ET, phone home


Chegamos na segunda-feira da semana passada, à noite, com o casamento na cabeça e as saudades no coração. Na sala estava um presente, com desejos de boas-vindas e a esperar que tudo corra sobre rodas.

Os dias seguintes foram cheios de móveis, quadros, limpezas, arrumações. Colocar a roupa nos armários neste ambiente de "boa vida" recordou-me as férias, no dia em que chego e arrumo tudo depressa para sair para o sol. Com a diferença de que isto não são férias.
Depois do descanso foram mais dias de casa, que se constrói aos poucos, com bocadinhos de nós. Mas hoje é segunda-feira, o começo da vida.


Deitei-me com ansiedade, assustuosa, mais assustada que corajosa. O próximo mês vai ser uma prova de fogo. Não conheço a cidade, não sei por onde ficam as ruas, onde posso passear ou correr, fazer compras, tomar café, por que sítios posso caminhar, neste sítio enorme, onde comprar aquele pão, fazer bainhas, apertar roupa, pôr capas nos tacões, qual a melhor esteticista, manicure, quais os restaurantes, os parques, as praças, os caminhos, o ginásio. Quantos meses serão precisos para ter aqui um Sr. Artur que me arranja o calçado, uma D. Gorete que me aperta a roupa, um Sr. Mário e um André do café de todos os dias, um Sr. Domingos do prédio, uma Sofia das unhas, uma Sónia da depilação, uma Alvarina da pele, uma Carlota do cabeleireiro, um José dos jornais ou uns vizinhos que conheço pelos nomes desde o dia em que nasci? Estou confusa e perdida. Não sei por que lado começar a conhecer esta cidade mas canso-me de pensar no tempo que isso vai levar. 


Que cidade enorme e que fim do mundo. 
Sê bem-vinda a Lisboa.

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