Porquê mesmo?

Em Outubro de 2016 publiquei aqui um texto onde relatava alguns episódios da minha infância que me marcaram muito negativamente e que se relacionavam com o excesso de peso. Tratava-se basicamente do resumo de três histórias verídicas (e dramáticas) que me aconteceram por volta dos dez anos de idade.

Uma dessas histórias dizia assim,

Há um outro dia em que duas amigas estão a andar de patins no espaço atrás de casa. Vejo-as da janela, queria que me convidassem para ir andar com elas. Secretamente vou calçar os meus patins e deixo-me estar na janela, flectindo os joelhos para não parecer tão alta (os patins dão alguma altura) e não descobrirem que eu já estou ali prontinha, só à espera que me chamem. Digo-lhes se calhar adeus, tento chamar a atenção. Quero muito, muito ser amiga delas, como elas são entre elas. Ao fim de algum tempo chamam-me. Vou feliz, radiante. Mudei de escola nesse ano, não tenho ainda muitos amigos, depois de a escola primária ter sido um tempo particularmente bom. Quero integrar-me, fazer parte. E elas chamaram-me, vamos ser amigas. Desci para descobrir que as crianças se sentem melhor se tiverem um alvo comum de gozo e que eu era exactamente esse alvo. "Achas que nós queremos ser amigas de uma gorda?"


Isto posto, é com um grande ponto de interrogação que constato que hoje à noite, essas mesmas amigas vêm jantar a nossa casa. 
Para já não tenho mais nada a acrescentar, salvo que a psicologia certamente explica.




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