Um sítio bom, bom

Quando viemos morar para Lisboa fomos para uma zona má.
Não conhecíamos bem e nos contactos que fizemos pareceu razoável. Revelou-se uma má opção, as coisas sào mesmo assim.

Só lá ficamos o tempo necessário até eu arranjar trabalho e encontrar-mos um sítio melhor (mais caro também, verdade, but "location, location, location"). Mudámo-nos ao fim de sensivelmente seis meses para a nossa zona preferida e cá estamos desde então.

A coisa boa de ter morado num sítio mau, ou de que não gostávamos, é que erámos quase forçados a sair. A casa em si era óptima (e de resto foi a nossa primeira casa) mas a zona não, por isso qualquer passeio que quiséssemos fazer era necessariamente fora dali.

Foi assim que conhecemos muita Lisboa. Não toda, nem metade, mas seguramente mais do que se tivéssemos vindo directos para onde estamos agora. 

Foi precisamente nessa altura que descobrimos o Frutalmeidas, que é assim uma pequena maravilha na Av. de Roma.

Não ia lá há séculos, acho que desde que mudamos de casa.
Mas no sábado passado fui. Aliás, fomos, eu e a piolha, que gostou tanto do sumo de melancia como a mãezinha  dela. 
Ficou a faltar a tarte de maçã, mas fica para a próxima, que será certamente para breve. Nhami!


Entre o "yeah!" e o "oh God!"

Inscrevi-me no ginásio, com efeitos a 1 de Outubro, e a poucos dias do início estou num misto de excitex com o que é que eu fui fazer à minha vida?

Apetecia-me imenso retomar os velhos hábitos mas tenho uma preguiça, que socorro! Vou repetindo que é só até ganhar o bichinho que a coisa custa mas está difícil de acreditar. Principalmente porque vou ter acordar às sete da manhã e a juntar à preguiça há todo um sono que me assalta a essa hora da madrugada.

Posto isto, estou cautelosamente expectante com o próximo dia 1 e tudo pode acontecer - ir e adorar ou ser absolutamente estupida.

Fim-de-semana só para as duas, mãe e filha, e mimos de manhã à noite.
Sol e bom tempo, de passear, brincar na relva, ver o rio.

Almoço sushi com uma amiga
Estendo-me só um bocadinho no sofá.

E a melhor parte - falta menos de uma semana para ele chegar.

Entretanto o Lidl tem uma coleção de peluches que custa € 1.475

Já tinha ouvido falar nessa coisa do gang dos frescos algures o ano passado mas na altura não só não tinha filhos com idade para pensarem nisso como sobretudo não tinha uma filha que se perdeu de amores por um tomate.

A sério que eles espalham caixotes gigantes a abarrotar de frutas e legumes peluche por toda a loja, desde a entrada até à saída e depois para uma pessoa os comprar tem de gastar 123 euros? E que a coleção tem doze diferentes? A sério, mil e quatrocentos euros em nabos, ervilhas e limões?

Posto isto, tão depressa o amor da minha filha pelo tomate começou como acabou. Tinha de lá ter deixado mais de cem euros e só deixei vinte. O que me concedeu o maravilhoso direito a dois pontos para colar não sei onde à espera dos dez que faltam e, depois de pagar mais qualquer coisinha, poder finalmente levar o tomate para casa. 

Loja má.

À espera de um milagre

O D. nasceu na segunda-feira, 14 de setembro, às 18.00 h. 39 semanas e seis dias depois.

O D. é filho da minha D., minha amiga, minha madrinha de casamento, minha pessoa. Vivi com ela à distância, mas o mais próximo possível, esta gravidez. Falamos todos os dias, trocamos ideias, fotografias, vi a barriga crescer. Estava imensamente feliz desde o dia em que me disse que estava grávida, partilhamos esta felicidade, fizemos planos. O D. pode muito bem vir a ser namorado da C.

O D. nasceu e teve um problema respiratório, que o levou para a neo, que o afastou da mãe. Teve complicações durante a noite e foi transferido para um hospital de topo no dia seguinte. O D. está em boas mãos mas tem um quadro complicado, demasiado complicado para um recém-nascido, para uns pais, que têm o coração feito em água e a alma sabe-se lá onde.

Têm sido dias horríveis.
Estou ao lado deles mas não consigo imaginar a dor que sentem. Não sei como é que isto foi acontecer. Queria um botão de passar para trás e começar de novo. Como é que foi acontecer? Como é que se passa de estar grávida e ter uma felicidade imensa, de viver num sonho a tempo inteiro para se entrar neste pesadelo?

Os resultados dos vários exames que fez vão chegando e as coisas são complicadas, o quadro é grave. Não acredito bem nisto, não parece real. Esta história não é dela, não é deles. Por favor que alguém venha dizer que se enganou..!

Não posso dizer isto à D. mas a verdade é que acredito que vai acontecer um milagre. Estou à espera que aconteça, tem de acontecer. O pequenino acordar, espreguiçar-se e voltarem os três para casa, como tem de ser. Por favor, por favor, por favor, tem de acontecer este milagre.

E eu até gosto de Porugal

Não sou nada do género que acha que em Portugal é tudo mal feito, antes pelo contrário. Acho que somos incrivelmente competentes em várias áreas, temos coisas que mais ninguém tem e se um dia tiver de me ir embora, será com pena imensa.

Sem prejuízo de gostar do meu país e das pessoas, há muitos contextos em que temos um longo caminho a percorrer. Hoje estou a pensar em especial na atenção ao cliente.

Esta semana tive duas experiências diametralmente opostas na compra de calçado.

Experiência nacional:
Ando há semanas à procura de um modelo de sapatos para a C., de uma das marcas de criança mais conhecida. Depois de numa loja me terem dito que os sapatos existiam em quatro lojas no país, de ter ligado eu própria para essas quatro lojas para descobrir que afinal não existiam coisa nenhuma e de ter percebido que afinal só havia um par e era no Algarve, explicaram-me que para o fazer chegar até mim, teria de ir a uma loja qualquer, fazer a encomenda, pagar, e esperar que chegassem. Então e se nào servir ou não ficar bem? Trocam por um vale no mesmo valor.

Experiência internacional:
Os meus pais foram uns dias de férias para Dublin e a minha mãe comprou-me lá umas All Star (yeah mummy!). Duas semanas depois, quando mas deu, verificamos que, pese emborá tivesse pedido o meu número, os tipos da loja tinham-lhe entregue outro, coisa que não reparou e, conclusão, não me serviam.
Decidi enviar e-mail para a marca, sem qualquer esperança obviamente, contando esta mesma história.
Responderam-me um cinco minutos, literalmente, dizendo para enviar para a morada que me deram as sapatilhas, bem como o talão com os custos de envio e o meu NIB, que me devolveriam os portes para a conta e enviavam as All Star no tamanho certo.

Gosto de Portugal.
Mas nisto gostei mais da Irlanda. 

Falava em mudar os hábitos nos cuidados de pele mas há algo muito mais importante no horizonte - voltei a inscrever-me no ginásio.

Whaaaaat?

Verdade.
Estava a passar à porta e pensei - não é tarde nem é cedo.
Só começa oficialmente em Outubro mas estou altamente motivada.
A ver vamos ou, como dizia o instrutor de pump, let's vamos!


Reiniciar

Andava a pensar que devia rever os meus hábitos diários de cuidados de pele quando a minha santa sogra me deu, nada mais nada menos do que a linha completa da Avene, fofinha e mimosa.

A verdade é que deixei o meu Estée Lauder por um super foleiro e isso refectiu-se em toda a minha cara. Precisava mesmo de uma solução SOS.

Comecei com a Avene há poucas semanas, ainda não tenho resultados visíveis mas já estabelecemos uma rotina simpática, de noite essencialmente.

Uso a água micelar para tirar a maquilhagem e fazer uma primeira limpeza;
Depois o creme de limpeza para retirar os excessos;
Por fim o tónico, último detalhe.
De seguida, ponho o serún nas partes mais críticas - olheiras alert!

Sobra o creme de dia e o de noite e o desmaquilhante de olhos, que ainda não senti necessidade.

Não vale a pena fazer elogios à marca, é de conhecimento público. Espero ansiosamente pelos resultados, por uma pele fofinha e lisa e sem estas coisas espinhas ou borbulhas ou lá que raio é isto.

Obrigada sogrinha!

One left

Setembro é uma altura de começar de novo, de fresco, uma espécie de novo ano. É altura também de balanço.
Não me apetece fazer grandes balanços, confesso, e quanto aos planos para o futuro, dizer só que está tudo em aberto e que o lema volta a ser este ano "sem stress." Repito-o na minha cabeça.

Não aconteceu muita coisa este ano mas de repente lembrei-me da bucket list que fiz em Março. Recupero-a para perceber que já risquei um ponto é que só por burrice (preguiça?) não risco dois.

Aqui está:

Escrever um livro
Voltar a Nova Iorque
Comprar uma casa
Plantar uma árvore
Ir ao Rio de Janeiro
Voltar a correr
Passar um sábado em Paris
Trabalhar em turismo
Colaborar com uma revista
Voltar à Eurodisney
Visitar a livraria Lello
Fazer voluntariado

A revolta dos late twenties

A casa onde o meu pai vivia quando era pequeno ficava em frente a uma ourivesaria.
As quintas-feiras eram o dia da semana para furar as orelhas. Meninas, bebés, crianças pequenas, faziam fila à porta com as mães.
Às quintas-feiras na ourivesaria, e em casa do meu pai, havia choros e gritos de manhã à noite. Assim foi durante anos, desde que o meu pai era pequeno, até que se inventou um método menos doloroso.

Quando eu era pequena e estava um dia numa ourivesaria qualquer, não a mesma, quís furar as orelhas. Escolhemos os brincos que foram postos na pistola mas quando já estava com ela na orelha, tive medo. Não furei as orelhas nesse dia em que era pequena, mas contei o episódio ao meu pai ao chegar à casa.

Foi nesse dia que fiquei a saber que tinha morado anos em frente das crianças que berraram à quinta feira para pôr uns brincos e que eu estava terminantemente proibida de furar as orelhas antes dos dezoito anos.

Estava a mais de uma década desse dia, do dia em que fazia 18 e ia furar as orelhas. Não era rebelde e não o quis fazer antes.
A surpresa foi que também não o quis fazer depois.

Fiz 18 e 20 e 25 e nunca quis furar as orelhas. Não sei se porque me habituei totalmente a viver sem brincos, se os brincos representavam um acréscimo de despesa no meu orçamento, se porque simplesmente não estava para aí virada.

Depois fiz 28.

Foi aos 28 que um dia entrei numa farmácia para aviar uma receita e vi o cartaz do "furamos as orelhas."
O P. tinha ficado no carro, estacionado em cima do passeio, quatro piscas, uma coisa rápida. Entrei e disse-lhe,

- Vou fazer um furo.

Foi num sábado de férias que mudei de ideias sobre os brincos.
E na segunda feira seguinte que fiz um furo a meio da orelha esquerda.
Esperei vinte anos. Mas adoro.

Primeiro de Agosto, primeiro de Inverno

Brincamos várias vezes na relva. Li "A rapariga no comboio" de Paula Hawkins. Fui ao hospital com a piolha numa terça ao final do dia e outra vez na quarta de manhã. A nossa filha fez dez meses. Nasceram-lhe três dentes. Começou a gatinhar. Montei um cantinho de brinquedos na sala e aceitei que faz parte da decoração. Estive uma semana sem doces e perdi um quilo. Comi duas francesinhas no espaço de quinze dias e engordei tudo outra vez, mas em dobro. Preparei um kit de essenciais de bebé para a minha D., que enviei pelo correio. Tirei 365 fotografias e cumpri o projecto fotos do mês mas tive de aumentar o álbum. Fomos lanchar à Choupana mas acabámos a fazer Entrecampos - Saldanha a pé. Recebemos um notícia no trabalho que vamos ver onde nos leva. Tivemos de férias. O tempo não esteve famoso mas os bons dias, foram muito bons. Tomei banhos de mar. Não andamos de bicicleta. Não fomos à Lello, nem comemos sushi, nem fomos ao cinema. Mas passeamos, descansamos, estivemos com amigos, fizemos planos para as próximas férias. Pús um brinco na orelha esquerda, o primeiro furo da minha vida. Não pensei um único dia em trabalho. Fiz compras para o Outono - Inverno. Estive quinze dias com o meu irmão que não via desde Dezembro. O P. esteve em casa duas semanas. Só faltam cinco para voltar outra vez. E três meses para o Natal.