Achamos que controlamos tudo mas afinal..

Estive na dúvida sobre a publicação deste texto. Há coisas na vida que mais vale nem pensar, quanto mais falar. Mas acabei por decidir que pode funcionar como um alerta e que bem vistas as coisas, não custa lembrar que não mandamos assim tanto na nossa vida.

Já expressei publicamente por diversas vezes o meu desejo de ter quatro filhos. Pode não chegar a acontecer mas no futuro, quando for muito velhinha, poderei variar o meu discurso entre "ter tido exactamente os filhos que sempre quis" ou "se pudesse tinha tido mais x filhos (a saber, 1, 2 ou 3)." Aos 30 anos, vou manter em aberto o sonho dos quatro - que se mais nada for, terá de ser bem negociado com o senhor pai dos meus filhos.

Uma pessoa que quer ter quatro filhos tem de trabalhar bem - não só bem para ter muito dinheiro e dar de comer a uma cambada, como bem no sentido de gerar crianças depressinha. Ora, a minha filha tem dois anos (eu queria dizer "ainda" tem dois anos, mas para este efeito será mais apropriado "já" tem dois anos) e eu ainda não produzi mais crianças. 

E porquê?

Estive convencida durante bastante tempo que por esta altura da minha vida já estaria grávida; aliás, em bom rigor, eu achava que quando fizesse 30 já ia ter dois filhos (fisicamente já não é possível, a menos que fosse um coelho ou um rato). Por esta altura na verdade já percebi que tal não vai acontecer. O que é assustador é que não vai acontecer, mas não por vontade minha. E a vidinha que eu achava que tinha toda controlada, afinal aconteceu de outra maneira. No fundo era este o alerta.

É tão fácil cairmos no erro de pensarmos que vamos onde queremos ir, fazemos o que queremos fazer e controlamos tudo, que os imprevistos são afinal enormes surpresas.

Em Abril deste ano recebi um diagnostico de uma coisa parva na cara (é este o nome técnico: coisa parva; mas também é conhecido por bactéria) e estou a antibiótico desde então. 

Devia ter estranhado quando numa consulta de dermatologia o médico me perguntou se tinha filhos e se queria ter mais - levei com um "nada de filhos enquanto está a tomar antibiótico" pelo que estamos à espera. Estou exactamente há 7 meses à espera, o que quer dizer que já quase tinha o bebé cá fora e ainda aqui ando e andarei, já que depois do tratamento ainda há o período de "limpeza". Qual o nível de controlo que tenho na minha vida? Muito pouco.

(Mas se Deus quiser, vai correr tudo bem)

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