Profissão mãe

Todos os dias sem excepção, desejo que a minha profissão seja apenas mãe. Sem computadores e livros e reportes e controlos. Sem pressão que a não a da maternidade; sem compromisso que não o de educar, formar, construir, fazer crescer; sem obrigação que não o gosto.

Todos os dias sem excepção, preferia ficar com a minha filha do que fazer outra coisa qualquer; do que ter de pegar no carro e ir para a empresa, para estar horas a olhar para algo que me frustra, zanga, às vezes desespera; para chegar a casa muitas vezes frustrada, irritada, desesperada, tantas vezes sem paciência.

Todos os dias sem excepção, quem me dera poder ser apenas mãe de profissão, convicção e carreira, quando ser mãe é tanto mas tão mal reconhecido.

Quem me dera não ter de trabalhar noutra coisa.
Quem me dera não precisar.

Quem me dera que reconhecessem (o Estado reconhecesse) a maternidade como opção de vida, para quem por isso quisesse optar. Quem me dera que fosse importante, como uma profissão, mesmo como as que não importam são.

Quem me dera poder escolher. Porque a maior prisão, é não ter escolha.

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