Disse-lhe que era mais ou menos como aquelas máquinas de bolinhas em que pomos uma moeda e não sabemos bem o que nos vai sair


Andamos há alguns meses a “preparar” a C. (se é que há preparação possível) para o nascimento da irmã. Vamos dizendo várias coisas para ela se habituar ao conceito e não ser uma surpresa em absoluto. É com isto em mente que lhe temos dito que a irmã:

- Vem depois do Natal;
- Vai ser muito pequenina;
- Não vai saber falar nem andar (mas vai aprender);
- Não vai comer comida da nossa;
- Vai beber leitinho;
- Usar fralda;
- Chorar um bocadinho.

E que em todo o processo vamos precisar da ajuda da C. para o banho, dar a chupeta, embalar o berço e que vai ser ela a ensinar-lhe todas as coisas, falar, andar, onde estão os brinquedos, etc., etc.

Sentimos bastante entusiasmo em relação à irmã e diz às pessoas com algum orgulho, parece, que vai ter uma irmãzinha “uns minutinhos a seguir ao Natal” e que ela vai ser muito pequenina – aqui mostra o polegar e o indicador separados por dois ou três centímetros para ilustrar o tamanho. Tudo pode ser diferente quando ela nascer mas para já estamos a progredir bem.

Aqui há dias perguntou no entanto se a irmã quando nascer vai ter cabelo. Eu disse-lhe que não sabia, só quando a víssemos, e perante o ar confuso dela (como assim, não sabes isso?) a explicação que me ocorreu foi:

- É mais ou menos como as máquinas de bolinhas que tu gostas em que pomos uma moeda e não sabemos bem, bem o que vai sair de lá.

Estou bastante orgulhosa da minha explicação, confesso. Acho que um bebé é muito parecido com isto. Não sei bem se terá cabelo, se se vai portar bem, chorar muito, dormir pouco. Mais ou menos como os brinquedos das bolinhas, em que às vezes sai um mesmo especial. Também podia ter ido pela explicação ovo kinder mas ela ainda não come chocolates.


Se acho que ajudou a que tivesse percebido o conceito? Nem por isso. Mas acho que foi uma imagem querida. Depois disso pediu para ir com a mãe e o pai ao hospital ver o médico tirar a mana da barriga da mãe e perguntou se ia doer. O meu bebé.

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