Carta aberta. À minha filha que faz cinco anos
Aqui há dias ouvia alguém a dizer que os filhos só são dos pais nos primeiros anos, que depois são do mundo e nós só ficamos atrás a ver. Podia responder com aquele clássico de educação muito duvidosa (são do mundo o...) mas estamos em família e eu sou uma pessoa educada.
Quando olho para ti acho que nunca vou querer que sejas do mundo. Vais ser sempre a minha filha, que eu podia enrolar numa peça de sushi e colocar de novo na barriga. A minha filha que me diz a todas as horas que me adora ou me ama, que nos diz a todos que adora e ama a família, que prefere o tempo que está connosco a qualquer outra coisa. Custa-me a crer que um dia vais ter vergonha se te quiser dar um beijo à porta da escola ou se te chamar pingú à frente de amigos. Mas estarei certamente em negação.
Fazeres cinco anos assusta-me um bocadinho, porque não tarda estás na primária, no ciclo, no secundário e as pessoas dizem que os filhos crescem e deixam de ser dos pais.
Aos cinco anos eu continuo a querer que sejas minha todos os dias, da mesma maneira que quando tinhas um dia, um mês ou um ano. Como tu própria poderias dizer de ti mesma, és "amorosa" ou "um amor" e eu subscrevo com assinatura reconhecida. Continuas exactamente a mesma menina meiga, querida, bem comportada, sensível, educada. Não quer dizer que não te dê os cinco minutos de quando em vez mas a tua capacidade de pedir desculpa e reconhecer o erro é gigante. A tua inteligência emocional é ela toda enorme e cresce todos os dias. Tu também. Já chegas a casa a falar de oxigénio que é essencial à vida e há dias dizias que temos um osso chamado rádio - o que achaste muito engraçado. Mostras imenso entusiasmo por aprender coisas novas, continuas preguiçosa para tomar o pequeno-almoço, se te derem lápis e papel não precisas de mais nada e há umas semanas que não largas o diário. Melhor do que isso só se houver praia e piscina, que quem te der água, dá-te o céu. É giro também ver como algumas coisas não mudam, e embora sejas agora muito mais sociável com crianças que não conheces (no parque perguntas "querer ser minha amiga?"), continuas a preferir ambientes mais calmos e menos confusão. Mas conversas com toda a gente, como gente grande. Acho que é porque estás, efectivamente, muito grande. Gostava de te dar o céu, o sol, o mundo, todos os planetas, astros e cometas, tudo o que existe e vemos e aquilo que nunca ninguém viu porque mereces o que ainda está por inventar. És a minha C. mais perfeita deste mundo e dos outros e embora nunca vás entender isto na sua real dimensão, eu vou passar o resto da vida a tentar. Com tudo o que aqui cabe, Gosto de Ti. Parabéns a nós.
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Carta aberta C.
1 Coisas dos outros
Temos mesmo que aproveitar todos os momentos, pois passam demasiado depressa.
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