Alguém me ajude.

Eu percebo o sentido dos argumentos "querer partilhar com o pai", "dores", "cansaço" quando associados à amamentação - pese embora não os considere aplicáveis a mim e não os adopte. Mas dizer que é nojento, soa-me a qualquer coisa como "não quero amamentar porque se o fizer tenho de ser deportada para a Nigéria." Isso mesmo, uma afirmação destituída de absolutamente qualquer pingo de sentido. Chinês, mesmo.

Para além de não perceber, fisicamente, o conceito, acho um mau princípio para começar uma relação com um filho. Espero - mesmo! - que quando engravidar e o bebé nascer, a tese das coisas nojentas não se estenda às fraldas, sob pena de termos cocó até às costas até chegar alguém que o salve.

1 Coisas dos outros

  1. Não tenho filhos ainda mas pretendo ter e adoro assuntos relacionados com maternidade. Confesso que, para já, a amamentação não é uma coisa que ache assim tão linda e maravilhosa como as pessoas pintam. Não sei se quererei amamentar, acho que é uma opção que terei que tomar apenas quando tiver filhos. Mas a verdade é que a única coisa que me leva a ponderar é o facto de "estar sempre pronto" e tornar-se mais prático, por de resto, só vejo (para já!) inconvenientes. Como tudo na vida, cada pessoa terá a sua opinião e possibilidade de escolha. Não considero nojento, mas acho que percebo a opinião da amiga. Talvez não se tenha expressado bem, só isso.

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