Porquê mesmo?

Em Outubro de 2016 publiquei aqui um texto onde relatava alguns episódios da minha infância que me marcaram muito negativamente e que se relacionavam com o excesso de peso. Tratava-se basicamente do resumo de três histórias verídicas (e dramáticas) que me aconteceram por volta dos dez anos de idade.

Uma dessas histórias dizia assim,

Há um outro dia em que duas amigas estão a andar de patins no espaço atrás de casa. Vejo-as da janela, queria que me convidassem para ir andar com elas. Secretamente vou calçar os meus patins e deixo-me estar na janela, flectindo os joelhos para não parecer tão alta (os patins dão alguma altura) e não descobrirem que eu já estou ali prontinha, só à espera que me chamem. Digo-lhes se calhar adeus, tento chamar a atenção. Quero muito, muito ser amiga delas, como elas são entre elas. Ao fim de algum tempo chamam-me. Vou feliz, radiante. Mudei de escola nesse ano, não tenho ainda muitos amigos, depois de a escola primária ter sido um tempo particularmente bom. Quero integrar-me, fazer parte. E elas chamaram-me, vamos ser amigas. Desci para descobrir que as crianças se sentem melhor se tiverem um alvo comum de gozo e que eu era exactamente esse alvo. "Achas que nós queremos ser amigas de uma gorda?"


Isto posto, é com um grande ponto de interrogação que constato que hoje à noite, essas mesmas amigas vêm jantar a nossa casa. 
Para já não tenho mais nada a acrescentar, salvo que a psicologia certamente explica.




Ainda no campo das reflexões fiquei um bocado assustada com isto

Estendo a roupa enquanto faço o jantar;
Faço o lanche da C. enquanto preparo o pequeno almoço;
Como enquanto dou de comer à I.;
Vejo actualizações do telemóvel enquanto espero pelo trânsito e pelos elevadores;
Faço algumas chamadas enquanto conduzo;
Penso na vida enquanto tomo banho;
Envio e-mails enquanto almoço;
Organizo a semana enquanto tomo café;
Trato da cada enquanto brinco com as minhas filhas;
...

Mas não tenho a certeza se o constante dois-em-um é bom ou mau.


Andava em reflexões da minha vida, naqueles quinze minutos casa-trabalho e percebi com alguma admiração que,

- Não faço qualquer tipo de exercício físico, praticamente já nem a caminhada a pé para ir comprar pão;
- Deixei quase de comer fruta;
- Legumes e sopa são uma raridade;
- Durmo uma média de 6 horas por dia;
- Praticamente nunca almoço;
- ...

O único positivo é a água, que lá vou bebendo um litro e meio ou dois, mas bem se sabe que H2O é bom mas não faz milagres. 
Com este quadro não é de admirar uma série de coisas. E foi assim que concluí as reflexões. Pensando no entanto que se começasse com um dia (um só, vejam que fácil) a ir a pé para o trabalho por exemplo, já seria uma melhoria imensa. Melhor ainda, ir a pé enquanto como uma maça. 

Que óptima ideia!

Ora actualizando a agenda

Adoro o Natal por todas as razões mas o juntar amigos para almoços e jantares demorados será sem dúvida uma delas. Por isso de Novembro já levamos datas marcadas, o que juntamos a jantares ainda em Novembro, a festas de anos várias de amigos da minha filha, festa de Natal da escola, circo, Panda and so on. Uma agenda cheia, como eu gosto!

16 Novembro - anos K,
21 Novembro - jantar de amigos cá em casa
23 Novembro - Frozen II (cinema com as amigas)
30 Novembro (manhã) - anos R.
30 Novembro (tarde) - anos G.
1 Dezembro - Casa Natal!
8 Dezembro - anos G.
14 Dezembro - Festa Natal
14 Dezembro - jantar de amigos cá em casa
15 Dezembro - Festa da Música
21 Dezembro - Circo
21 Dezembro - Musical Panda

E isto do que me lembro...!
Pelo meio vamos tentar encaixar dois dias a dois numa qualquer capital europeia, que bem pode ser a capital de Portugal, para passeio e compras de Natal nas ruas. Não me chegam três agendas mas ADORO!






outra vez arroz?

Nota prévia: adoro esta expressão! Neste caso não se refere a bens alimentares mas a livros e sim, este é mesmo o terceiro post seguido sobre livros (mas prometo os dez seguintes sem este tópico).  Este é no entanto um risotto, no sentido de que é arroz (são livros) mas é ligeiramente diferente do habitual - são dicas de prendas de Natal para crianças. 

E porquê?
A minha filha C. lê religiosamente uma história antes de ir dormir, lendo-se aqui “ler” como nós lemos porque ela tem cinco anos e é fortíssima ao nível das letras mas ainda não sabe ler. 
Neste ritual pré cama temos os nossos preferidos, que estão sempre na mesinha de cabeceira e que vão alternando. Por isso lembrei-me de partilhar alguns que têm um lugar mais especial no nosso coração, aproveitando a época festiva que aívem e quem sabe inspirando prendinhas de Natal.



 Tristana Múu
Encontramos este livro na feira do livro, li-o ali em pé junto ao stand e comprei três exemplares, dois para dar e um para nós. Foi das coisas mais maravilhosas e doces que vieram parar cá a casa nos últimos tempos. É lindo, lindo, lindo e ainda por cima tem piada. Uma história sobre a importância gigante da amizade e dos amigos na nossa vida. Se não comprarem mais nenhum, comprem este!




O dia em que o Senhor Bonifácio ficou em casa doente
Não é a primeira vez que falo deste livro aqui mas justifica-se. É um abraço apertado em forma de letras, frases e ilustrações perfeitas que fala também da amizade. É sem dúvida um dos meus preferidos desde há algum tempo e que, dois ou três anos depois de a C. o ter recebido ainda continua na mesa de cabceira para ser lido muitas vezes.




Histórias viradas do avesso
Comprei-o há um mês e sensivelmente dentro desses trinta dias, vinte e cinco foram para este livro. São cerca de cinquenta histórias muito pequeninas (que se podem ler num minuto, principio que serviu de base à rubrica do instagram que deu depois origem ao livro) e temos adorado. Quase todos os dias é o livro pedido e lemos entre três a quatro histórias. As ilustrações estão também muito giras e de certeza encantarão filhos e pais. Vai altamente recomendado.








Mog e...
Na verdade não é só um livro mas uma coleção. São histórias amorosas sobre uma família e a sua gata Mog que fazem também muito sucesso e que temos há imenso tempo e continuam a ser pedidas




Bicas e Azul
Deixei para último (à semelhança do primeiro) um que tem um lugar um bocadinho mais especial no coração. Uma história sobre ser diferente, que é afinal igual, de luta contra o preconceito. Especial pela mensagem, pela simplicidade e pela pessoa que nos ofereceu, que é uma daquelas pessoas da nossa vida. Não deixem de ler.

O desejo de encontrar pérolas

A leitura está cada vez mais a voltar à minha vida e nem consigo dizer bem como isso me deixa imensamente feliz. Passei de uma adolescência onde lia, lia, lia; para tempos da faculdade em que todos os livros eram técnicos; para uma vida adulta em que conseguia ler um ou dois livros por ano e nas férias. Agora estou a ler religiosamente todos os dias antes de dormir e tenho sempre livros (neste momento quatro) em fila de espera. Terminei esta semana mais um (e já comecei o seguinte, havemos de lá ir) que veio da esperança de ser uma pérola (e não era péssimo, mas também não era bem).
Tenho aquela ideia romântica de que posso encontrar livros perdidos em feiras ou lojas, que são tesouros escondidos que ninguém leu mas verdadeiras obras primas dignas de Pulitzers. Por isso este ano na Feira do Livro do Porto (onde estive umas quatro felizes horas) encontrei este livro que me chamou a atenção pela capa (embora tenha lido a sinopse) e decidi trazê-lo pensando que podia ser essa pérola. É na verdade um livro que podia ser um gráfico, ora está tudo bem, depois piora; melhora, piora e andamos ali ao sabor da vida de quatro personagens principais que se encontram na pequena loja de Blosson Street e se tornam amigas. Um romance levezinho e simpático, sem grandes ambições de obra prima parece-me mas que se lê com gosto. Daqui passamos para o Nobel da Literatura (e com bastante curiosidade para o que aí vem), quase, quase convencidos de que valerá a pena re-abrir a categoria "Livros de 2019". Coisa boa!


Sobre a Eliete

Há duas grandes forças que me ficaram do Eliete (para além de - em bom português - a senhora ter uma panca gigante).

A primeira resulta do próprio texto e diz assim:

"Somos a nossa memória. A memória determina o que sentimos, o que sabemos, o que imaginamos, o que intuímos, somos a nossa memória e quando lhe perdemos o acesso, mergulhamos num vazio inimaginável, sem acesso à memória não poderemos saber dos valores morais que nos guiam, dos amores e dos medos, das ambições, dos erros e fracassos."

Esta ideia não se relaciona em praticamente nada com a história, é só um à parte, um detalhe, nem se quer diz respeito à personagem principal (embora por vezes ela também pareça que se esqueceu dos valores morais). Mas ficou-me porque me diz imenso. Na verdade grande parte de nos é memória, não exactamente do passado mas sobretudo do que somos, onde estamos, o que fazemos, quem conhecemos. Pensar que um dia podia acordar e não me lembrar da minha vida é algo verdadeiramente assustador. Por isso sim, acho que somos a nossa memória e o nosso passado e presente são infinitamente mais importantes do que o resto (embora andemos sempre preocupados com o futuro).

A outra força deste livro foi perceber que a Eliete é o estereótipo do insatisfeito sem causa. E neste caso talvez ela tivesse as suas razões (que nunca chegamos a saber) mas o que vemos é uma mulher casada, com filhos, emprego, casa, amigos e que em tudo apenas encontra defeitos. O marido é péssimo, o trabalho não presta, a relação com as filhas, do pior, os amigos cheios de coisas más. E não, não quer dizer que todos tenham de se satisfazer com o mesmo padrão de vida, mas há um segredo, que temos no nosso quarto em forma de mantra, que é perceber muitas vezes que já temos tudo o que precisamos, só é preciso dar-lhe valor. Por isso há um quadro na nossa vida que diz que o segredo de ter tudo, é saber que já se tem tudo. Ou saber dar valor. Claramente esta senhora não estudou essa parte da matéria (ou talvez eu estivesse menos insatisfeita se fosse explicada a razão) mas quanto a mim continuarei a repetir a máxima. Cada vez mais convencida que ser agradecida, estar grata, é uma bênção.


As páginas amarelos VS o GDPR

Há 40 ou 50% do meu trabalho que é passado de volta do GDPR. Os temas da proteção de dados nunca estiveram tão em voga (não obstante a lei anterior ter mais de vinte anos - bem sei que não com as mesmas multas, mas ainda assim) e eu estou bastante dedicada a eles. Confesso no entanto a minha total descrença na proteção dos dados - o que não me fica bem dizer, eu sei. Mas na verdade eles andam aí, qualquer pessoa os consegue obter e este histerismo todo de proteger o improtegível parece-me só despropositado. Mais valia aceitar os factos.

Em todo o caso, os temas da proteção, do acesso, da privacidade, etc. andam com muita frequência a girar os meus e-mails, telefonemas, reuniões e sei os princípios de cor. Por isso deu-me muita vontade de rir a conclusão de que passamos de ler livros gigantes com páginas e páginas onde cabiam nome, morada e número telefone e que eram distribuídos pelas casas, quem sabe deixados à porta e agora estamos na necessidade de consentimento e na coima pela falta dele. Não é incrível? O que me faz no fundo achar que daqui a vinte anos estaremos novamente despreocupados e felizes com a livre circulação de pessoas, bens e dados e o GDPR será como as antigas páginas amarelas, uma memória gira.

O dom da ubiquidade

Como está bom de ver, eis dom que não me assiste mas tenho imensa pena. Dava muito jeito em muitos contextos e esta semana em especial. Precisamente na quinta-feira às 19.00 horas tenho dois eventos em pontos opostos da cidade, um que me dá um prazer enorme, outro que igual prazer me dá. Como é que a pessoa decide? Eu respondo: com a ubiquidade. A pessoa estava nos dois sítios ao mesmo tempo, qual deus das grandes coisas, e não se falava mais nisso. Não dava jeito? Se dava!

Não sendo assim, confesso, não faço ideia. O desempatador que uso em grande parte das dúvidas neste caso não se aplica. Geralmente em face de dois iguais pergunto: qual o mais barato? E escolho esse. Sendo os dois gratuitos, podia pensar em qual fica mais longe e escolher o mais perto mas ne verdade se fosse ver possivelmente concluía que são sensivelmente os mesmos quilómetros. Qual me dá mais jeito? Qual gosto mais? Qual me deixa mais feliz? Os dois! 

Creio que me resta tirar à sorte (ou ganhar super poderes em dois dias).

A melhor da minha filha!

Por alguma razão que não sei bem explicar, a minha filha C. chama o meu pai pelo nome e não "avô".
Creio que isto vem do tempo em que ela começou a falar e ouvi-a a minha mãe chamar por ele. Seguiu o exemplo e chama-o L. Ao ponto de dizer que, por exemplo, vai a casa da "vovó N. e do L." e de as pessoas acharem que a vovó N. se divorciou e arranjou um namorado (ahahah!).
Bom, nisto todos nós nos referimos a ele da mesma forma quando estamos a falar com ela e neste contexto a minha filha I. foi ouvindo a conversa e habituou-se também ao L. em vez de avô. Detalhe, ela não consegue ainda dizer L.

Ora, estava ela em casa dos meus pais e pediu à minha mãe para pôr um Panda a dar. A minha mãe disse-lhe que fosse pedir ao L. para ele pôr a música a dar na coluna. E disse-lhe assim mesmo, "pede ao L." (porque nunca dizemos avô!).

A minha filha põe então pernas ao caminho, aproxima-se do L. e diz-lhe:

- Ó xinhoí, um panda!

Portanto uma neta que chama "senhor" ao avó!
(Adoro!!)

Fim de semana de 3 dias

O meu voto é para que todos os fins-de-semana sejam de três dias. Porque na verdade quando a pessoa sabe que no dia a seguir ao sábado não tem de trabalhar, a coisa rende muito mais!
Por isso no primeiro sábado do fim-de-semana, que é como quem diz na sexta-feira, fomos ao Sea Life e almoçamos na Foz; E no segundo sábado, que é como quem diz sábado propriamente dito, fomos à praia (sentido figurado, naturalmente) e fizemos um jantar a dois, com o alto patrocínio dos avós onde gentilmente deixamos as crianças. Domingo, foi dia de descanso, como todos os fins-de-semana devem ser em parte. Três dias maravilhosos. Quase umas mini-férias. E que fácil seria se fossem todas as semanas assim. A parte menos boa é a segunda-feira, que parece que ainda custa mais e com chuva então... Mas bom, faltam quatro dias para tudo outra vez (e um mês e meio para o Natal!) por isso olhem, vamos na fé! Boa semana!

Sim, eu sei que estou muito adiantada!

Já fiz a lista de Natal! Isto é, elenco de pessoas fofas a quem dou um miminho nesta época - e que mais uma vez vai para lá das trinta.
Apesar de me sair do bolso, literalmente, vejo isto como altamente positivo. Há tanta família e amigos na nossa vida, em especial crianças que já são quase mais que nós, que sabe mesmo a Natal! Só falta fazer a árvore. 

Já podemos?


Brunch by Bimby

Tenho de confessar que passei demasiados anos a dizer que não precisava de Bimby e nem queria porque tenho mãos e tachos, mas esses foram - vejo agora - anos em que estive totalmente enganadinha da minha vida. Que totó! Graças a Deus o meu homem sabe melhor e quando me ofereceu, mesmo sem saber, deu-me este grande amor (não ele próprio, mas a própria da Bimby). Minha melhor amiga!
Nem é porque eu não saiba ou não consiga fazer as coisas nos moldes tradicionais; é mesmo porque é tão mais fácil, prático e rápido e arrisco em tantas coisas que de outra forma não faria, que só por isso já vale mesmo (mesmo!) a pena.

Num destes fins-de-semana convidamos os primos e fizemos um sunday brunch, totalmente powered by Bimby. Claro que eu adoraria colocar aqui todas as fotografias mas - como se sabe - eles não deixam. Assim sendo, deixo só o elenco e a baba a cair.

A ementa era:

- Bôla de carne
- Bolinhas de chourição
- Pão de pesto
- Quiche de alho frances e camarão
- Limonada
- Arroz doce

(E extra Bimby, já agora, ovos mexidos com farinheira e salgadinhos)

As três primeiras precisavam de repousar a massa por isso comecei com a bola de carne, que repousa uma hora, segui para as bolinhas de chourição, que repousam 45 e depois o pão de pesto, 30. Quando terminei a última massa fiz a quiche e estava na hora de terminar as outras coisas, recheando a bôla, picando o chourição e tratando do pesto. Entraram no forno à vez enquanto fazia a limonada e quando nos sentamos à mesa começou o arroz doce, que comemos quentinho - e perfeito!

Se tinha feito isto tudo sem Bimby. Claramente.
Se o faria? Não.
O facto de ter tempos contados dá à coisa uma organização inacreditável. E enquanto alguma coisa cozinha por cinco ou dez minutos, sei exactamente qual o tempo que tenho para outra coisa qualquer, como roupas, crianças ou casa em geral. Há lá maior conforto? Gosto muito!