Em casa temos dois ou trĂªs quadros que compramos em galerias de artes, de autores conceituados e reconhecidos e dos quais poderĂ­amos dizer, em sentido tĂ©cnico, serem "obras de arte."
Na casa da praia encomendei de um site de posters, uma sĂ©rie de desenhos que emolduramos e colocĂ¡mos na paredes e dos quais podemos dizer que sĂ£o quadros, Ă© um facto, mas nĂ£o arte propriamente.

Os primeiros seguem princípios estéticos estudados ao longo dos anos, técnicas desenvolvidas por grandes mestres, professores, doutorados. Seguem regras e leis da arte.
Os segundos sĂ£o giros, bonitos Ă  vista, agradĂ¡veis, mas nĂ£o traduzem teorias de escolas de arte.

Gostar mais de uns ou outros nĂ£o Ă© a questĂ£o. Na verdade atĂ© podemos gostar mais dos posters do que da arte; o gosto nĂ£o se discute.
Mas em termos de qualidade tĂ©cnica, precisĂ£o de estilo, desenvolvimento de tĂ©cnicas, aplicaĂ§Ă£o de princĂ­pios, cumprimento de regras, a arte estĂ¡ a anos luz dos desenhos. Mesmo que, repito, se possa gostar imenso do desenho. Um bom apreciador, dirĂ¡ da arte muito mais.

Encontrei esta distinĂ§Ă£o para explicar a analogia com a escrita e o que faço.
Vim de cinco semanas de um concurso de escrita, onde tive crĂ­ticas muito positivas, para entrar num curso de escrita onde levei uma abada que ninguĂ©m faz ideia. Fiz cinco exercĂ­cios, todos com notas bastante altas e comentĂ¡rios que me deixaram super feliz, para ter feito o primeiro exercĂ­cio do curso e ter falhado miseravelmente! 

De onde percebo que os textos que escrevo sĂ£o como os posters dos sites da net: alguns atĂ© podem ser engracadinhos, simpĂ¡ticos Ă  vista mas nĂ£o sĂ£o nunca na vida "escrita". SĂ£o desenhos que nĂ£o sĂ£o obras de arte. Da mesma forma, nĂ£o Ă© uma questĂ£o de gosto; Ă s vezes posso gostar mais de ler o que escrevo do que um clĂ¡ssico da literatura (pouco provĂ¡vel..) mas na realidade, se quero ir a algum lado, tenho muito feijĂ£o para comer!

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