Apesar de silêncio, a semana vai andando. Quanto ao exercício, fui ontem à terceira aula, esperando não ficar ainda por aqui. A alimentação, embora já tenha visto melhores dias, desorientou-se um bocadito ali para os lados dos cookies, mas sexta-feira já ficamos a saber se foi um acidente grave ou um pequeno choque.
Quanto ao resto, nada de novo, mas não vamos falar sobre isso.

Falemos antes da coisa curiosa que aconteceu ontem à noite.
Sempre vivi na mesma cidade, até ao dia em que fui para a faculdade, altura em que passei a viver noutra, durante cinco anos. Quer num sítio, quer noutro, fiz amigos, naturalmente. Também o P. viveu na mesma cidade, até ter ido para a faculdade, onde esteve alguns anos, antes de mudar para outra, onde esteve outros tantos. Em resumo, quatro cidades diferentes, onde vivemos vários anos, onde fizemos amigos, onde conhecemos pessoas de todo o lado. Ontem à noite fomos tomar café. Éramos cinco. Vimos de sítios diferentes, estudamos longe uns dos outros e agora estamos todos cá. Nunca pensamos chegar o dia em que estivéssemos todos em Lisboa. Os nossos amigos, os que estudaram connosco, pessoas do Norte, do Centro, do Sul, vieram todos cá ter. Outros ainda vêm, até ao fim do ano. E não tarda muito, chegarão mais e assim são as coisas, uma concentração populacional que não se entende. Isto é particularmente estranho porque precisamente ontem chegou o último bastião do Porto. Nortenho à força toda, da Ribeira e do Bulhão, com imensas raízes na Invicta e que sempre soube seria o último a abandonar. A verdade é que chegou ontem e veio para ficar. Somos mais um agora. Somos muitos e dos bons. Mas não somos de cá, não pertencemos a esta cidade, que é tão diferente dos nossos sítios. Não vemos a tal da Luz. Achamos que voltamos ao ninho. Voltaremos, sim. Diz-se disto o síndrome do emigrante, que o sentimos quase todos e agora com mais força, porque chegou um novo membro que, mais do que os demais, não é de todo de Lisboa. Habituamo-nos a tudo mas as raízes... essas são a coisa mais forte que temos.


2 Coisas dos outros

  1. Gosto de te ler...mas as raízes são o que nos identifica, nos distingue e não há como negar, e acho que nunca o farás. É difícil mudar e todos nós temos que passar por esse tipo de coisa alguma vez na vida, mas esta mudança tem haver com a necessidade de adaptar-se ao novo e nunca com deixar de ser quem somos. Adorei a forma como colocaste as coisas, vai falando que tudo volta ao normal na tua rotina. Beijo grande, em breve estou de volta!

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