É TÃO ISTO!

A minha ovação de pé para a Miúdos feitos de liberdade, que escreveu este texto brilhante. Muito a muito obrigada por traduzir tão bem esta realidade!



"Com o início do 3º período, surgem os conselhos do Ministério da Educação aos pais para a escola em casa. Eu acrescentei uns quantos mais abaixo. Mas o que eu gosto mesmo é do ponto 20., confesso

1. Garanta que o horário que a escola estabelece é cumprido,
2. Pergunte todos os dias o que foi feito,
3. Verifique se todos os trabalhos propostos foram realizados,
4. Ajude a identificar as dúvidas para colocar aos professores,
5. Mantenha contacto com os professores e com os diretores de turma,
6. Lembre-se que os alunos não estão de férias,
7. Aproveite os tempos livres entre as aulas para que haja muita leitura,
8. Aproveitem para visitar museus e exposições virtuais,
9. Pratiquem atividade física em casa,
10. Quando não conseguir ajudar, peça ajuda.

Gosto de tudo, mas acrescentaria:
11. Faça pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar todos os dias,
12. Arrume a cozinha 2 vezes por dia. Limpe o pó, ponha roupa a lavar, estenda a roupa, apanhe-a, dobre-a e passe-a a ferro. Lave as casas de banho. Aspire e passe o chão com a esfregona. Faça as camas diariamente e troque os lençóis uma vez por semana. Ou mais, se alguma das crianças fizer xixi na cama,
13. Dê banho às crianças e, se possível, tome banho também,
14. Seja eficiente no trabalho remoto. Seja produtivo e criativo. Responda a emails atempadamente, pense estrategicamente, faça muitas reuniões em videochamada. Não se distraia com birras, dúvidas escolares ou pedidos para limpar o rabo,
15. Planeie as refeições semanalmente. Faça compras de supermercado e certifique-se de que nunca falta comida em casa. Faça o seu próprio pão,
16. Dedique tempo a si e ao seu parceiro para que a vossa relação continue saudável,
17. Dedique tempo às crianças. Brinque, faça atividades criativas, ouça-as e permita que falem sobre os seus sentimentos. Afinal, estamos a passar por uma pandemia e ninguém consegue ficar indiferente ao isolamento e à ansiedade que vivemos.
18. Telefone aos seus pais, irmãos, tios, primos e amigos com frequência para atenuar a saudade. Verifique se estão bem emocionalmente e ofereça-se para ajudar,
19. Faça passeios higiénicos de 15 minutos. Com o cão ou com os miúdos,
20. Por fim, arranje forma de os dias terem, pelo menos, 48h. Se não conseguir... rasgue esta lista e faça o que puder para manter a sanidade mental da família. Sem culpas. Sem regras."

Um dia (quase) normal

O sábado há-se ser o nosso dia preferido da semana. Não ter horário de manhã é uma bênção, em especial nos dias que correm (vou partilhar um texto que ilustra isto de forma perfeita). Há mimo e ronha e preguiça e é tudo calmo e tranquilo. Sábado passado não foi excepção. Mas depois deste momento dolce far niente, pegamos em nós e fomos de uma casa para outra casa (ainda assim, a loucura) e pelo meio conseguimos ir respirar o mar. Quinze minutos de vitamina D e Sea mas o bastante para carregar todas as baterias. Almoçamos em nossa casa, brincamos com os brinquedos que já não víamos há algum tempo, a I. fez a sesta, vimos um clássico da Disney, lanchamos e voltamos a casa. Mudar de ares por um bocadinho fez maravilhas. As miúdas estavam super felizes e foi uma coisa tão simples.

Depois de chegarmos, os meus pais passaram "ao portão" para nos deixar uns mimos, mas entraram cinco minutinhos no pátio e parecia (quase) um dia normal. Fora os beijos, abraços e com distância social à mistura. Mas ainda assim, vamos ser gratos pelas pequenas coisas. Fechar o dia com esperança no futuro. E é isso.




Cisca também fala de fermento

De repente todos os supermercados, mini mercados, mercearias e outros estabelecimentos ficaram sem fermento. Fresco, seco, assim-assim: foi-se tudo! É mais ou menos o ataque ao papel higiénico, versão fermento. E porquê? Tudo por causa da pãodemia, esse bicho que encarnou em toda a gente e que compele as pessoas a produzir pão caseiro.

E como é que eu sei isto?
Eu própria estou vítima de pãodemia. Porque a pessoa não vai às compras todos os dias (na verdade, nem todas as semanas), há bens frescos que não se conseguem aguentar tanto tempo, sendo a solução produzi-los. Claro que é possível congelar pão, mas nada chega a um pãozinho quente acabado de fazer, fofo e estaladiço e delicioso! Então se for feito às sete da manhã para comermos ao pequeno-almoço..! Maravilhoso!

Posto isto, esta quarentena já fiz várias vezes pão bijou normal (as carcaças) e pão saloio, que fica um pão grande de cortar à fatia - os dois muito bons.
Mas a grande revelação foi o lanchinho de hoje: fizemos trança e ficou divinal! Uma grande surpresa! Se tiverem uma avó Bimby, peçam-lhe a receita!



O difícil é querer..

... Querer

O cesto da roupa suja vazio
A loiça sempre lavada
A roupa sempre passada
E arrumada nos sítios
As refeições prontas a horas
(Carne ao almoço e peixe ao jantar)
(Arroz, batatas ou massa e legumes)
A sopa fresca
Pequenos-almoços dados
Lanches feitos
Pão do dia
As camas feitas
A casa arrumada
O chão aspirado
O pó limpo
As casas de banho a brilhar.

Querer também

A mais velha na escola on-line
A mais pequena acompanhada
As actividades feitas
Os trabalhos completos
As crianças estimuladas
As brincadeiras com os pais
Banhos tomados
Unhas cortadas
Cabelos lavados
Televisão só uma hora por dia
Consola quarenta e cinco minutos
Tablet não mais que meia hora
Telemóvel nem pensar
Doces só uma vez por semana
Fazer exercício
E ler-lhes livros
E ir pesando porque..


E querer ainda

O trabalho sempre feito
Os prazos todos cumpridos
As tarefas sempre executadas
A presença em todas as reuniões
Os relatórios sempre feitos
O excel preenchido
Acompanhar todas as leis
Madrugar para o conseguir

E manter a sanidade
E ter a família equilibrada
E sentir sempre culpa
E... querer tudo ao mesmo tudo, nas mesmas vinte e quatro horas, quando só se tem dois braços e uma cabeça.

O problema é só este: querer.
(ainda bem que já é sexta-feira)

Rituals

A Rituals é uma marca de que gosto imenso mas nunca tinha experimentado a loja online. Aqui há uns dias, para uns miminhos de Páscoa, fui vê-la pela primeira vez e ganharam uma fã. Encomendei vários produtos e por ter excedido um determinado valor, creio que trinta euros, ofereceram um ritual of Sleep.

E o que é um ritual of sleep?


Esta coisa divinal, em três passos.
A pessoa "puff" com vaporizador na almofada; a pessoa "massaja" com creme / gel e a pessoa ilumina com vela. Detalhe adicional: medita dez minutos.
Tenho tentado que seja mesmo um ritual real todas as noites (nem sempre consigo, claro), mas sinto mesmo que ajuda bastante. Em especial se colocar em prática o "detalhe" e conseguir meditar - tenho usado uma app muito boa, com milhares de sessões orientadas. É uma pausa de dez minutos, o fechar do dia e acho mesmo muito positivo nesta altura (ou em todas, vá). Dizer só que nunca até aqui tinha feito meditação, por isso sou uma iniciante, muito iniciante, com imensas dúvidas e dificuldades mas estou a fazer o caminho. Tudo o que ajude nesta fase, vem por bem e é bem-vindo. Este mimo, foi maravilhoso. Obrigada!

MA-RA-VI-LHO-SO

Acho que já aqui falei de uma tradição de Páscoa que o meu irmão criou, enquanto padrinho da minha filha mais velha: todos os anos ele lhe envia um livro, com uma nota escrita por ele sobre o motivo da escolha. E as escolhas ao longos das últimas seis Páscoa têm sido sempre maravilhosas. Este ano não foi excepção.

Este ano, na quinta-feira "santa", chegou-nos cá a casa uma pérola:



A história é super simples mas tão engraçada que nos rimos sempre. E como não tem muito texto, a C. já o decorou e faz teatros em que é o pombo e o pai ou eu, o senhor do autocarro. Tem muita piada! Uma história que não é só para ler, mas para interpretar e recriar. Excelente escolha, deixo a sugestão.


Aproveito para deixar outras sugestões, dos anos anteriores (conforme faixa etária aproximada):

6 meses



1 ano e meio



2 anos


3 anos



4 anos



5 anos






Não sei que dia é hoje

Chegava a esta altura e eu era a pessoa que dizia "não ligo nada à Páscoa". É triste e roxo.

Mas depois...

Faz sol no quintal da minha avó e somos imensos. Há primos e tios em todos os lados, uns estão a ver o Harry Potter pela décima quinta vez, outros estão na conversa na relva. As meninas estão todas no baloiço enorme de ferro branco, onde eu já me magoei quando era bebé e onde anos mais tarde o meu afilhado se magoou também mas que nos continua a juntar a todos. Somos muitas e giras e tantas que não cabemos todas. Há colo das mais pequenas e eu fico apertadinha no meio. A seguir ainda se vão juntar as tias e de todos, metade somos mulheres. As fotografias ficam para sempre. Há amêndoas e chocolates e ovos e coelhos. E prendas para os afilhados mas somos todos padrinhos e afilhados entre nós por isso toda a família recebe alguma coisa. Está sempre calor e ficamos o dia todo no jardim. Almoçamos tarde e paramos o almoço a meio para receber a cruz. Somos os primeiros da rua. Há sempre cabrito e é o melhor de todos. Assa-o à minha mãe desde a sete da manhã e é tão bom que o comemos até às três da tarde. Há pão-de-ló e o meu avô perguntava sempre à minha mãe quanto queria para o comer todo. Nunca comeu. Há queijo limiano de casca cor-de-rosa debaixo de uma rede de ponto de cruz que sabe a casa da avó. E toda a gente leva doces. Come-se o dia todo. Sentamo-nos na escadaria da pedra e quem vê da rua vê-nos imensos, a rir. Vamos à cave buscar as minhas barbies e polly pockets, que têm mais de vinte anos e as minhas filhas brincam com elas. Lembro-me de as ter guardado para isto. Para as Páscoas e Natais, para as festas e encontros. Guardei-as para elas, ainda não sabia que as ia ter. E a minha avó a perguntar para que as queria guardar. Quando fica frio, subimos. Abrimos as portas que dividem as salas a meio e a mesa ocupa as duas. Já fomos mais. Mas continuamos a ser nós.
A Páscoa é a única festa de família que ainda acontece em casa da minha avó. Espalhamos as outras desde que o meu avô deixou de as passar connosco. Continua a doer entrar naquela casa e ele não estar sentado na sala, tão feliz por nos ver, a contar-nos a todos para ver que não falta nenhum. Mas foi de propósito que a mantivemos ali. É a única. Já tem havido anos em que a Páscoa é o único dia do ano em que nos encontramos todos em casa da avó.
Por isso eu posso ter sido a pessoa que tem dito que "não liga à Páscoa" mas a Páscoa liga-me a mim. Liga-nos a todos, uns aos outros. Hoje só estaremos juntos por vídeo chamada e a Páscoa não é bem Páscoa. Para ser sincera, não sei bem que diga é hoje.

Há coisas que não se ensinam!

A minha filha I. imita em tudo o que pode (e mesmo o que não pode) a irmã. É "copiação" total todo o dia. Agora chegou ao detalhe de querer uma história antes de ir dormir, o que eu acho absolutamente maravilhoso porque é daquelas coisas (que aconteceu com as duas) que nós não forçamos minimamente mas que aconteceu naturalmente. Um dia a C. começou a pedir uma história na cama antes de ir dormir e agora faz tanto parte da rotina como lavar os dentes. I. igual, um dia começou a pedir história e agora lemos todos os dias depois de vestir o pijama e antes de a deitarmos. Lá no fundo tenho esperança que isto seja o princípio de uma longa vida a adorar livros e a ler todos os dias. Eu própria re-descobri o amor à leitura e tenho lido imenso (para os meus hábitos, claro). Por isso espero que as minhas filhas possam seguir estas pegadas (que eu própria acho que sigo do meu pai que é um devorador de livros). Engraçado é mesmo pensar que já uma vez me perguntaram como se fazia para criar o hábito da leitura às crianças e no nosso caso, nós nunca sugerimos se quer ler na cama, mas elas espontaneamente (a I. por ver), pedem - porque de facto há coisa que não se ensinam.

Nos últimos dias temos lido em especial,




03 2020

Fiz 33 anos e o meu marido e filhas fizeram-me uma surpresa: fomos passar o fim-de-semana ao Luso, com direito a piscina só para nós, muito mimo e imenso descanso. Passeamos imenso, aproveitamos muito e no domingo quando regressávamos a casa, o homem desviou para outro caminho e acabamos a jantar em casa dos meus pais, com a família toda - uma coisa que estava totalmente longe da minha imaginação. Foi dia 1 e foi o primeiro, mas o último dia do mês em que a nossa vida era como a conhecíamos. No dia seguinte foi detectado o primeiro caso de Covid-19 em Portugal e uns dias depois estávamos confinados a casa, em isolamento social, longe de tudo e todos, em pleno estado de emergência. Entre uma coisa e outra, demos um salto a Tróia - o último reduto da liberdade, para um fim-de-semana em modo sopas e descanso: P. a trabalhar num evento da empresa e eu a ler dois livros e meio em 48 horas. Chegamos domingo à noite, fomos buscar as miúdas, a C. foi à escola três dias nessa semana e depois disso não voltamos a sair. Tive algum receio da viagem mas agora que passaram mais de catorze dias, ainda bem que fomos. É sempre maravilhoso voltar aos sítios onde fomos felizes.
Entramos em quarentena no dia 11 de Março. Depois disso os dias foram todos bastante semelhantes (mas distinguimos semana de fim-de-semana!), ainda que com coisas boas. A escola da C. entrou em modo online a partir de segunda-feira e tem sido excepcional em tudo. As aulas de música da I. também. Uns amigos contaram-nos na primeira video call que fizemos que estão à espera do terceiro filhos e temo-nos encontrado todos em Zoom para "beber um copo" de vez em quando. Uma amiga tem-me surpreendido a cada dia, em especial quando troquei com ela pastilhas da máquina por legumes e me deixou à porta um cabaz sem tamanho que me pôs lágrimas nos olhos. Apesar das distâncias, as pessoas aproximaram-se e vejo amor em todo o lado. Escolho não pensar nas coisas menos boas, como ter saudades imensas dos meus pais e saber que as minhas filhas estão igual. Hoje escolhemos só o lado bom e por isso Março foi, apesar de tudo, um mês de amor, de família, de proximidade aos nossos. E tudo vai melhorar.

A Gorda

Este livro foi mais uma recomendação que decidi seguir e chamou-me a atenção, obviamente, pelo título. Vi logo semelhanças com a realidade. 
"A Gorda" narra a história da Maria Luísa, que entre outras coisas várias, tinha excesso de peso. Acompanha a infância, adolescência e idade adulta, mas sem seguir uma linha cronológica. Vai saltando, ao ritmo das divisões da casa, memórias, episódios, histórias dos pais.
Não é um livro que tenha achado brilhante, mas despertou algumas memórias dos tempos em que eu era igual. Quando te chamavam nomes terríveis, quando tinham vergonha de ti, quando ser gorda se sobrepunha a qualquer outra característica ou traço de personalidade, como se a pessoa só por ter peso a mais, anulasse todas as outras coisas que é e tem. Ainda assim, ou a pessoa não ficou altamente traumatizada com o que passou ou não foi fielmente retratado; na verdade, pareceu-me que na vida dela ser "gorda" era só um detalhe, mas que não despedaçou parte da sua vida, como ás vezes acho que me aconteceu a mim (pese embora esteja ultrapassado actualmente). Na verdade ela conclui dizendo que ama o seu corpo, a provar que somos muito mais do que aparentamos. Fica a lição.


O sabor da quarentena

Não estou a fazer de propósito para que todos os posts incluam a palavra "quarentena"; são circunstâncias do momento em que estamos (ainda que a maior parte do tempo - basta não ver notícias - nem me lembre disso).

Contudo, não posso negar que passamos todas as horas do dia em casa e que isso é sinónimo (de resto como acontece muito ao fim-de-semana) de fazer coisas que não devia. Nos últimos tempos descobri uma pequena maravilha e é com um misto de vergonha e alegria, que informo que coloquei há minutos o terceiro exemplar que por esta casa passou nas últimas duas a três semanas.



Qual é a parte boa? Não do salame de chocolate em si, que todo ele é divinal; mas a parte boa é que é uma receita rápida, fácil e em conta para esta altura. Quando digo "em conta", quero dizer que não gasta muitos ingredientes nem grandes quantidades, o que é óptimo nesta fase em que temos de racionar a comida. Bolos com seis ovos e 250 gr. de açúcar e farinha, neste momento, nem pensar!. Assim sendo este amiguinho é um querido porque leva apenas 3 gemas (permitindo até, quem sabe, usar as claras para suspiros), 130 gr. de chocolate, 100 gr. de manteiga (um bocadito aqui, vá, mas não há receitas perfeitas) e 40 gr. de açúcar (um mimo!). E demora no máximo dos máximos dez minutos a fazer. Vou repetir: desde que estamos em casa em isolamento (há exactamente 23 dias!), já fizemos três! Três! Duram em média quatro dias e é porque poupamos. Por minha vontade duraria uma tarde.

A outra parte boa nesta história como um todo, é que esta semana me pesei e emagreci dois kg. Portanto, estou a fazer a dieta do salame e resulta! Super aconselho e fica de sugestão de fim-de-semana, que assim como assim também não temos para onde ir, mais vale cozinhar.. e comer!