O corpo também é um projecto sem fim

A corrida de hoje foi amigavelmente acompanhada pelo sol; não um sol de praia, quentinho e bom, mas um meio envergonhado, embora simpático, que me sabe sempre bem. Carrega energia e ajuda a correr. E isto é mesmo verdade. Corro com mais vontade, com mais velocidade e julgo até ter maior resistência. O sol dá-me ares renovados.

O que aconteceu hoje na minha cabeça foi mais ou menos a mesma coisa; foi um ar que lhe deu e tive então uma epifania. Não há fim no objectivo de alcançar o corpo que se quer (já sabia disto, mas hoje renovou-se). Ainda que eu corresse todos os dias, fizesses todos os exercícios vocacionados para os meus propósitos, mesmo que deixasse em absoluto de comer aquilo que sei que não posso e que me portasse exemplarmente, como uma linda menina, ainda assim, não ia ver o dia em que, olhando o espelho, pudesse afirmar estar satisfeita. Somos inconformados. E exigentes e esquisitos. Tenho uma ideia do peso que gostava de ter, assente basicamente em nada (é um peso que em idade adulta nunca tive), mas se a balança me dissesse "parabéns, o teu peso é esse mesmo", ver-me seria achar que ainda não é suficiente. Tenho também uma ideia do que é um corpo bonito (na minha óptica), vejo mulheres esculturais, com tudo exactamente onde deve estar, barriga, pernas, tudo, mas se entrasse aí numa sala de cirurgia (imposível! Vejo sangue e desmaio) e saísse tal e qual, certamente ainda havia algum defeito. Sou inconformada, exigente e esquisita. E se há coisas na vida em que este sentimento pode trazer bons frutos, nesta área talvez não seja o caso. Porque é estética, mexe com a auto-estima e representa um problema grande.

Ainda assim, há que tentar (onde é que ja ouvimos isto?) e manter constante a obrigação do desporto, até ser um vício e uma absoluta necessidade. Lembro-me dos tempos das corridas diárias, dos tempos das três aulas por semana de ginásio e honestamente fazem-me falta. Falta física mas mental também.O desporto tem aquele efeito de varrer energias negativas, de desligar o cérebro dos problemas, de desanuviar por completo e isso faz-me tão bem como dormir oito horas de sono ou apanhar sol. Por isso vamos voltar às promesssas feitas, com a convicção de que não são só promessas mas objectivos de vida. Ainda para mais agora, que o ginásio está a duzentos metros...! Me aguarde, 2013!

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