"Sedentarismo andarilho"

Uma das coisas que mais gosto no Público é a crónica "Ainda ontem", escrita por Miguel Esteves Cardoso. Nos momentos que se situam entre o comprar do jornal e o começar a ler, penso sempre como estará hoje a Maria João, o que se recomenda para o jantar, que local vende aquele vinho... Na sua simplicidade, como são as coisas do dia-a-dia, encerra em si uma proximidade familiar, que aprecio particularmente na impessoalidade de um jornal.

O texto de ontem - A vida a pé - como muitos outros, fica guardado.
Talvez pelo momento em que me encontro, despertou a sensação de um sentimento que se está a apagar e a perder força, fruto das circunstâncias.

Dizia assim,

"Que prazer fazer a vida a pé. Sair de casa, dar dois passos, comprar o jornal e lê-lo enquanto se toma o pequeno-almoço na esplanada (...). Que prazer não entrar no carro antes de qualquer coisa acontecer. (...) Não há conduzir. O carro agora serve só para as "viagens." Viaja-se bem é a pé, quando quase tudo o que se possa querer - ou encomendar - está num raio de cem metros (...).
A vida a pé, é verdade, é bastante sentada. Dão-se uns passos, sentamo-nos. Está-se um bocado, levantamo-nos, anda-se um bocadinho, varia-se - e encostamo-nos (ou sentamo-nos) outra vez. É um sedentarismo andarilho. Faz-se bem a vida de Largo."

Eu, que estou em fase de sedentarismo, anseio novamente os dias de andarilho, em que a minha rua é o Largo e a vida a pé um prazer.

1 Coisas dos outros

  1. Mãe que é mãe tem que andar sempre bonita!
    Reduções no To-Be-Cute, só esta semana! Bjs

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