Antes de coisas mais sérias, os desejos de sempre.
Aqui, logo à cabeça.
Aqui, logo à cabeça.
Livros de 2012
Os melhores?
O quarto de Jack - Emma Donoghue
O filho de mil homens - Valter Hugo Mãe
Um dia - David Nicholls
Primeiro as Senhoras - Mário Zambujal
A cidade e as serras - Eça de Queiróz
Sugestões para 2013?
Ora..
Estou aqui na duvida se havemos de falar de resoluções de ano novo, de retrospectivas do ano antigo, se de nada disto...
É que as resoluções, diz-me o P., são planos que não se vão cumprir.
E do ano que está a acabar.. não sei se me apetece.
Se calhar falávamos da passagem de ano, que fica ali no meio e não é carne nem é peixe, não?
Então pronto, vou só ali provar o vestido que chegou da costureira e já falamos do sítio e da roupa.
Meu querido Boticário
Descobri mais uma pérola, desmaquilhante bifásico. É bom, bom e pela primeira vez na vida experimentei a sensação de pele sem gordura depois de tirar o pó de saúde (aprendi esta expressão e estava em pulgas para a usar!).
Veio a suceder esta compra porque aqui há dias me enviaram uma mensagem que dizia "querida cliente, temos para si um pequeno creme das mãos, faça favor de o vir buscar." E eu fui. Chegando, dizem-me que, adicionalmente, tenho um desconto nesse mesmo dia (olha a coincidência!...). Pois que claro que quero aproveitar, olha quem! Técnicas de marketing aplicadas à minha pessoa vão que é uma maravilha. De modo que voltei a casa não só com um baby creme das mãos, como com um super desmaquilhante, que andava há séculos para testar. E passou no teste, é o que tenho a dizer. Como todos os produtos Boticário, de resto.
Sexta-feira à noite na Capital
Ontem, pensava eu, ia acabar a semana em casa, com um jantar leve e uma noite de sofá. Tudo mentira, no entanto.
Mr. P. foi-me buscar a seguiu caminho para os lados do Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade, Restauradores. Estacionamos sob a desculpa de beber um copo no quiosque da Time Out, mas prosseguimos a marcha até ao nosso querido Giuseppe & Joaquim lisboeta. É relembrar um sítio onde fomos imensamente felizes e matar saudades da nossa cidade. Nisto entrega-me um papel dobrado, "uma carta que chegou lá a casa", diz ele e surgem-me bilhetes para o Coliseu dos Recreios, ali ao lado. Já disse que o último príncipe encantado à face da terra me veio parar às mãos, não já?
Conclusão: siga a marinha para o Coliseu, Alabama Gospel Choir no ar e tão bons que eles são! Festa generalizada, toda a gente a dançar em plena sala e alegria no começo do fim-de-semana! Gosto!
Mais logo, a ver vamos se nos encontramos no cinema. Mas sobre isso falamos amanhã.
Bom sábado!
O corpo também é um projecto sem fim
A corrida de hoje foi amigavelmente acompanhada pelo sol; não um sol de praia, quentinho e bom, mas um meio envergonhado, embora simpático, que me sabe sempre bem. Carrega energia e ajuda a correr. E isto é mesmo verdade. Corro com mais vontade, com mais velocidade e julgo até ter maior resistência. O sol dá-me ares renovados.
O que aconteceu hoje na minha cabeça foi mais ou menos a mesma coisa; foi um ar que lhe deu e tive então uma epifania. Não há fim no objectivo de alcançar o corpo que se quer (já sabia disto, mas hoje renovou-se). Ainda que eu corresse todos os dias, fizesses todos os exercícios vocacionados para os meus propósitos, mesmo que deixasse em absoluto de comer aquilo que sei que não posso e que me portasse exemplarmente, como uma linda menina, ainda assim, não ia ver o dia em que, olhando o espelho, pudesse afirmar estar satisfeita. Somos inconformados. E exigentes e esquisitos. Tenho uma ideia do peso que gostava de ter, assente basicamente em nada (é um peso que em idade adulta nunca tive), mas se a balança me dissesse "parabéns, o teu peso é esse mesmo", ver-me seria achar que ainda não é suficiente. Tenho também uma ideia do que é um corpo bonito (na minha óptica), vejo mulheres esculturais, com tudo exactamente onde deve estar, barriga, pernas, tudo, mas se entrasse aí numa sala de cirurgia (imposível! Vejo sangue e desmaio) e saísse tal e qual, certamente ainda havia algum defeito. Sou inconformada, exigente e esquisita. E se há coisas na vida em que este sentimento pode trazer bons frutos, nesta área talvez não seja o caso. Porque é estética, mexe com a auto-estima e representa um problema grande.
Ainda assim, há que tentar (onde é que ja ouvimos isto?) e manter constante a obrigação do desporto, até ser um vício e uma absoluta necessidade. Lembro-me dos tempos das corridas diárias, dos tempos das três aulas por semana de ginásio e honestamente fazem-me falta. Falta física mas mental também.O desporto tem aquele efeito de varrer energias negativas, de desligar o cérebro dos problemas, de desanuviar por completo e isso faz-me tão bem como dormir oito horas de sono ou apanhar sol. Por isso vamos voltar às promesssas feitas, com a convicção de que não são só promessas mas objectivos de vida. Ainda para mais agora, que o ginásio está a duzentos metros...! Me aguarde, 2013!
Presente do Pai Natal, para a FAMÍLIA
Feliz Natal a todos
Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz;
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé;
Onde houver erros, que eu leve a verdade;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei com que eu procure mais
consolar,
que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado;
Pois é dando que se recebe;
É perdoando, que se é perdoado;
(...)
Oração de S. Francisco
Tudo isto é Natal
Sou pelas tradições, pelas rotinas, pela repetição anual das coisas boas, dos bons momentos, das recordações. Há quem diga que sou uma árvore, que vou estendendo as minhas raízes e me prendo a tudo, e quem sabe se não bem verdade. Mas há coisas do Natal que são de sempre, de todos os anos. E eu gosto delas assim. Gosto da Família acima de tudo. Dos encontros. Da música alegre que somos. Mas gosto também de acordar com o cheiro das rabanadas acabadas de fazer, das visitas às capelinhas antes da casa dos avós, dos vidros embaciados pelo calor do fogão, dos aquecedores ligados em todo o lado e do frio que faz ainda assim. Gosto da ceia, do bacalhau cozido que só se come no dia 24, do grande sofá com mantas, dos jogos de cartas, do toque da campainha a anunciar a chegada do Pai Natal, da corrida pelo corredor até à porta, do anunciar das prendas pelos mais pequenos, dos presentes que embrulhamos, dos passeios às compras, da nossa casa-Natal, da colecção de presépios. Gosto do cheiro a doce, do cheiro a Natal, da aletria, dos sapatos na lareira e da manhã do dia seguinte, do assado no forno desde as sete da manhã, do café com filhoses, da mesa enorme, do almoço tardio, dos meninos contra as meninas na escolha do filme da tarde e da vitória das meninas, como não podia deixar de ser. Gosto dos abraços apertados, dos sorrisos, da felicidade de ser parte deste todo, do FELIZ NATAL.
Um dia desta semana em que eu e o P. fomos almoçar juntos, acabamos por passar pela montra de uma imobiliária, sem segundas intenções, é um passatempo nosso, ao que o senhor vem cá fora falar connosco. Conversa daqui, conversa dali, até pensamos em mudar de casa, quem sabe, talvez, sim um T2, sim, nesta zona, comprar? Não senhor, que nos havemos de ir de Lisboa, arrendamos faz favor, e o preço? pois e tal, conversa, sim, grandito veja lá, mais para a frente ou mais para trás, mas nesta zona, claro, com garagem e bonito, sim? Recente, jeitoso, sim, sim, fique com o nosso contacto, cartões de visita a rolar, e um destes dias quem sabe...!
E pronto, é isto.
Deu para perceber a ideia, creio eu.
(O estranho) caso das sapatilhas Nike
Tão lindas e maravilhosas no entanto que, para não comprometer beleza, performance e qualidade, entendeu o rapaz guardá-las bem guardadas "para não estragar" (tão querido!).
Ao que eis se não quando, passado o tempo necessário à habituação da existência de tão perfeito par de calçado e à aceitação da condição de proprietário do mesmo, se revoltaram as sapatilhas e se recusaram a caber nos pés entretanto mais crescidos do rapaz. Não se faz.
Situação idêntica ocorrerá comigo mesma se continuar a insistir em não abusar do uso do brinquedo novo, com medo que se estrague.
Quem te avisa...
Novidades
Havemos de falar aqui das resoluções de ano novo (e afinal não foi assim que o blog começou?) mas para já, para já
Inscrevi-me no ginásio gémeo do meu sito no Parque das Nações e estou oficialmente a meia dúzia de metros do mundo encantado do desporto!
Feliz 2013!
Meu povo! Não se preocupem!
Informo a todos que por decreto-lei decidi que tudo aquilo que comer até dia de Dezembro de 2012 não me engordará uma grama, não acrescentará qualquer gordura à minha pessoa e quem sabe até se não me emagrecerá.
Este decreto é extensível ao mundo e entra em vigor no momento da sua publicação, produzindo efeitos retroactivos em relação aos abusos cometidos desde o dia 1.
Isto é da idade, hã!
A minha sogra, que é médica, diz-me que as coisas que são sempre feitas da mesma maneira deviam fazer-se de maneira diferente de vez em quando. Previne alzheimer e demais problemas de foro neurológico. Por exemplo, fazer um caminho diário para o mesmo destino, escolhendo outro percurso, pentear o cabelo com a mão esquerda se penteamos com a direita, sentar noutro lugar da mesa, começar por vestir as calças em vez da camisa e assim sucessivamente. No fundo, ir desprogramando o cérebro das coisas absolutamente rotineiras para que se exercite e se habitue a fazer de tudo um pouco.
Nessa lógica, achei que esta massa cinzenta que vos escreve estivesse mais que habilitada a pequenos desafios.
Ora,
Durante algum tempo percorria com frequência uma linha de metro no sentido A-Z, que a páginas tantas tem correspondência com uma outra, que era a linha do meu destino. Fiz esta viagem várias vezes, no sentido A-Z, trocando ali a meio para a linha dois. No dia em que a fiz ao contrário, chegando à estação de intercepção, é ver-me à procura da linha habitual de troca (de onde acabara de sair, repare-se).
Que não se duvide da minha boa forma mental, mas a rotina é tramada!
Bom dia, bom dia!
Novas tradições
O meu irmão chega no próximo sábado e tenho para mim que o Natal vai passar a ser mais do que nunca a altura do ano em que se matam saudades...
Coisas da vida?
Há estados, ou estatutos, que não penso ter nem alcançar. Há coisas que estão fora do meu alcance mas vivo bem com isso. Nunca serei multimilionária. Nunca vou ter as casas, os carros, os aviões, os luxos inexplicáveis de uma parte da população. Mas não há qualquer problema. Não os invejo nem tenho esses desejos. Tão pouco acho que mereço igual sorte. São "sonhos" demasiado altos e de resto nunca chegarei a esses patamares. Mas não olhos para eles pensando que isto é injusto. Não é. E as coisas são como são.
No entanto, há coisas que mereço, que tenho direito, que querê-las não é desejar de mais. É simplesmente o que deve ser. Por exemplo, se não tivesse comida para comer, achava-me ainda assim no direito de a ter. E o mesmo se diga da água, de uma casa para viver ou de semelhantes. Há coisas básicas e indispensáveis que não são sonhos altos. São o mínimo que merecemos ter e tê-los não é pedir muito.
Nesta lista devia entrar um horário de trabalho normal. Já nem me refiro aos privilegiados de sete horas e meia por dia. Horário normal em que, entrando às nove, se pudesse sair às seis ou seis e meia. Ocasionalmente e nunca por sistema, prolongar até às sete. Mas não mais. Não mais porque há vida para além do trabalho e isto não sou eu a não querer trabalhar. Sou eu a querer ser normal. Parecemos ser os únicos que nos esquecemos disto. Países há em que bateram as quatro e meia e mundo! Mas aqui não. Aqui somos pelo prolongamento do horário de trabalho até à exaustão. Mas não me digam que é o que deve ser. Que é aceitável entrar todos os dias às nove e sair depois das oito da noite. Não digam sobretudo que é pedir de mais ter um bocadinho de vida, porque não é. Já basta passarmos mais tempo a trabalhar do que a fazer qualquer outra coisa. Não é preciso matar todos os sonhos.
Damos connosco com este ritmo: acordar às sete e pouco, sair de casa às oito e meia, entrar no trabalho às nove ou antes, tirar quinze minutos para descer as escadas e comer qualquer coisa, trabalhar até às oito e meia, chegar a casa depois das nove para fazer o jantar, comer, arrumar, sentar para viver um pequeníssimo resto de dia mas ir dormir pouco depois das onze, para amanhã começar tudo outra vez. O fim-de-semana é uma miragem lá ao fundo mas passa a correr entre os milhões de coisas que fazemos porque não houve tempo nos dias úteis. E tiramos um dia de férias para ir às finanças, ao médico, à revisão do carro porque em dias de trabalho com estes horários é simplesmente impossível.
Acho que não é pedir de mais trabalhar oito horas e sair a tempo de namorar, de jantar, de tratar da casa, dos afazeres, de fazer outra coisa qualquer. Há mais vida para além disto e não é um sonho demasiado grande. Não é isto que queremos porque não faz sentido absolutamente nenhum. Estamos fartos, na verdade. Não me posso admirar quando o P. me diz que devíamos sair do país. Não se admirem também se eu aceitar.
Sentar-me a escrever, ainda para mais em papel, é coisa para me carregar as baterias. Já não me lembro da última vez que o fiz mas passou tempo de mais. Faz-me falta isto da escrita, de juntar palavras a frases e arrumar e arrumar as coisas cá dentro. Começo a sentir que o tempo de escrever é tão preenchedor como o de ler. E isto é o blogue a dar os seus frutos.
As cinquenta sombras livre
Que me perdoem Christian e Anastacia mas sobre isto só me ocorre dizer que devia ter acabado no volume dois.
Repto # 16! Sou eu, sou eu!
Vejam tudinho, aqui!
E beijinhos à nossa querida Olívia!
E beijinhos à nossa querida Olívia!
Continuo a insistir na mesma ideia..!
Aqui há dias, em pouco mais de três horas de viagem cheguei de Portugal à Dinamarca passando em escala por Londres. Foi sensivelmente o mesmo que tempo que levou de comboio de Lisboa ao Porto para apanhar o avião. Embora não seja uma fã confessa destes bichos gigantes com asas, a verdade verdadinha é que operam verdadeiros milagres.
Melhor, melhor, continuo a dizer, é o tele-transporte. Disponibilizo todos os meus meios na invenção dessa causa maior e proponho desde já que implique tão só o esforço de fechar os olhos e desejar com muita força estar noutro lugar.
Live freedom - Amnistia Internacional
A cidade e as serras
Acontece-me com a literatura portuguesa o que não acontece com nenhuma outra: a nossa língua encaixa na perfeição nos meus ouvidos. Ler em português é ver as palavras na sua expressão máxima e como mais as aprecio. E nem é por este ser um clássico. É por ser absolutamente perfeito. A actualidade do texto é impressionante (embora se fossemos por aí tínhamos um tratado de civilização moderna em vez de um comentário ao livro e ninguém merece). Vai altamente recomendado. Sou suspeita, porque sou fã mas é mesmo de se ler.
Podia bem ser uma Joana
A Joana gosta das festas todas que o ano tem.
São os anos dela, do primo, o dia do pai e da mãe.
É o alegre Carnaval e a Páscoa a seguir,
são os santos populares e o mais que está para vir.
A Joana gosta das festas todas que o ano tem.
E se o Natal custa a chegar, pergunta ao pai e à mãe
se Dezembro ainda vem longe e quando vão comprar
o pinheiro para pôr na sala com sinos a brilhar.
A Joana gosta das festas todas que o ano tem.
Mas a festa de que mais gosta (já disse ao pai e à mãe)
É essa, a do sapatinho que se enche de prendas,
jogos, livros e bonecas vestidas com rendas.
A Joana gosta das festas e nem achava mal
que todos os dias do ano fossem sempre Natal.
Das coisas boas
Uma das coisas que mais me impressionou na Dinamarca (Aarhus mais propriamente) foi a honestidade das pessoas com o sistema de compra de bilhetes nos transportes públicos. A entrada para os autocarros faz-se pela porta traseira onde estão as máquinas para compra ou picagem dos bilhetes. Mas os autocarros são compridos e o condutor está duzentos metros à frente. Não vê as entradas nem as máquinas nem as compras. Mas juro por Deus que TODAS as pessoas validam a entrada, comprando o bilhete. Cá, mesmo com a pressão de o motorista estar ali junto à entrada e ao sistema de validação dos bilhetes e de passarmos por ele na entrada, o ideal número um é aldrabar o sistema (nos transportes e não só, de resto). Mas ali não. Toda a gente contribui. E isso é bonito. Diz muito deles.
No demais, almoçam às 11.30 h., jantam pelas 18.00 h., às 15.30 h. do Inverno é noite, faz frio e chuva. Curiosamente, as pessoas não usam guarda-chuva e não comem sopa. Mas é quentinho dentro de portas, o pão é óptimo e fazem umas sandes maravilhosas e gigantescas. O café é americano mas há bons cafés "portugueses" aqui e ali. A summerbird é uma loja de chocolates de perder a cabeça e deixaria meio ordenado na Tiger. Toda a gente anda de bicicleta, coisa mesmo gira de se ver. Tudo começa exactamente à hora marcada (transportes incluídos). As casas são baixinhas e de ar acolhedor, fala-se inglês como se fala dinamarquês. É seguro, super giro e de bom ambiente. O aeroporto parece uma casa particular onde por acaso aterram aviões, cem coroas são quase quinze euros e isso serve de referência para todas as coisas. No Verão o sol vive até às dez da noite. Os pais passeiam os filhos bebés nos carrinhos, independentemente das condições meteorológicas, bebés esses loirinhos e lindos de morrer. As pessoas são simpáticas, estão em forma e gosta-se delas. Gosta-se de tudo, na verdade. Mas ainda assim, a melhor coisa da Dinamarca é o meu irmão.
Sábado à noite na capital
Anda comigo ver os aviões
(Aviso à tripulação: este post dá mais uma volta ao mundo antes de chegar ao centro da terra).
Por alturas do Euro 2004, a partir de certo momento, coincidente talvez com o bom desempenho de Portugal ou quem sabe por força de um espírito bandeiristico que assolou as janelas do país, aqueles de nós que vão fazendo dessas coisas, começaram com os rituais. Vamos chamar-lhes assim por ser superstição uma palavra muito forte. Cada um contribuía com o que podia e pensávamos que se naquele jogo em que ganhamos 2-0 fizemos A, B e C, agora neste próximo que nem nos passe pela cabeça fazer diferente. E era ver os jornalistas com as mesmas gravatas, os entendidos com as mesmas canetas, a equipa técnica com a mesma camisa, eu com uma mesma peça de roupa, naquele mesmo sítio, sentada ou a pé com as mesmas pessoas. Acho que isto não se explica, esta sensação de contribuir com algo, com uma pequeníssima coisa para alcançar um objectivo maior que, em boa verdade e sejamos sinceros, não depende absolutamente nada de nós.
Isto posto.
Já aqui falei, creio, do absoluto pânico que tenho de andar de avião. O "problema" é que adoro viajar, entendido como estar nos sítios e não como forma de lá chegar. Como adoro viajar, sempre que marco a próxima viagem estou absolutamente entusiasmada mas chegando dois ou três dias antes "o que é que fui fazer à minha vida?". E estou enjoada, com dores de barriga, em forte nervosismo, estados que se intensificam para vómitos e tremores constantes durante o voo propriamente dito. Não gosto, pronto. E nem me digam que é o meio de transporte mais seguro. Prefiro o carro ou o barco. Tenho aquela ideia romântica de que no fundo sei andar e nadar mas voar, zero, por isso tragam-me a terra ou a água. Acabo sempre a viajar no ar, bem se entenda, mas adiante.
Tenho os meus rituais de voo, de que não abdico, naquele sentimento de contribuir para o grande propósito de chegar sã e salva ao destino. Assim sento-me, aperto o cinto, agarro a mão do P., fecho os olhos e assim vou. Não como, não falo e tento não me mexer mais do que a minha inquietação obriga. O P. vai falando comigo e grunho uns sons, literalmente. Louvo-lhe imensamente a paciência porque sou um ser intratável dentro de um avião. Viro bicho. Depois há a outra parte, do descontrolo. Tremo dos pés à cabeça e às vezes choro. Toda eu viro um sistema nervoso gigante em estado de pulgas e porto-me mal. Não é bonito de ser ver, não senhora. Mas não consigo evitar e vou mesmo em sofrimento. De tal forma que penso sempre que para a próxima tomo um calmante (como não uso esse tipo de coisas, faria por certo bastante efeito). Mas depois o tempo até à próxima viagem passa, eu esqueço-me do que custou (não é assim a memória?) e na viagem seguinte começa tudo outra vez.
Bom, não desta vez.
Três dias antes da partida já andava em indisposição. Em conversa com amigos, falaram-me maravilhas de um produto natural e decidi-me por ele. No dia e hora, quarenta minutos antes da partida, duas pastilhinhas brancas.
Primeiro pensamento depois de me sentar no avião: se nunca tomei remédios para isto e correu sempre tudo bem, será que os comprimidos vão alterar a mecânica? Me-do!
O ser humano eu é muito estranho.
E tudo isto para dizer no fundo que já fui e voltei da Dinamarca. E que adorei!
Um dia...
Vou ter um telemóvel dos espertos que me vai permitir postar a partir de todo o lado, sem ter de esperar pelo reencontro com pequeno computador ao chegar a casa..!
Coisas que não são minhas (15)
Avião sem asa,
Fogueira sem brasa,
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola,
Sou eu assim, sem você...
Fogueira sem brasa,
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola,
Sou eu assim, sem você...
Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim...
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim...
Amor sem beijinho,
Buchecha sem Claudinho,
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço,
Namoro sem abraço,
Sou eu assim sem você...
Buchecha sem Claudinho,
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço,
Namoro sem abraço,
Sou eu assim sem você...
Tô louco prá te ver chegar
Tô louco prá te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração...
Tô louco prá te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração...
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo
Por que? Por que?
Neném sem chupeta,
Romeu sem Julieta,
Sou eu assim, sem você
Carro sem estrada,
Queijo sem goiabada,
Sou eu assim, sem você...
Romeu sem Julieta,
Sou eu assim, sem você
Carro sem estrada,
Queijo sem goiabada,
Sou eu assim, sem você...
Adriana Calcanhoto
Assim sem você
Cafuné
Com alguma pena tenho de dizer que de todos os livros que li deste autor, este foi possivelmente o que menos me apaixonou. Lê-se perfeitamente bem, é agradável aos olhos e ao espírito, tem, como não podia deixar de ser, passagens e imagens absolutamente deliciosas mas não é o melhor. Sentimento estranho, este. De todos os livros que fui lendo dele, tenho ficado com aquela sensação de "o melhor de sempre" mas desta vez menos. Mistura o romance com a história e prendem-nos as histórias do Rodrigo e do Frei Urbino, que não é Frei. É bom, como é Mário Zambujal. Mas honestamente aqui não o é no seu melhor.
O vencedor
´
No domingo passado acabamos mesmo por dar um saltinho ao mercado instalado no CCB. Tem artesanato, roupa e doces e petiscos, essencialmente. Cheira a coisas boas por lá. Compotas, biscoitos, bolachas, biscoitos, queijos, enchidos, bolos caseiros. Gostei dessa parte, claro! Mas do resto também. Colares, pulseiras, bolsas, artigos em tecido, isso também, mas está mais visto. Esta coisa da globalização é muito gira mas quem vê uma feira de artesanato no Norte ou no Sul, vê precisamente as mesmas coisas. Giras, é certo, mas pouco novas. Não fiz compras mas fiquei tentada com uma coisita ou outra. E andavam para lá umas bolachas de Natal que ainda vão fazer parte da lista dos presentes a oferecer. No primeiro domingo de Dezembro falamos.
Dinamarquemos porque...
A nossa família, dizemos nós, é como as dos ciganos. Onde está um, estão os vinte. Somos ligados, estamos juntos. Sabemos da vida uns dos outros, damos palpites, metemos o bedelho mas somos altamente próximos e unidos e, acho que não falo só por mim, precisamos uns dos outros. Vivemos todos em Portugal. Vivíamos todos no Norte, a não mais de 20 Km de distância. Uns saíram para estudar mais longe mas voltamos sempre ao ninho. E almoços, lanches, encontros, jantares, festas de aniversário, Natais, Páscoas, dias da Mãe e Pai, de todos os santos, de santo nenhum, lá estamos todos. E se um não está por alguma razão, não há quem não repare. Há um detector de família em cada um de nós. Ao chegar, fazemos a ronda e contamos até vinte. Se paramos a contagem antes do fim, o radar apita. Sentimos a falta.
Há uns meses chegou a notícia que um de nós estava de partida para a Dinamarca.
Quis a vida que fosse o meu irmão. Já aqui falamos disto. Foi por mérito e por convite, numa oportunidade que não se deixa passar. Mas é longe e temos saudades. Sentimos a falta.
Ainda ele não tinha partido de malas e bagagens nesta longa viagem, já nós contávamos as vezes que lá iríamos e dividíamos os períodos para custar menos. Nos três meses iniciais, ao mês e meio já vamos nós. Depois vem ele e é Natal. E passagem de ano e quase dia de réis. Até à Páscoa é outro tanto. Havemos de lá voltar a meio, enquanto esperamos que volte e a vida faz-se assim, entre cá e lá, sempre que for possível. Porque nós sentimos a falta. E agora mais do que nunca. Mas a boa notícia é que já falta pouco para o ver.
Colecções estranhas
Por estes dias tenho coleccionado duas coisas que, em querendo doo de boa vontade: sono e multas de emel.
Dormimos cada vez menos horas e acordamos cada vez mais cedo. Hoje ainda não eram sete. E ontem, à uma da matina ainda por aqui andava, no rescaldo do jantar com a minha D. Levantar foi um suplício daqueles. E depois, quarenta minutos a procurar lugar para estacionar o carro, tendo desistido em prol do pagamento. Mas um atraso de vinte no re-pagamento, fez aparecer um papelucho amarelo do tipo "isto é um aviso de pagamento." Toma lá mais um para aprenderes! Acrescem duas idas ao carro para alimentar o bicho com mais dinheiro e siga embora para outras paragens, onde estive iguais trinta ou quarenta minutos em busca de um qualquer buraco para enfiar a porcaria do carro. Até que desisti e me entreguei a um sítio proibido, não sem antes deixar mais alimento na máquina que come moedas, como está bom de ver. Duas horas a rezar a todos os santinhos para que não me rebocassem a criatura e - preces ouvidas - regresso são e salva. Não faço ideia o que se passa nesta cidade hoje mas está um caos tão grande, que parece véspera de feriado, greve, chuva e hora de ponta tudo no mesmo instante. Deus me livre! Amanhã vou de metro!
Vamos então falar de futilidades
Manicure.
Não tenho vícios nem cometo grandes loucuras. Sou uma pessoa simples, contento-me com pouco e qualquer coisinha me faz feliz. Mas gosto de manicurar. Gosto de o fazer todas as semanas e dou-me a esse pequeno luxo sem remorsos há bastante tempo. Ou dava.
Quando vim para Lisboa uma "preocupação" que tinha era com a manicure. Há anos que as minhas mãos se limitam a rodar pela S., pela S., ou pela A. Uma de três, com especial pendência na primeira. Era um mimo que me dava, à sexta-feira à hora de almoço ou no fim do dia de trabalho. Conhecem-me e tratam-me sempre bem, ainda por cima a um excelente preço.
Durante imenso tempo deixei este gosto de parte porque honestamente não sabia onde ir. Até que tive um casamento e foi uma exigência da vida. Escolhi uma aqui na rua. O preço de tabela dizia € 7,00 (um roubo só por si). Paguei € 9,00 por ser francesa e durante a experiência a senhora arrancou-me um pedaço de dedo, tendo sangrado por cinco minutos. Risquei-a da lista.
Quinze dias depois, outro casamento, nova necessidade. Fui a outra, desta vez. O preço de € 5,00 foi afinal € 7,00 (francesa..) e mais uma vez, um bocado de dedo. Desta vez foi tão grande que a senhora gastou meio quilo de algodão e o sangue sem parar por dez minutos. Risquei da lista a tinta vermelha.
E pensei para mim: não é normal que, não tendo dedos anormais, duas pessoas diferentes me arranquem pedaços, fazendo-me sangrar sem explicação. Ainda mais estranho é quando, e reportando só ao mais recente, nos últimos dois anos tenho feito as unhas, se não todas as semanas, pelo menos, pelo menos, três vezes por mês e nunca, jamais em tempo algum, a minha S., a minha outra S. ou se quer a A. me fizeram alguma vez alguma ferida. Não é normal!
Adiante.
Passou-se mais de um mês sem que voltasse a ter coragem de experimentar outra manicuradora. Até que esta semana, estando as minhas ricas unhas num santo Cristo, lá arrisquei a sorte. E juro por todas as alminhas do céu que a senhora em causa, uma diferente das outras duas, claro está, me desdedou novamente! E toca a jorrar sangue, mais uma vez! Mas como é possível?! Não percebo isto! Mas que se passa com as profissionais das mãos desta cidade?
Uma coisa é pagar pequenas fortunas para pintar as unhas, ainda mais por ser francesa (expliquem-me já agora o porquê.. é que fazer um pequeno risco branco na pontinha não é coisa assim tão complicada); coisa diferente, e com que não posso pactuar, é pagar essa fortuna para perder pedaços de dedo (e sangue, tão precioso que ele é)! Ora bolas para a manicure!
Agora, e para concluir isto das futilidades, digam-me por favor onde é que encontro alguém que me arranje as unhas sem me arrancar dedos e que não me cobre rios de dinheiro para o fazer..!
Lamechices (crónicas de um sábado passado)
O P. está finalmente de volta. Acordei às 04.40 h. da manhã para ir ao encontro de um voo que aterrou às 05.48 h.
Adoro terminais de chegadas! Mesmo às seis da manhã. As pessoas são poucas e a emoção mais contida mas vejo este casal à espera do filho e aquela senhora com o pequenino pela mão que entre muito sono e uma chupeta ainda tem tempo para avisar que vai dar um abraço muito apertado ao pai.
Gosto destes reencontros, do rever das pessoas, dos abraços sentidos, da alegria imensa. Quando era pequena e a minha mãe ia em viagens de trabalho, dizia-lhe que o bom de estar longe era poder matar saudades no regresso. Continuo assim, uma criança pequena que sente as ausências mas vibra com as chegadas.
Abraçar o P., no alto do seu colo de 1,97 mt., faz crer que não nos vemos há meses. Foram só cinco dias mas sinto-o como uma pequena eternidade de todas as vezes que entro num aeroporto. Voltar a vê-lo é encontrar todas as peças que se foram desintegrando neste puzzle que sou. Gosto de o encontrar assim, nos terminais de chegada, onde os motivos de felicidade se mostram em cada sorriso que vejo e onde a expectativa do reencontro é tão forte. De lá saímos mais inteiros e completos, agora que a outra metade voltou.
Rotina, querida rotina
Em direito there's a saying para demonstrar a importância de bem alegar nos articulados. Diz-se que "o que não está nos autos, não está no mundo." E eu sou mais ou menos assim com a agenda. Na minha secretária vive feliz a minha agenda, na qual aponto todas as coisas que tenho para fazer. Profissionais, na sua maioria, mas outras também: curso de espanhol às terças e quintas, jantar com A, B ou C, fim-de-semana aqui ou ali, consultas, marcações. E cumpre-se religiosamente. Está sempre aberta e é a primeira coisa para onde olho quando chego e a última que vejo antes de ir embora. Faz-me bem e orienta-me esta regra e falta-me o ar se me falta a agenda. Cumpro-a com rigor e sem desvios, salvo aqueles com que não posso contar e isto de saber a cada manhã como tenho organizado o meu dia, encaixa perfeitamente no meu gosto por rotinas. Já aqui falamos disto. Sou uma ave rara, pronto, mas gosto disto.
Bom, tudo para chegar a este ponto (apercebo-me deste meu traço com grande frequência: dou sempre a volta ao mundo antes de chegar onde quero - coisa que, aliás poderia muito bem ser tema de outra conversa).
O meu verdadeiro problema é que o ginásio não está na agenda. É por isso que se passam dias e dias, semanas e mais semanas sem que lá ponha os pés. E com pena minha. Se lá estivesse, como o trabalho, as reuniões e todas as coisas que tenho para fazer, fazia-o, sem questionar. Todos os dias há aulas às 07.10 h. e juro que é só começar para entrar na minha rotina e não mais me voltar a passar pela cabeça não ir. Tenho-me portado inacreditavelmente mal. Mas agora que encontrei a cura para este caso, não há mais desculpas. Agendarei para não mais me esquecer. Porque só o que está na agenda é que está no mundo!
As velas ardem até ao fim
Arrastei-o mais meses do que merecia e nem sei explicar porquê. Aconteceram tantos outros pelo caminho e este só nos intervalos. Mas é bom, é um livro muito bom.
Fixei isto,
"Uma pessoa tem sempre medo duma felicidade tão ordenada. Gostava de oferecer algum sacrifício ao destino (...). Sabes, uma pessoa gosta de devolver aos deuses algo da sua felicidade. Porque os deuses são invejosos, como se sabe, e quando oferecem um ano de felicidade a um mortal comum, anotam logo essa dívida e no fim da vida reclamam-na com juros de usura."
Comecei a semana em forte desenvolvimento cerebral de ideias de génio!
Tudo porque, contrariamente ao habitual, fui almoçar com o P.
Trabalhamos em sítios diferentes mas hoje combinamos uma hora de almoço comum. São uns momentos a correr mas sabem mesmo bem.
E então lembrei-me!
Se o estado gasta tanto dinheiro em coisas tão inúteis, sem interesse ou préstimo e só porque sim, proponho a criação de um novo posto de trabalho público, voluntariando-me já para o integrar.
O trabalho consiste nessa árdua tarefa de dar mimos o dia todo. Ficar ali, de volta da nossa pessoa, em namoro pegado, todo o dia.
Contribui para a felicidade da população, bem como para a economia, já que durante o dia podemos almoçar num sítio, lanchar num outro, comprar uma ou outra coisa, uns chocolates ou afins. E isto já para não falar que a calma e a paciência iam por aí acima, enquanto que as energias negativas e o stress responsável pelas queixas e manifestações nem vê-lo. Ganhávamos todos. E por isso estou totalmente disponível para começar de imediato. Nem sou esquisita com o horário, local ou remuneração. Só porque tenho o coração grande, sim? Bem sei que é um trabalho difícil mas alguém tem de o fazer.
Isto não é coisa de que me orgulhe mas..
Diz que..
Correm rumores de que hoje, em Lisboa, há um chá da Alice no País das Maravilhas na Gulbenkian e um mercado no CCB.
De maneiras que por aqui estamos a decidir o que fazer nesta tarde de domingo.
Se uma coisa, se outra, se scones com chá e um filme..!
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