R.I.R. é o melhor remédio

Domingo foi dia de Rock In Rio por estes lados.
Após prolongada troca de ideias sobre que concerto ir ver (numa altura em que Rolling Stones ainda não eram opcção), ficamos ali entre o Justin e o Robbie, até este ter ganho.

E o que dizer? Excelente escolha!

A televisão fez o favor de transmitir o concerto por isso quem não foi comprovou ainda assim a presença, a atitude, o charme de Sir Robbie Williams. Um senhor, um entertainer, um show de bola! Adoramos o concerto. Pena foi ter sido mesmo pequenino, porque ali ficávamos o resto da noite. Ou até ao próximo concerto, que alguém tem de dar espaço à Ivete.
Antes do cabeça de cartaz, Áurea e Boss AC, de onde destaco o cabelo - alguém já viu bem o cabelaço daquela mulher? - e pelo meio Paloma Faith. Resumindo, valeu pelo fofinho do Robbie. A ver vamos como se porta o Justin.
De resto, primeiro ano no Rock In Rio. Espaço engraçado e palminhas para a ideia de ocupar todo um parque com uma mega festa.
Parte menos simpática: filas e FRIO. Muito frio às tantas da manhã, depois do homem da noite ter levado o calor que havia em nós. Por isto, vários profissionais do campismo foram equipados de mantas e cobertores (de marmitas igualmente), o que foi sem dúvida uma licção para os próximos anos. Suponho assim que seja coisa a repetir.

Ganhar coragem para falar sobre isto...

No sítio onde eu trabalho há algumas regras sobre gravidez e filhos. Não vou dizer que o seu incumprimento dá lugar a processo disciplinar com direito a despedimento com justa causa, mas vamos dizer apenas que estas regras foram das primeiras coisas que me ensinaram no dia em que cheguei. São válidas para todos e fizeram questão de mas explicar direitinho, tendo em conta o meu género e condição.

De forma resumida, o "direito a engravidar" tem ordem de prioridade bem definida. Quem se quiser propor a exercê-lo deve informar o superior. Se estiver dentro do tempo certo, óptimo, ganha a vez; caso contrário, aguarda o fim do período de carência que for fixado. Este período é definido tendo conta as grávidas em fila de espera, de forma a garantir que nunca estão duas pessoas fora ao mesmo tempo por este motivo. Trocando isto por miúdos, cada uma deve garantir que apenas engravida quando já não há risco de a licença de maternidade coincidir com alguma licença anterior. Devem assegurar-se por isso intervalos de cinco ou seis meses. Foi nesta lógica que uma colega foi de licença em Julho e regressou em Janeiro, outra colega foi em Fevereiro e regressa em Julho e há uma outra que irá em Agosto para regressar em Fevereiro do próximo ano.

O fundamento desta regra não é de todo incompreensível. Quem tem uma equipa para gerir tem preocupações a este nível, neste caso agravadas por um grupo essencialmente feminino em idade de ter filhos. É por isso que, mesmo tendo eu os direitos laborais bem presentes na minha vida, não julgo em absoluto esta política organizacional e tendo a tentar compreendê-la.

Tudo poderia estar aliás relativamente bem, não fosse isto representar uma ligeira intromissão na vida privada. Perguntam-me com que legitimidade querem decidir quando e como engravido e se tem algum sentido uma política que me obriga a pedir por favor para ter a minha vez. Eu aceito estes argumentos. Aceito todos os argumentos, na verdade, e é por isso que chegamos até aqui.

A minha gravidez é, como fizeram questão de me dizer, "um erro de calendário", um "incumprimento da política." Isto significa basicamente que faço menos do que cinco meses de diferença da colega que estava na fila antes de mim e que por isso estaremos as duas fora cerca de três meses.

Gostaria de ter evitado esta sobreposição. A realidade é que as coisas aconteceram efectivamente de forma mais rápida do que tínhamos pensado. E por isso há duas grávidas em simultâneo nesta equipa.

Foi por este motivo que me foi pedido que até novas indicações escondesse a gravidez no trabalho. Foi o que fiz de Janeiro a Maio. Falar do assunto nem pensar, usar roupa justa, fora de questão. E estes quase cinco meses a esconder criaram em mim a convicção de ter feito uma coisa muito má, de ter quase cometido um crime, de "o que é que tu foste fazer?" 

Isto, sem que eu quisesse, casou-me uma marca mais forte do que gostaria. 

Passo o dia inteiro no trabalho e mesmo depois  de ter começado a ser público, sinto-me constrangida. De tal forma que, inconscientemente, quase justifico a gravidez com um "... mas foi mais depressa do que contávamos." Dou comigo a continuar a usar roupa larga (e a parecer um grande saco de batatas) para ir garantindo que o espalhar da notícia é controlado.

Isto é tão estúpido quanto doloroso, custa-me e deixa-me frustrada. Fora do trabalho adoro a minha gravidez, adoro a minha barriga e só não ando com ela exposta porque está frio e tenho noção do pudor. Fora do trabalho sou imensamente feliz com o meu estado. Mas quando lá estou, sinto uma pressão enorma, quase culpa.

Não ajuda dizeram-me que vai ser o fim do mundo quando estivermos as duas fora, que o circo vem a baixo, que não sabe quem fica como se vai aguentar. Fazem-me sentir culpada, quando tudo o que devia sentir era alegria vinte e quatro horas. Não ajuda também o trabalho ser o sítio onde mais tempo do dia passo porque cá fora a vida é imensamente mais feliz.

Gostava de afastar estes pensamentos mas não sei como se faz. Ninguém me preparou para sentir peso na consciência no dia em que o teste desse positivo. Sonhei a vida toda com isto e toda eu era felicidade. Conscientemente, sei que ninguém no mundo tem o direito de estragar este momento. Mas inconscientemente, o fim-do-dia e os fins-de-semana são cada vez mais desejados, para ter uma oportunidade de ser verdadeiramente feliz.


Essa coisa da globalização

Verdade que nos dá imenso jeito poder viajar pela Europa com o mesmo documento de identificação que nos leva daqui ao Porto. Verdade também que o passaporte pouco mais pesa e dá acesso ao resto do mundo quase sem restrições. Cruzamos alfândegas como quem cruza cidades de Portugal, levamos e trazemos quase tudo o que nos apetece e estamos realmente perto um dos outros. Acho que já disse isto, mas demoro menos tempo a ir à Dinamarca visitar o meu irmão do que de comboio a casa. Gostamos disto e que se mantenha.

A proximidade mundial tem esse lado bom de podermos hoje conhecer muito mais do que há umas décadas atrás. É fácil, por vezes é mesmo mais barato (já alguém comparou o preço de uma viagem a Madrid com o de uma ao Funchal? Não comparem porque o turismo nacional perde pesado) e apetece-me dizer que dá milhões. A mim, que trabalho para viajar, dá-me muito mais do que milhões, na verdade. Se não estou em curso, tenho vontade de estar. E pode nem ser um grande destino exótico. Qualquer coisinha já me faz feliz.

As coisas têm corrido bem e temos conseguido fazer algumas viagens por ano, mesmo que destinos de fim-de-semana. E se há um lado absolutamente maravilhoso em ir ver mundo, há nisto da globalização uma coisa meio chata: está tudo muito igual.

Tirando uma coisinha ou outra, em destinos realmente diferentes, a Europa por exemplo é toda ela igual. Falo de traços tradicionais. Tudo bem que temos a massa de Itália, os chocolates da Suiça, as tapas de Espanha. Mas o que disto não temos também em Portugal? E o comércio? Que coisas / lojas típicas só vemos mesmo "lá fora"?

A minha mãe conta sempre das idas a Espanha quando era pequena, para comprar mesmo o mais elementar. Qualquer coisa mais elaborada era impensável ser vendida cá, fosse de vestir, de comer, de usar. Deus me livre de achar que isso é que eram tempos, em que nos faltava de tudo um pouco e vinha tudo do estrangeiro. Mas na realidade, havia qualquer coisa de especial em trazer novidades, em ver coisas que não se viam todos os dias. O ser diferente tem aqui muito peso. E eu tenho pena de ver poucas coisas verdadeiramente diferentes quando saio de casa. 

Um exemplo disso foi a minha tarde de pseudo compras em Zurique. Acho que não vi nenhuma loja que não conhecesse já ou as que vi vendem coisas exactamente iguais ao já visto e revisto. No caso, com a agravante de ser tudo muito mais caro (já agora, a título de curiosisade, passamos num cabeleireiro banalíssimo em que na tabela dos preços troquei os olhos quando vi "manicure: 55 francos. Como?!! - bom, fechar parêntesis).

Isto tudo para dizer no fundo que era giro ver coisas novas de vez em quando. Se calhar sou eu que visito os países errados. Ou se calhar esta coisa da igualdade tomou conta do mundo em todos os sentidos.

Pergunta para queijinho

Quem é que roubou o sol?..

Então Cisca, qual foi o resultado de uma tarde nas compras? Roupa nova? Make up nova? Uma carteira nova?



Um lápis

Comme il faut

Uma reunião de trabalho foi a desculpa perfeita para um fim-de-semana em Zurique.

Chegamos sábado de manhãzinha e por cá temos andado desde então. Zurique é linda e maravilhosa, o tempo está perfeito e não fossem estes preços escandalosos podíamos muito bem prolongar a estadia. Isso e o trabalho, à espera em Portugal..

O hotel onde ficamos é no centro dos acontecimentos e deslocamo-nos a pé para todo o lado. Fica na zona histórica, ao lado da estação principal, paredes meias com o rio e mesmo ao ladinho da rua das grandes lojas. 

Esta nota de shopping city dá precisamente o entretenimento necessário durante as horas de reunião que o P. tem mais logo. Querido marido vai trabalhar e nós trabalharemos as lojas. Comme il faut.

De resto, visitamos ontem o Museu Nacional de Zurique e a Universidade, fizemos um passeio de barco pelo rio e outro pela cidade de eléctrico. No sábado, andamos quilómetros pelas ruas, do centro até ao rio, passámos na Ópera, subimos a uma praçinha no cimo da cidade, cruzamos todas as pontes e aproveitamos o sol, sentados em esplanadas e jardins.

Também nos desgraçamos para além do que era suposto na parte alimentar da coisa. Foundue de queijo? A sério? Melhores chocolates do mundo? De certeza? Uma perdição tudo. Levo quilos extra comigo e não são de excesso de bagagem.. de modos que fecharemos a boca nos próximos dias, salvo para sopa e fruta. 

Fora isso, a parte mais gira da barriga continua a crescer e porta-se lindamente. Zero enjoos, zero mal estar, zero cansaço. Acho que também se habituava esta vida.. mas pronto, estamos quase no Verão!

Sobrevivi, sim senhora!

O fim-de-semana desportivo não me matou - embora também não saiba bem se me tornou mais forte - mas cansou ligeiramente.

A caminhada foi absolutamente pacífica, a ida de bicicleta até Belém também. Pior, pior, foi o regresso a casa. Uma pessoa lá os vinte e tal quilómetros para o destino, ainda faz. Mas o milhão e quinhentos mil de regresso à origem, oh valha-me Deus!

Quando aterramos no sofá eu achei que tinha levado porrada antiga. Todos os músculos a doer, sem distinção.

Como se trata isto?
Com um marido fofinho que só ele, que se dedicou a tratar do nosso super lanche dos campeões, com panquecas e essas coisas boas - ideais depois de um dia de exercício.

Pelo caminho entre uma coisa e outra, tivemos a sorte de apanhar o Meo Out Jazz, nos jardins da Torre de Belém, que foi um extra pelo bom trabalho. Conceito engraçado, sim senhores.

Se vamos repetir ou não, está em discussão.
Adoro esta ideia de grávidas activas mas se calhar pedalar que nem uma maluca até ao fim da gravidez não será das melhores ideias que já tive. A ver.

Como assim dormir?

Planos para este fim-de-semana?
Ficar de papo para o ar?
Curtir um bom sofá?
Dormir metade do dia?

Negativo!

Só para princípio de conversa, sábado de manhã temos corrida / caminhada solidária no Parque das Nações onde estaremos presentes. Serei a pessoa de calções mais curtos a ver se moreno um tantinho as pernas que esta cor não se aguenta.

No domingo, fui desafiada para uma empreitada de bicicleta a que não pude resistir. 46 km. a pedalar e toma lá só para aprenderes. Saber quem sou? Portadora de mini calções, que isto quando o sol nasce é para todos e tanto dá na praia como na cidade.

De modos que é isto. Descansar, descansar? Pois, não sei bem. Mas também isso agora não interessa nada.

Boooolaaaa!!


Escrita criativa - terceira aula

"Quando falo de escrever, a primeira imagem que me vem à cabeça não é um romance, poema ou tradição literária; é a da pessoa que se fecha num quarto, senta-se numa mesa e sozinha vira-se para dentro. Entre as suas sombras constrói um mundo novo com palavras. Este homem - ou mulher - pode usar uma máquina de escrever ou beneficiar da utilização do computador ou escrever com caneta e papel, como eu. Enquanto escreve, pode beber chá ou café ou fumar cigarros. De vez em quando pode levantar-se da mesa para ver pela janela as crianças a brincar na rua ou, se tiver sorte, pode ver árvores e uma paisagem. Pode escrever poemas ou peças de teatro ou romances, como eu. Mas todas essas diferenças aparecem só depois de completada a tarefa crucial - depois de se sentar à mesa e pacientemente virar-se para dentro. Escrever é transformar aquele olhar interior em palavras, estudar o mundo para onde passamos quando nos recolhemos dentro de nós e é fazê-lo com paciência, obstinação e alegria."

Orhan Pamuk

Maio é mês de voltar ao Martins.

Ao fim de um ano a amealhar moedas de um e dois euros, abrir o Martins é saber que estamos quase, quase a ir de férias.

O ano passado por esta altura regressávamos do México. Este ano, em rocks menores, teremos uma semana de praia e sol integralmente suportada por esta poupança, que hoje reiniciamos pelo terceiro ano consecutivo.

Tudo o que basta é uma enorme força de vontade que não permita gastar uma única moeda de um ou dois. Parece fácil?

Vamos imaginar o cenário levantar vinte euros, pagar um café de um euro (só para facilitar a matemática) e receber dezanove em moedas de um e dois euros. Imaginar nesse mesmo dia pagar um outro café. Ora, as regras da poupança Martins não permitem usar uma dessas moedinhas troco. Implicam sim levantar novos vinte euros e assim sucessivamente depositando todos os euros no Martins.

Se compensa? Absolutamente.
Este ano, pagam umas férias para os dois.

Escrita criativa - a segunda aula

Não tinha trabalhos de casa desde 1850.

Outras coisas boas a este respeito..!

Acordar com um "Bom dia Mamã"
Assim,


Barrigas felizes!

Quando acabamos 2013 na expectativa de que 2014 seria o melhor ano das nossas vidas, estávamos mais certos do que julgávamos. Janeiro começou da melhor maneira possível e agora que estamos em Maio, já podemos dizer que a magia é oficialmente real.

Como as coisas são como são, passamos toda uma vida a desejar ter uma barriga lisa e perfeita mas chega a uma altura em que tudo o que queremos é que ela cresça depressa e fique gigante.


Estamos exactamente nesta fase. Orgulhosos portadores de uma barriga de quatro meses, que cresce a olhos vistos e que adoramos! Acho que a vida é mesmo assim. Foi preciso fazer este caminho para pela primeira vez poder dizer que gosto mesmo da minha barriga grande! E que, quanto maior estiver, mais maravilhosa será!

Estamos por isso no quarto mês de gravidez, felizes e radiantes, com uma menina a caminho, que a julgar pelo tamanho da barriga, sairá com certeza ao pai. Até agora gravidez absolutamente santa, espero que prenúncio de um bebé igualmente calmo e tudo a correr às mil maravilhas.

Não vamos transformar isto num baby blog - embora ninguém saiba bem o que isto é - mas porque os bons momentos só fazem sentido se forem partilhados, nada mais apropriado. Vai daqui uma Cisca feliz!

Caracol, caracol põe os corninhos ao sol!

Quando era pequena andava pelo quintal dos meus avós a cantar esta música aos caracóis, pobres desgraçados.

Por cá, não está tanto para caracol mas mais para sardão. Sit down and enjoy the sun foi claramente o mote do dia de ontem. Passeio demorado de bicicleta, almoço mais demorado ainda em Belém e resto do dia na esplanada do CCB. Sol vem a mim que morro de saudades! Por aqui se vê que países do Norte estão fora de questão. Nada faz melhor ao corpo e alma do que raios solares no lombo.

Já hoje, estamos sem sol e por isso feito bicho enjaulado dentro de quatro paredes. Só me falta rosnar, juro! Há um mundo de gente lá fora, quase não vejo pessoas cá dentro e esta janela ao meu lado só me mostra que podia estar aí a ser feliz em qualquer lado.

A parte a dar para o simpático é que cumpriremos hoje o horário de trabalho e não tarda muito estamos rumo ao ninho, desta vez a bordo de air. B.

Boa sexta-feira!