A casa inundou e agora apanhamos sol mais vezes!

Eis algo que o meu marido diria! A sua capacidade de ver o lado positivo nas coisas mais negras é uma prenda de Natal todos os dias, juro! Por isso consigo perfeitamente imaginá-lo a dizer isto, como disse aliás algo muito semelhante - já lá vamos!

Aconteceu no início de Janeiro termos ido passar um fim-de-semana à casa da praia, mas depois disso passaram-se cinco ou seis semanas (sendo que choveu todo o mês de Fevereiro) em que não voltamos. Chovia, estava frio, confinamento, etc. Até que um belo sábado decidimos ir de uma casa a outra casa, sem contacto social pelo meio, só para ir abrir as janelas e arejar.

Assim que entramos no prédio sentimos um cheiro diferente do habitual, que se intensificou à medida que fomos chegando à nossa porta, sítio em que cheirava francamente muito mal. Abrimos a porta e quando entramos no nosso quarto, não chorei porque tenho 34 anos e vergonha na cara. Uma parte do tecto do nosso quarto tinha caído e chovia lá dentro - chovia de tal forma que tive de colocar sete baldes / bacias / recipientes, para apanharem todas as pingas. Chão molhado, as duas cómodas (novas!) destruídas e - sobretudo - a nossa casa linda que ainda cheirava a tinta e a novo, parcialmente destruída! Foi aquele choque misturado com tristeza. A nossa rica casa..!

Avançando algumas semanas para a frente, já lá voltamos duas ou três vezes para abrir tudo e apanhar sol - daí dizer que inundamos a casa mas, em compensação, fomos mais vezes lá do que teríamos ido se estivesse tudo seco. Aqui o P. diria "ainda bem que inundou" - ou algo aproximado! Porque foi precisamente aquilo que disse quando concluiu que um pedacinho de uma parede do quarto das miúdas que tinha descascado o ano passado também ia ser arranjado agora junto com as restantes obras. A sério? Ainda bem que ficamos com um quarto destruído para arranjar 5 centímetros do quarto ao lado? O meu marido é realmente essa pessoa (e ainda bem!!).

Isto posto, ainda no fim-de-semana passado lá demos um salto (cheira cada vez menos a chuva e tecto desfeito) e apanhamos tanto sol, foi tão bom! Que dia maravilhoso. Andamos em passeio higiénico de bicicleta lá perto de casa, enquanto que as paredes e tectos apanhavam ar e se preparavam para as obras que devem ser (fingers crossed!) na próxima semana. Esperança portanto de retomar a casa cheirosa a tinta, novinha em folha outra vez, a dar-nos um sorriso de "adoramos esta casa" sempre que lá entramos. É que afinal, já não falta tudo para a nossa mudança anual de dois / três meses para lá!

Arrumar brinquedos!

Em nossa casa os quartos são espaços de dormir que têm apenas, além das camas, livros. Uma estante biblioteca no caso do quarto das miúdas; livros na cómoda, mesinhas de cabeceira e por aí, no caso do nosso quarto. Mas não há brinquedos nem tralhas.

Os brinquedos e tralhas, em nossa casa, estão num "cantinho dos brinquedos" que tem algumas coisas, que mais usam; e estão sobretudo numa sala no andar de baixo, que junta sofá com tv para filmes e espaço de brincadeira. De resto, um projecto que fizemos algures em Dezembro de 2019, quando demos uma nova vida à sala (falei sobre isso aqui).

O que acontece de forma generalizada durante a semana mas muito acentuada ao fim-de-semana, é que a sala vira caos. Os brinquedos espalham-se por todo o lado e é uma loja ambulante de paraíso infantil! O que acontece a todo esse caos? Tentamos contar com a contribuição delas para arrumar, o que nem sempre acontece, mas é muito frequente o P. e eu andarmos a arrumar tudo depois de as deitarmos (até porque o critério de arrumação de duas crianças é ligeiramente diferente do nosso). Não posso garantir, mas com grande probabilidade já terei dado comigo a resmungar por ter de arrumar tanta coisa. 

Até que recentemente tive uma epifania. 

Tenho andando em luta com as miúdas porque ultimamente só querem saber da consola e tudo começa e acaba com o Mario e a Switch. Concordo que a consola é gira, os jogos estão altamente bem construídos, acho até que lhes aguçam ali a curiosidade, espírito de equipa, capacidade de resolver; contudo, tudo tem os seus limites e eu ando ali na linha vermelha no que à tolerância a consola diz respeito. Por isso percebi recentemente que o facto de arrumarmos muitos brinquedos ao final do dia, significa que elas brincaram com muitos brinquedos. No fim-de-semana passado a única coisa que arrumamos foram meia dúzia de legos na caixa. E os jogos? E a plasticina? Barbies? Bonecos pequenos? E o caos? Onde está o caos? Prova de que há sempre margem para reclamar! A culpa disto, no fundo, é do confinamento. Pais a trabalhar em casa, com crianças em casa, 24 horas por dia, só os quatro, resulta em mais tempo nos jogos e na televisão porque há reuniões para se fazerem, há silêncio que tem de ser feito, há trabalho que não pode esperar. E o vício a crescer nas criaturas. Anseio pelo verão, praias, piscinas, mundo!, para estas alminhas se esquecerem que um dia tiveram uma consola e voltem a espalhar brinquedos por todo o lado!

Durante a queda aprendi a voar

 Ora bem...

Sabem quando lemos "livro mais vendido" e ficamos com curiosidade perante tamanho sucesso?

Era mais ou menos o que estava a acontecer com o Raul Minh'Alma. Confesso que o vi algures na televisão e não me pareceu inspirador mas, ainda assim, tinha alguma curiosidade. Acho que não compraria o livro (mas por preconceito) mas recebi-o de prenda e tinha obviamente de o ler.

O que dizer?

A escrita é muito fraquinha, fiquei muito desiludida. Gosto imenso de ler autores portugueses porque escrever e ler a língua no original é sempre mais fiel mas, bolas!, que desilusão. Nem se quer consigo entender como é que é o autor do livro mais vendido em 2019. Acho que isto diz muito de nós, enquanto leitores. A escrita é básica, próxima da escrita de adolescente. Falta maturidade, falta elegância, falta gosto. É mesmo como ler uma composição do sétimo ano mas que vem em modo livro.

Para além da escrita, a história em si não me fascinou por aí além. Tinha tanto espaço para o tema da saúde mental e ficou muito aquém do que podia ter sido. Além disso, o twist final, embora ainda bem que aconteceu já que caso contrário, então seria mesmo um livro péssimo, colocou a classe médica num sítio de descrença, como se algum médico fosse mesmo aceitar aquilo e poder continuar a chamar-se médico depois disso (não vou revelar detalhes porque não gosto de spoilers!).

Resumindo, repito a ideia de que devemos ler tudo, bons livros, maus livros, livros médios e este honestamente foi um livro fraquito, de praia, que não maravilhou pela história e que sobretudo desiludiu bastante pela escrita (mas, bem sei, veio depois do Apneia e esse lugar era muito difícil para se estar, verdade seja dita!).

Seguimos para um segundo volume de uma história que comecei o ano passado (e não adorei!), que curiosamente está a surpreender bem mais do que o número um da coleção. Já cá voltamos com novidades!