Dia 11 - 13.04.2012


Vamos começar por dizer que não perdi uma grama e que a situação está a deixar de ser engraçada. Já fiz várias dietas ao longo da vida e por esta altura já seria suposto ter perdido qualquer coisinha. Mas nada. E quando digo nada, quer dizer que nem 100 gr. Não percebo e chateia-me. A única explicação é o ginásio aumentar o peso mas ainda não estou na fase em que a gordura vira músculo e pesa mais. Todos sabemos os meus deslizes alimentares mas a última semana tinha de ter levado a uma pequena perda.
Reparem: das oito refeições desta semana (almoço e jantar de segunda a quinta-feira) só por duas vezes comi comida e numa foi peixe assado (sem batatas!) e noutra estufado. Em todas as outras, sopa, salada ou pão com queijo fresco e tomate. E nem falem dos pequenos-almoços (sempre fruta, cereais integrais e café) ou dos lanches (fruta e iogurte sem gordura) porque me porto sempre bem. 
Estou há um mês com este plano e não há uma única melhoria. Mesmo com os desvios, era suposto um qualquer resultado positivo. Acho que vou culpar a balança, é isso; avariou.
Mesmo com a moral no fundo fui fazer a minha corridinha, seguida de abdominais, o que é de louvar porque hoje é sexta-feira e não é nada normal.
Enfim, pouca resmunguice e siga para bingo!

Dia 10 - 11.04.2012


Hoje fui finalmente falar com o instrutor, que era muito querido e me disse coisas simpáticas como "só tem de manter e ganhar força muscular" ou "está em forma" e outras pérolas. Percebe pouco da coisa mas é esforçado, foi o que pensei.
Enfim, na próxima semana vai dar-me o meu plano de treino, que ainda vou pensar se sigo ou não.. é que acho que não percebeu bem o objectivo. Disse-lhe que queria perder gordura, emagrecer, acabar com esta zona aqui (apontando tristemente para a barriga e zonas vizinhas) mas como me apresentou aquela conclusão de génio - "para a sua altura, esse peso está bem" - vou ponderar a situação. Reparem que me enchi de coragem para lhe contar a desgraça de quilos que carrego comigo, para que ele entendesse o grau de necessidade e ele vem-me com a altura. Não está certo. Se eu soubesse, estava era calada.
Adiante.
Contrariando a minha obstinação de correr uns 20 ou 30 minutos, alterou o plano apenas para 10, seguido de 3 séries com 15 repetições de duas máquinas à escolha e mais 10 minutos de cardio (elíptica ou bicicleta diz ele, sendo que eu fui nesta última e percorri 4 Km.). No fim ainda fiz uns abdominais e conclusões a reter para o próximo dia: ir mais cedo porque a duração aumentou para uns 45 minutos. Significa que idealmente deveria estar no ginásio o mais tardar às 08.00 h. em ponto (mas bem bem, às 07.45 h. - ui!); e levar 1,5 lt. de água que os 0,75 são uns meninos à beira da minha sede. Para já é tudo. Se calhar mais um mês e começo a ver resultados. Na alimentação, esta semana está a ser exemplar!
Um pequeno parêntesis: já tenho visto várias vezes no ginásio uma rapariga com absolutamente tudo no sítio certo e hoje verifiquei que tem um personal trainer (bem jeitoso também, por sinal). Pois que estamos bem arranjados se é necessário um desses para me pôr naquele bom estado..! Mas pensamentos positivos, não é verdade?

Até já


Amanhã siga para a despedida de solteira e estarei de regresso dentro de três dias!
Até já!

Coisas que não são minhas (5)


Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.


Clarice Lispector
Perto do coração selvagem

A little colour!


Não gosto de vernizes de cor nas minhas unhas, que andam sempre francesas para todo o lado que vão.
Mas este Paradise 558 faz-me pôr em suspenso esta regra, pelo menos durante o tempo em que a cor se aguentar. 
Starting now!


Dia 9 - 09.04.2012


E agora para algo completamente diferente: eram 20.00 h. e estava eu acabada de regressar do ginásio, com Oliver Koletzi como banda sonora.
O que se passou hoje?

Acordei às 07.50 h. habituais à semana mas com muito sono. Pior que sono, com tanta amêndoa, chocolate e bolo no estômago (viva a Páscoa!), que nem me conseguia levantar. Não era indisposição, mas embaraço com a minha barriga-bola, que nem coragem tive de ir correr. Uma vergonha..
Acabei por sair do ninho por volta das 08.00 h. e pouco, decidida a ir hoje ao ginásio, mas considerando a possibilidade de o fazer ao fim do dia, o que aconteceu. Contras: parque de estacionamento cheio, três mil quatrocentas e setenta e cinco pessoas no ginásio e passadeiras todas ocupadas, barulho (muito barulho!). Não me voltam a apanhar a esta hora, que nada tem a ver com a calma e o sossego das duas ou três pessoas da manhã.
Seja como for, fiz a minha corridinha (ainda não foi hoje que entrei em contacto com o instrutor) e regresso a casa em grande força, que esta confusão não é para mim.
Decidi ainda experimentar uma coisinha nova e tenho para mim que os amigos gémeos se vão ressentir amanhã. Veremos. Mas não sei bem o que se passou para achar que correr com a máquina em inclinação subida de montanha, fosse uma actividade interessante. Não é. Melhor ideia pareceram-me uns exercícios para reduzir barriguinha que se fazem em casa, só com o peso do corpo, que vi um dia destes. Temos de experimentar.

Apesar de a experiência de hoje não ter sido lá essas coisas, o caminho para o ginásio fez-se muito bem. Fim de tarde agradável, imensa gente a passear de bicicleta, a caminhar, a correr, miúdos a brincar no parque. Houve ali uns segundinhos que julguei terem chegado as férias... mas afinal estava só a alucinar.
Se tudo correr conforme desejado, temos corrida quarta e sexta. Mas nunca se sabe.. e as sextas são perigosas! Aguardemos. 

Coisas nossas


Que dias? - 08.04.2012



O dia 9 seria sexta-feira, mas não chegou a acontecer. Eram 11 e pouco e já estava no aeroporto, por isso lá se foi a corrida.
Quanto à pesagem, não quero dizer. Sinto-me desconfortável e pesada e tudo isso se reflectiu na balança. Segunda-feira falamos.

Lei de Murphy


Porque é que, tendo o ano 365 dias, quando aparece uma coisa gigante para fazer, aparecem logo meia dúzia que têm de ser feitas nesse mesmo dia?

Nenhum dia - 03.04.2012


Estou zangada desde o dia 7 e meio e por isso o oito (sexta) e o 9 (segunda) não chegaram a acontecer. Bem, na verdade não foi por isso. Aconteceu por estes lados uma preguiça muito grande, que se juntou a uma certa boa vida com Mr. P. que, fisicamente falando, redundou num tremendo falhanço.
Aumentando o castigo pela falta de exercício, vamos fazer a lista das coisas horríveis que comi, para que quando me pesar da próxima vez e constatar com mágoa e pesar que engordei e caminho a passos largos para a família dos hipopótamos, encontrar com mais facilidade a explicação.
Vamos lá então:

Quinta-feira: jantar com a J., o N. e o P. num restaurante italiano onde alegremente comi pizza (meia, vá), antecedida por um pseudo pão de alho e cubos de queijo, acompanhada de sangria. Sem sobremesa, pronto.

Sexta-feira: almoço de wok caseiro (noodles com frango e vegetais) e relativo sossego durante o dia (assim como ao pequeno-almoço: pão, leite e café); jantar num restaurante tibetano de comida vegetariana, onde comi um crepe de legumes de entrada, uma espécie de bife de cogumelos e para finalizar, crumble de maça com gelado, tudo acompanhado de um bom vinho. Com o café veio ainda um biscoito de chocolate e recheio de caramelo. Dois pontos para a lontra.

Sábado: Almoço tardio composto por hambúrguer grelhado com grande quantidade de hidratos chamados arros E batatas (!) e brownie de chocolate no fim. Água desta vez. Mas antes do almoço tinha comido um croquete. Ao fim do dia, um bombom e jantar num restaurante chinês, com muita comida do género e bebidas à discrição. Um parêntesis para dizer (bem, é mais para sublinhar o óbvio) que tinha uma bola em vez de um estômago, resultado de três dias de rambóia. 

O mais chocante é que o dia pior foi domingo: pequeno-almoço ligeiro já perto do meio dia. Almoço às 15.00 h. feito de empadinha e seus amigos hidratos e breve passagem pelo supermercado para levar para casa (e atentem): chocolates, bolachas, amendoins e pipocas, tendo sido o jantar composto por um bocadinho de tudo. 5 pontos para mim e vamos dispensar comentários.

Já que estamos com embalo,
Segunda-feira: almoço feito de frango de churrasco, lanche de iogurte e bolachas, jantar de carne com batatas gratinadas, puré de maça com gelado e bolo de aniversário (havia festa de anos).

Portanto, hoje e os próximos 100 anos são de desintoxicação! Comecei com uma maça, cereais integrais com leite e um café. E água, muita água para limpar a ressaca alimentar que por aqui de passa.

A este ritmo, confirmamos a presença da Popota in white no dia do casamento.

Desaparecimento de fim-de-semana motivado por dois dias de forte namoro com uns certos móveis de montar, que deram muito trabalho, mas estaremos de regresso já já a seguir.
Boa semana!

Dia 8 - 04.04.2012


Hoje seria em teoria o dia 10, mas percalços fizeram dele o oitavo. Talvez tenha sido esta troca de identidade que o tornou um mau dia de exercício.
Cumpri horários, acordei às 07.49 h. e ainda não eram 08.15 h. e já estava no ginásio. O que aconteceu depois é que foi muito péssimo.
Pensando ter encarnado o Forest Gump durante o sono, decidi trocar os 20 minutos de corrida a 9 Km/h. por 15 minutos a 12. Má ideia! Quando comecei a correr por pouco não voei passadeira fora, já para não falar da dor de burro e dor de dentes (não é bem dor, mas mais pressão). Conclusão: reduzi fortemente a velocidade para caminhar uns bons três ou quatro minutos a 7 Km./h. Uma vergonha! A 5 minutos do fim do tempo comecei a correr a 10 Km./h. e assim foi até ao fim. Resumindo: corri uns 7 minutos e pronto. Vergonha, vergonha, vergonha! Alojou-se em mim uma lontra terrestre, particularmente balofa e preguiçosa. Tenham medo, tenham muito medo!

Coisas que não são minhas (4)





Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza

Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
E a outra metade um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
E a outra metade não sei

Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é a canção

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Oswaldo Montenegro
Metade

Dia 7 e meio - 29.03.2012


Caos total.
A pesagem foi ainda pior do que a semana passada, o que significa que engordei, embora seja, confesso, incompreensível. Há alturas em que não tenho qualquer restrição alimentar e quando me peso, o valor mantém-se. Mas se corto com todas as coisas que sei que tenho de cortar e se me dedico ao exercício, engordo. Então está bem...


Às tantas entrei na igreja. Por obrigação mais do que necessidade, que ainda não encontrei esse consolo. Mas vi-a. É engraçada a fé, a devoção.
Quando cheguei à capela estava metade cheia; ou talvez eu pudesse dizer que estava metade vazia, mas admirei-me com o grande número de pessoas que ali estava. Decidi voltar mais tarde.

Três horas depois encontrei quatro pessoas apenas, de todas as que lá estiveram, uma das quais regressava já da confissão. Das restantes, duas choravam como se a vida estivesse para acabar a qualquer momento. Talvez estivesse, não perguntei. Confesso que o sistema não funciona na perfeição já que em substituição do confessionário fechado de madeira, foi colocada na parte lateral do altar uma mesa com duas cadeiras, uma em frente à outra, de tal forma que não se pode evitar ouvir algumas das coisas que são ditas em confissão. Um deles não conseguia deixar em casa o vinho, fazendo-se acompanhar sempre (embora não naquele momento) de uma garrafa. A outra senhora, a que chorava mais, mantinha em segredo uma relação com um homem casado. Na verdade, pensei que ali estivesse por uma doença grave, um falecimento, uma grande crise (ainda que nenhuma destas conduza necessariamente a um pedido de perdão). Mas não. Era um caso extraconjugal. 
Em ambos os casos a "sanção" pelos "pecados" foram umas rezas encomendadas, em maior ou menor número consoante a perspectiva da gravidade.

Durante várias horas, o sacerdote que ali está ouve as confissões, os problemas, as angústias, os pecados cometidos ou imaginados de uma grande parte da cidade. Durante aquelas horas, assume o papel de amigo, psicólogo e juiz. Ouve e perdoa, sanciona e alivia. E por momentos as pessoas podem respirar fundo e regressar às vidas que deixaram ali à porta, com o problema resolvido, ou quase. Talvez aqui resida grande parte do fascínio que rodeia a fé: na capacidade de perdoar e seguir em frente, na sensação de alívio, na palavra amiga, na compreensão, mesmo no perdoar dos crimes para quem os comete sem que mais ninguém saiba. Não deve ser fácil esta missão de quem está encarregue de libertar a multidão dos pretensos pecados, mas sem dúvida que opera verdadeiros milagres, que hoje consegui ver. Vi o desespero daquelas pessoas, em choro desalmado, aparentado de morte ou tragédia, que se resolveu com umas palavras de calma e duas ou três orações. Especialmente fascinante, este lado da fé.

Dia 7 - 28.03.2012


Pequeno deslize na hora de acordar, que passou para as 08.24 h. em vez das 07.46 h., por força de um sono imenso que me assaltou pela manhã. Conclusão: ginásio só perto das 09.00 h. Outro dos problemas de ir tão tarde é que a cidade já está toda acordada. Há carros e pessoas e trânsito por todo o lado, perdendo-se o vazio e a calma das manhãzinhas. O caos citadino normalmente só acontece na volta do ginásio, o que me sabe particularmente bem. O parque por onde passo está já com muita gente, há imenso trânsito em sentido contrário ao meu e uma agitação maravilhosa. Que não sei porquê aprecio mais na volta do que na ida.

Ainda assim, meia maça e café antes de ir, 0,75 cl. de água durante e no fim e 17 minutos de corrida, hoje com variações. Assim: primeiros 7 minutos em 9,2 Km/h., 5 minutos em 10,5 Km/h., 3 minutos de volta aos 9,2 (ou 9,5, já não sei bem) e os últimos 2 em 10,5 outra vez. Nos últimos 30 segundos julguei que morria! Mais uns abdominais dos que doem barriga, costas, pernas e alma e de volta à vida normal, trabalhar que é muito bom.

Pondero no entanto uma conversa com o instrutor na próxima ida. Talvez consiga optimizar os resultados com exercícios mais vocacionados para as minhas necessidades. Principalmente agora que estamos quase em cima do acontecimento. É que embora eu sinta que me esforço cada vez mais em cada corrida, a verdade é que fisicamente não vejo melhorias. A maldita da barriga continua numa moleza deprimente e a banha-bóia não há maneira de ir nadar para outra praia. Quantos aos quilos, bem, amanhã é dia de balança e vamos ver como corre. Não sei se já disse que o objectivo número um é descer três quilos (verdade verdadinha era perder cinco, mas one thing at a time). E também não sei se já disse que na compra do vestido tinha quatro quilos a menos e por isso tenha medo, tenha muito medo, da próxima prova! Conclusão: temos aproximadamente um mês para matar três quilos, tarefa que neste momento me parece francamente impossível. Mas que raio! Não andam aí beldades esculturais, magras que só elas? Bem as vejo no ginásio. Como é que elas conseguem?; melhor: quanto tempo é que elas demoram? O arqui-inimigo de quem quer emagrecer é mesmo o tempo. Desta vez não tenho um ano para perder 10 quilos, mas um mês para mandar passear três. Mas não estou sentada à espera, não senhora. O meu bom apetite tem-se portado como um bebé muito fofo e a alimentação é saudável. Para além disso, temos a saga do ginásio, com três corridas por semana (deveria aumentar para cinco? - mais uma questão para o instrutor) e o fim total dos doces amigos, dos chocolates queridos, dos bolos maravilhosos, das bolachas lindas de morrer, and so on. Bem, havemos de chegar lá, certo? 

Coisas que não são minhas (3)


"No fundo, bem lá no fundo do corpo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
Mas todos sabem que ela existe.
E não só sabem que existe,
Como também sabem o que lá tem dentro.

Dentro da alma,
Lá bem no centro,
Pousado numa pata
Está um pássaro.
E o nome do pássaro, é pássaro da alma.
E ele sente tudo o que nós sentimos:

Quando alguém nos magoa, o pássaro da alma agita-se para lá e para cá 
Em todos os sentidos dentro do nosso corpo, sofre muito.

Quando alguém nos ama,
O pássaro da alma dá pulinhos
De contente,
Para trás e para a frente,
Vai e vem.

Quando alguém nos chama,
O pássaro da alma põe-se logo à escuta da voz,
A fim de reconhecer que tipo de apelo é.

Quando alguém se zanga connosco,
O pássaro da alma recolhe-se dentro de si
Tristonho e silencioso. 

Quando alguém nos abraça, o pássaro da alma
Que mora no fundo, bem lá no fundo do nosso corpo,
Começa a crescer a crescer,
Até encher quase todo o espaço dentro de nós,
Tão bom é para ele o abraço.

Dentro do corpo, no fundo, bem lá no fundo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
Mas todos sabem que ela existe.
E ainda nunca,
Nunca veio ao mundo alguém
Que não tivesse alma.
Porque a alma entra dentro de nós no momento em que nascemos
E não nos larga
- Nem uma só vez - 
Até ao fim da nossa vida.
(...)

Decerto querem também saber de que é feito o pássaro da alma.
Ah, isso é mesmo muito fácil:
É feito de gavetas e mais gavetas.
Mas não podemos abrir as gavetas de qualquer maneira,
Pois cada uma delas tem uma chave para ela só!
E o pássaro da alma
É o único capaz de abrir as gavetas dele.
(...)

E como tudo o que sentimos tem uma gaveta,
O pássaro da alma tem imensas gavetas.
A gaveta da alegria e a gaveta da tristeza.
A gaveta da inveja e a gaveta da esperança.
A gaveta da desilusão e a gaveta do desespero.
A gaveta da paciência e a gaveta do desassossego. 
E mais a gaveta do ódio, a gaveta da cólera e a gaveta do mimo.
E a gaveta da preguiça e a gaveta do vazio.
E a gaveta dos segredos mais escondidos,
Uma gaveta que quase nunca abrimos.
(...)

Às vezes uma pessoa pode escolher e indicar ao pássaro
As chaves a rodar e as gavetas a abrir.
E outras vezes é o pássaro quem decide.
Por exemplo: a pessoa quer estar calada e diz ao pássaro para abrir a gaveta do silêncio. 
Mas ele, por auto-recriação, abre-lhe a gaveta da fala, 
E ela desata a falar, a falar sem querer.
(...)

E acontece que a pessoa tenha ciúmes sem qualquer motivo.
E que estrague justamente quando mais quer ajudar.
Porque o pássaro da alma nem sempre é disciplinado
E às vezes dá-lhe trabalhos...
(...)

E quando o pássaro está de mau humor
abre gavetas que dão mal-estar.

E quando o pássaro está de bom humor
escolhe gavetas que fazem bem.

E o mais importante - é escutar logo o pássaro.
Pois acontece o pássaro da alma chamar por nós, e nós não o ouvirmos.
(...)

Há quem o ouça muitas vezes,
Há quem o ouça raras vezes,
E há quem o ouça

Uma única vez na vida.

Por isso vale a pena
Talvez tarde pela noite, quando o silêncio nos rodeia,
Escutar o pássaro da alma que mora dentro de nós,
No fundo, lá bem no fundo do corpo."

Michal Snunit
O  pássaro da alma

Resumo de terça-feira à noite - 27.03.2012



Pois que o senhor exercício e a madame corrida têm destas coisas: uma desgraçeira nas lojas! Ela é calças, calções, t-shirts, tops a fazer de soutien and so on. Nada abonatório da conta bancária, mas estamos contentinhos (e com menos € 30,00 - embora para tal tenha contribuído também um eye-liner e um batom, tendo ficado em lista de espera uma pré-base, que me acompanhará até casa um outro dia).
Enfim, o devaneio consumista ficou-se a dever às duas (pequenas, eu sei) semanas de ginásio e à repetição constante de roupa, que já não se aguenta. Para além de que funcionam como um (estranho, eu sei) incentivo à continuação do exercício. A próxima maluqueira são umas sapatilhas, vou já avisando! Mas para isso ainda vai ser preciso ocorrer uma grande zanga com as minhas baby Nike, companheiras de longos anos de ginástica e de pausas (talvez mais de pausas, pronto...).

Amanhã há corridinha novamente (ainda não com os novos outfits mas não faz mal) e no dia seguinte temos pesagem, já que o dia em que era suposto (sexta-feira) talvez não venha a acontecer (culpemos todos Mr. P. uma vez mais). Pode ser que com jeitinho se arranje uma corrida outdoor, mas tenho para mim que me cheira mais a pizza no chão da casa nova com montes de calorias. Uma tristeza, portanto, bem à fim-de-semana. 
De reparar no entanto que hoje ainda é terça-feira e já me está a dar para isto!

Devaneios de dias à noite (2)



O encontro correu mal.
Ele disse que eu só estava ali pelas minhas pernas e eu disse que ele era um cabrão. Mas pensei pior, juro que pensei.
Ter pernas neste meio é muito difícil. Principalmente em saltos altos. Antes de conseguir captar a atenção para o que dizemos, temos de a desviar de onde ela está: a minha cara é mais acima.
Talvez seja difícil acreditar que se possa ter a aparência e a inteligência, embora quanto à primeira, muitas vezes ser mulher é o suficiente, como se muitos homens não ficassem incrivelmente sensuais de fato…!
Bem, não este em particular, que do alto da sua barriga e pequeno bigode não tinha qualquer ponta de sensualidade.
Aceito bem que discordem do que eu digo. Frequentemente discordo de toda a gente e já várias vezes mudei de ideias ou vi a mesma realidade de uma outra perspectiva. Não posso é aceitar que o façam porque estou de saia.
Não gosto particularmente desta guerra de sexos e nem vejo num, especial superioridade em face do outro. É verdade que somos diferentes e é nas diferenças que nos distinguimos. Dentro deste meio temos no entanto de ser todos iguais.
Aprendi por isso a ignorar os olhares de que não gosto, os sorrisinhos perversos e as bocas mal-educadas.
Quando entro numa sala sou um homem, igual aos outros que ali estão. Não quero que me abram a porta, segurem as pastas ou apanhem a caneta que caiu, se não o fazem por alguém do mesmo sexo. Não aceito que me falem em romances, chocolates ou novelas. Para além de que ser mulher é muito mais do que isso. Posso ser tão dura como qualquer um deles e fui sempre assim desde o primeiro dia. Desta vez no entanto não foi possível.

Entrei no gabinete a bater portas e pensar palavrões. “Estou aqui pelas minhas pernas! Essa é boa!” Ali estava ele.
            - "Diz-me que sou esforçada."
            - "É claro que és esforçada! Que conversa é essa?"
“Se fechares a porta vamos ter um problema. As coisas complicam-se e esqueço-me onde estou, o que sou, que sou um homem.”
            "- O que é que aconteceu?"
“O caso está definitivamente perdido..."

Dia 6 - 26.03.2012


Correr 20 minutos em dolorosos 9 Km/h. (e os últimos 6 minutos em 9,5), embora sem possibilidade de conhecer o resumo final (quantos km., quantas calorias, que ritmo..) porque já na fase em que a máquina chama de recuperação, dei uma pancada na patilha de segurança (emergência? bem, no botão vermelho) e parou tudo automaticamente. Por isso em vez dos 3 ou 4 minutos de caminhada final, fiquei-me pelo minuto e meio. Mais um bocadinho de abdominais estranhos, que me fazem lembrar aquela ideia de "ajoelhou? então vai ter que rezar!", já que começam em modo joelhos e amanhã já ficamos a saber quantos músculos doem. Muitos, espero.

Entretanto celebrou-se na passada sexta-feira (o dia 5 deste curso de preparação física para o casamento) uma semana cheiinha de treinos, sem faltar um único dia. Infelizmente na primeira semana tivemos aquela falha, culpa de Mr. P., claro está, mas na segunda semana voltamos em grande força com três corridas matinais. Assim que se esgotar o plafond do ginásio, passamos a corrida para o parque.

Faltar, faltar, são umas roupinhas à maneira para animar o panorama de correr desalmadamente às 08.00 h. da manhã!

O quarto do Jack, outra vez

Eu sei que isto vai parecer estranho, mas estou constantemente a lembrar-me das combinações de palavras que o Jack fazia, em especial do "assustuoso." Não sei o que é que este livro tinha mas não me sai da cabeça a história, as personagens, o cenário, as perguntas. Já o terminei há uma série de dias mas as ideias andam aqui a pairar. Se calhar também estou assustuosa...

A Capital Europeia da Cultura e a crise


Por estes dias tem-se falado de Capital Europeia da Cultura. E eu não deixo de pensar que, em Dezembro, se vão contar quantas pessoas lá foram, quantas falaram, que eventos foram organizados, quantos estrangeiros lá estavam, qual a taxa de ocupação dos hotéis, quantas horas em directo, quantos metros de fio, qual a quantidade de luzes, holofotes, fogo de artificio, quantas fotografias se tiraram, quantas vezes se disse “Guimarães”, “capital” e “cultura” na mesma frase, entre outros. Porque nós somos mesmo assim. Dizem que a queda para a matemática é pouca, mas venham de lá os números, e quanto maiores, mais satisfeitos. Porque o português não perde um bom recorde, que se for do Guinness, tanto melhor.
De maneira que passo pelas ruas e vou pensando que um dia, lá para Dezembro, vão dizer ao mundo quantas pessoas ali passaram, quem era da cidade, quem era de fora, quem foi para ficar, quem nunca mais voltou; vai-se saber qual o número de visitantes, de carros, de apresentadores, de telejornais em directo. E tem graça saber quão grande somos, mesmo sendo pequeninos.

Com a crise é a mesma coisa. Não sei como ainda não se iniciou um movimento para saber quantas vezes por dia cada pessoa diz que está em crise, que já não suporta a crise, que nunca mais vamos ultrapassar a crise. Mais graça teria no entanto que todas as pessoas começassem antes a ver a crise com outros olhos, a mudar hábitos de vida, e ter mais força, a persistir mais.
Mas são assim as coisas ou o povo. É mais fácil ir desfiando a crise e contar recordes, do que olhar em frente com optimismo, determinação, força de vontade e garra. 
Em todo o caso e até que a frente cheque, “entretém-te, filho; havemos de pagar a puta da dívida*.”

* Remeto para 31 de Dezembro de 2011,
 com um pedido de desculpa aos mais sensíveis.

Resumo de fim de semana - 25.03.2012



Os últimos dois dias foram um falhanço total: muita saída à noite sexta e sábado (if you know what i mean...), grande quantidade de doces e salgados sábado, gelado e pão no domingo e uns extra que não posso contar.
É esta a minha estupidez: semanas regradas e fins-de-semana desgraçados no que resulta numa impossibilidade prática de atingir os meus objectivos.
Estou em contagem decrescente de 30 dias para a prova do vestido e não se augura um futuro muito brilhante. Tenho para mim que vou ficar como aquela senhora ali!
Já programei o despertador para as 07.46 h. para ir correr mais 20 ou 30 minutos e pelo menos até sexta-feira prometo comportar-me como uma pessoa decente. Há uma barreira de quilos que tem de ser ultrapassada, sob pena de rápida loucura. Vamos embora!

Que idade?


Não sou velha nem nova. Tenho a idade que tenho, que nem é muito avançada nem ainda de miúda. Mas toda a gente acha que sou menor de idade. Não é que eu fique zangada, ou ofendida, mas convenhamos, eu gosto de ser levada a sério quando estou a falar a sério. E isso não parece acontecer.

Exemplifiquemos:

Ex. 1
Encontro na rua a mãe de um antigo colega de escola do meu irmão, que seguramente não via há 10 anos.
Ela: Então e tu? Pois, tu ainda estás a estudar, não é?
Eu (respira fundo, conta até 10): Não, já estou a trabalhar há uns anos, desde que terminei o curso.
Ela (em tom dengoso!): Oh, que querida.. tão pequenina..!
(contar até 10, contar até 10)

Ex. 2
Manicure num salão novo que nunca tinha experimentado.
Ela: Então e é de cá?
Eu: não, não..
Ela: ah, está a estudar então?
Eu: não, eu já trabalho..
Ela (admirada): mas com essa idade?
Eu: mas que idade acha que eu tenho?
Ela: 17!
(respira, respira)

Ex. 3 (de ordem abrangente, este)
Sempre (sempre!) que é necessário indicar dados pessoais por algum motivo (inscrição em alguma actividade, registo em qualquer coisa), as pessoas optam por concluir "estuda, não é?". 

Não, eu não estudo. Já deixei de estudar há alguns anos, estou a trabalhar desde então, não sendo velha, não sou menor de idade e não gosto particularmente que me achem uma mini-gente, quando não o sou. E já nem estou a pensar em exemplos que aconteceram no trabalho... Dizem-me: "quando fores velha mais adorar que te achem nova". Talvez. Mas por agora dava-me mesmo jeito que me levassem a sério e me vissem como uma maxi-pessoa!

Dia 5 - 23.03.2012



Pesagem péssima.
Por alguma razão achei que conseguia sair do sítio onde estou mas não aconteceu por isso começamos a manhã em desânimo.
Mas houve ginásio, com 20 minutos a correr 9 Km/h., o que não foi muito mau, e uma tentativa frustrada de inovação nos abdominais. Há nova pesagem dia 8 e vamos ver...

Hoje descobri que...



Ando a atirar sementes para a serra de qualquer maneira!

Dia 4 - 21.03.2012



O dia 4 foi claramente o pior! Em compensação, cheguei ao ginásio ainda não eram 08.30 h. porque acordei antes das 08.00 h. Estive 24 minutos em cima da passadeira, embora só 19 a correr (menina feia!). Mas fiz 50 abdominais e agora vamos ver como estamos amanhã. Confesso no entanto o meu pecado: ontem comi uma kinder barrita e uma bolacha de chocolate também (Gor-da!) Dia 5 é dia de balança e vamos ver. Até lá, vou-me portar muito bem, juro!

Até quando ainda há tempo?



Há sete anos atrás (foi no dia 5 de Maio de 2005, eu sei) escrevi uma carta. Não foi uma carta de amor, mas de despedida. Estava formalmente a dizer-lhe adeus, embora a nossa despedida tivesse já acontecido anos antes. Escrevi doze páginas de carta, com histórias, com coisas nossas e a despedir-me. Mas nunca a entreguei.
Há dias voltei a encontrar essa carta, que guardo no meio de outra coisa qualquer. Mantém toda a sua actualidade, porque nunca nos chegamos a despedir, mas é tão antiga, tão de um tempo que passou há muito tempo, tão esquecida talvez. Sempre que me lembro, quero entregar-lhe ainda esta carta, quero que a leia, que perceba que me quis despedir. Que gostava de ti, mas não era amor. Achas que ainda a posso entregar? Será que algum dia a quiseste receber?
Ao longo dos anos fui-me lembrando de formas de a fazer chegar até ti. Havia o tradicional correio, o e-mail, a entrega em mão. Mas nunca encontrei forma, não soube realmente como e se o devia fazer. Principalmente, não tinha como saber se já te tinhas despedido de mim e o que seria reencontrar-me, mesmo que em carta. Fui adiando, é verdade. Fui adiando sempre e hoje vejo que, no lugar em que me pareceu passar algum pouco tempo, passaram já sete anos e agora é tarde de mais. Até quando ainda há tempo? Se me encontrasses, ainda querias saber o que tenho para dizer? Tenho a certeza que não. Por isso guardo esta carta mais sete anos ou até ao dia em que afinal ainda haja tempo para a ler.

Páscoa

No próximo ano espero estar por aqui,



Dia 3 - 19.03.2012



Confesso a minha primeira grande falha: o dia 3 não aconteceu quando era suposto e foi só hoje, que era o dia 4.
Significa que não me pesei e não fiz exercício naquele que era o terceiro dia do curso. Estou pois um dia atrasada. 
Hoje (naquele que seria o quarto dia mas acabou por ser o terceiro), levantei-me muito mais tarde do que queria (09.00 h!!) embora seja segunda-feira; só cheguei ao ginásio já perto das 10.00 h (!) e por isso a manhã atrasou-se toda.
Marquei na passadeira 19 minutos, os primeiros dois a passo e os restantes em corrida: 8,5 Km/h até faltaram cerca de 5 para o fim e 9 Km/h no restante. Abdominais nem os conto porque não aconteceram lá muito bem.
Entretanto descobri que a primeira hora do ginásio é melhor que a de hoje porque as meninas desocupadas que enchem os dias a tratar do corpo só por esta hora aparecem. Ao contrário da hora anterior, em que os presentes têm ar de quem trabalha a seguir e corpo de quem faz mesmo um esforço. Conclusão: não consigo lidar com as magras das 10.00 h. Fazem-me sentir gorda, o que em vez de me fazer correr a dobrar, na esperança de ficar como elas, lembra-me que nunca vou ser assim, por mais exercício que faça, por mais corridas que dê e por menos comida que coma. (Isto sou eu a ser má, não liguem...)

A propósito de comida, fim de semana péssimo para não variar. O P. tira-me do sério ao ser o melhor namorado do mundo: um café com um bolinho, um beijo com um chocolatinho e eu cada vez mais lontra! De maneira que sexta foi fatia de bolo (antecedido por telha de amêndoa com gelado e frutos do bosque, na quinta), chinês com gelado no sábado, bombons vários no domingo (em minha defesa, estávamos a experimentar eventuais lembranças para o casamento).. e um terror, está visto!

Hoje, meia maça e um café em pré-ginásio, cereais (agora fitness fruit) ao pequeno almoço, água, bife gralhado e esparguete cozido ao almoço. Logo à noite há jantarada e bem vemos o que vai acontecer... Falta um mês e uns dias para a prova do vestido e estamos perto de estrear o modelo Popota in White. A ver se nos entendemos, sim?

Angel of freedom

Acabo de trazer esta coisa fofa para casa!


Que comprei na Palladio arte objecto.

Coisas que não são minhas (2)



"And I want to play hide-and-seek and give you my clothes and tell you I like your shoes and sit on the steps while you take a bath and massage your neck and kiss your feet and hold your hand and go for a meal and not mind when you eat my food and meet you at Rudy’s and talk about the day and type your letters and carry your boxes and laugh at your paranoia and give you tapes you don’t listen to and watch great films and watch terrible films and complain about the radio and take pictures of you when you’re sleeping and get up to fetch you coffee and bagels and Danish and go to Florent and drink coffee at midnight and have you steal my cigarettes and never be able to find a match and tell you about the the programme I saw the night before and take you to the eye hospital and not laugh at your jokes and want you in the morning but let you sleep for a while and kiss your back and stroke your skin and tell you how much I love your hair your eyes your lips your neck your breasts your arse your

And sit on the steps smoking till your neighbour comes home and sit on the steps smoking till you come home and worry when you’re late and be amazed when you’re early and give you sunflowers and go to your party and dance till I’m black and be sorry when I’m wrong and happy when you forgive me and look at your photos and wish I’d known you forever and hear your voice in my ear and feel your skin on my skin and get scared when you’re angry and your eye has gone red and the other eye blue and your hair to the left and your face oriental and tell you you’re gorgeous and hug you when you’re anxious and hold you when you hurt and want you when I smell you and offend you when I touch you and whimper when I’m next to you and whimper when I’m not and dribble on your breast and smother you in the night and get cold when you take the blanket and hot when you don’t and melt when you smile and dissolve when you laugh and not understand why you think I’m rejecting you when I’m not rejecting you and wonder how you could think I’d ever reject you and wonder who you are but accept you anyway and tell you about the tree angel enchanted forest boy who flew across the ocean because he loved you and write poems for you and wonder why you don’t believe me and have a feeling so deep I can’t find words for it and want to buy you a kitten I’d get jealous of because it would get more attention than me and keep you in bed when you have to go and cry like a baby when you finally do and get rid of the roaches and buy you presents you don’t want and take them away again and ask you to marry me and you say no again but keep on asking because though you think I don’t mean it I do always have from the first time I asked you and wander the city thinking it’s empty without you and want want you want and think I’m losing myself but know I’m safe with you and tell you the worst of me and try to give you the best of me because you don’t deserve any less and answer your questions when I’d rather not and tell you the truth when I really don’t want to and try to be honest because I know you prefer it and think it’s all over but hang on in for just ten more minutes before you throw me out of your life and forget who I am and try to get closer to you because it’s a beautiful learning to know you and well worth the effort and speak German to you badly and Hebrew to you worse and make love with you at three in the morning and somehow somehow somehow communicate some of the overwhelming undying overpowering unconditional all-encompassing heart-enriching mind-expanding on-going never-ending love I have for you."

Sarah Kane
Crave

Que me soa incrivelmente melhor em português:


"E eu quero brincar às escondidas contigo e dar-te as minhas roupas e dizer que gosto dos teus sapatos e sentar-me nos degraus enquanto tu tomas banho e massajar-te o pescoço e beijar-te os pés e segurar na tua mão e ir comer uma refeição e não me importar se tu comes a minha comida e encontrar-me contigo no Rudy e falar sobre o dia e passar à máquina as tuas cartas e carregar as tuas caixas e rir da tua paranóia e dar-te cassetes que tu não ouves e ver filmes óptimos, ver filmes horríveis e queixar-me da rádio e tirar-te fotografias a dormir e levantar-me para te ir buscar café e brioches e folhados e ir ao Florent beber café à meia-noite e tu roubares-me os cigarros e a nunca conseguir achar sequer um fósforo e falar-te sobre o programa de televisão que vi na noite anterior e levar-te ao oftalmologista e não rir das tuas piadas e querer-te de manhã mas deixar-te dormir um bocado e beijar-te as costas e tocar na tua pele e dizer quanto gosto do teu cabelo dos teus olhos dos teus lábios do teu pescoço do teu peito do teu rabo do teu


E sentar-me nos degraus a fumar até o teu vizinho chegar a casa e se sentar nos degraus a fumar até tu chegares a casa e preocupar-me quando estás atrasada e ficar surpreendido quando chegas cedo e dar-te girassóis e ir à tua festa e dançar até ficar todo negro e pedir desculpa quando estou errado e ficar feliz quando me desculpas e olhar para as tuas fotografias e desejar ter-te conhecido desde sempre e ouvir a tua voz no meu ouvido e sentir a tua pele na minha pele e ficar assustado quando estás zangada e um dos teus olhos vermelho e outro azul e o teu cabelo para a esquerda e o teu rosto para oriente e dizer-te que és lindissíma e abraçar-te quando estás ansiosa e amparar-te quando estás magoada e querer-te quando te cheiro e ofender-te quando te toco e choramingar quando estou ao pé de ti e choramingar quando não estou e babar-me para o teu peito e cobrir-te à noite e ficar frio quando me tiras o cobertor e quente quando não o fazes e derreter-me quando sorris e desintegrar-me quando ris e não compreender por que é que pensas que eu te estou a deixar quando eu não te estou a deixar e pensar como é que tu podes achar que eu alguma vez te podia deixar e pensar em quem tu és mas aceitar-te na mesma e contar-te sobre o rapaz da floresta encantada de árvores anjo que voou por cima do oceano porque te amava e escrever-te poemas e pensar por que é que tu não acreditas em mim e ter um sentimento tão profundo que para ele não existem palavras e querer comprar-te um gatinho do qual teria ciúmes porque teria mais atenção que eu e atrasar-te na cama quando tens de ir e chorar como um bebé quando finalmente vais e ver-me livre das baratas e comprar-te prendas que tu não queres e levá-las de volta outra vez e pedir-te em casamento e tu dizeres não outra vez mas eu continuar a pedir-te porque embora tu penses que eu não estou a falar a sério eu estou mesmo a falar a sério desde a primeira vez que te pedi e vaguear pela cidade pensando que ela está vazia sem ti e querer aquilo que queres e achar que me estou a perder mas saber que estou seguro contigo e contar-te o pior que há em mim e tentar dar-te o meu melhor porque não mereces menos e responder às tuas perguntas quando não o devia fazer e dizer-te a verdade quando na verdade não o quero e tentar ser honesto porque sei que preferes assim e pensar que acabou tudo mas ficar agarrado a apenas mais dez minutos antes de me atirares para fora da tua vida e esquecer-me de quem sou e tentar chegar mais perto de ti porque é maravilhoso aprender a conhecer-te e vale bem o esforço e falar mau alemão contigo e pior ainda em hebreu e fazer amor contigo às três da manhã e de alguma maneira de alguma maneira de alguma maneira transmitir algum do / esmagador, imortal, irresistível, incondicional, abrangente, preenchedor, desafiante, contínuo e infindável amor que tenho por ti."

Dia 2 - 14.03.2012



Yeah me!
O despertador tocou às 07.54 h. (mas mais uns dias e passamos para as 07.38 h. na tentativa de iniciar o exercício antes das 08.00 h.).
18 minutos na passadeira, os dois primeiros em versão caminhada. E 16 minutos a correr, inicialmente a 8 km/h. A 5 minutos do fim, a 8,6 Km/h. e nos 2 últimos minutos, 9,1. Tenho noção que é muito pouco mas para mim foi uma pequena vitória não ter saído passadeira fora, em perigoso voo pelo ginásio. Juntei à corrida a água da praxe e uns abdominais, que precisam de ser organizados com urgência (talvez na próxima visita).

Para já temos o dia três depois de amanhã e pesagem também (ME-DO!).
Com sorte (e esforço, vá), chegamos rapidamente à meia hora de corrida e pouca preguiça. Psicologicamente, sinto que o dever está a ser cumprido. Fisicamente.. bem, vamos aguardar mais uns meses.

O quarto de Jack



Não é bem o livro número um, no sentido de que não foi o primeiro do ano, mas sim o livro do momento, mas não podia deixar de começar por aqui.
Comecei a ler na segunda-feira e estou absolutamente rendida. À escrita, ao género, à história e claro ao Jack. Pensei em tirar hoje o dia de férias para não fazer mais nada além de ler, ler e ler.. mas depois pensei e talvez não tenha sido das melhores ideias que já tive. Fico no entanto à espera daquele momento do dia em que tiro uns bocadinhos para a leitura e posso deliciar-me com esta história absolutamente fantástica que só espero tenha um happy ending dos bons (não sei, vamos ver...).

Das críticas que constam na capa do livro, só coisas boas: "raridade", "obra de arte", "soberbo", "espantoso", entre outros. Até agora, subscrevo na íntegra e recomendo.
Sem dúvida, e até agora, o "meu" melhor livro de 2012.