O dia em que pensei que tinha perdido dois anéis e me fartei de chora
Não sou uma pessoa materialista. Não gasto dinheiro em excesso em bens materiais. As marcas não me dizem nada. Mas há objectos que são muito especiais.
Não sou uma pessoa materialista mas houve um dia em que pensei que tinha perdido dois anéis e me fartei de chorar.
Há meia dúzia de objectos que fazem parte de mim. Alguns são cadernos. Há uma caneta. Uma peça de decoração. E os meus anéis.
Os meus anéis especiais contam histórias, são parte da minha vida, são recordações maiores. Dizem-me muito. Dizem tudo.
A minha aliança por exemplo é uma fotografia constante do meu casamento no meu dedo. É uma alegria constante, uma lembrança física sempre presente. Se a perdesse, nem sei.
Guardo todos os meus anéis queridos numa caixinha especial. Nunca me faltou nenhum, sei deles todos. Sei de quando são, por que foram. Uso-os sempre, entre uns e outros.
Um deles recebi-o no dia em que chegamos a casa do hospital depois de a C. nascer. Em cima da alcofa dela o P. colocou o embrulho com um bilhetinho que dizia “obrigada por me teres trazido ao mundo.” O nascimento da minha filha não precisa de nenhuma recordação para estar sempre presente mas aquele anel marcou aquele momento. E quando há dias abri a caixa para o usar, não estava lá.
Sei que é só um anel, embora para mim não seja só um anel, mas comecei a entrar em pânico. Primeiro porque eles estão sempre todos ali; depois porque não me lembrava de lhe ter mexido. Achei que o tinha perdido sem ter dado por isso, o que significava que jamais o conseguiria encontrar. Procurei em toda a caixa (como se fosse enorme) e em todas as caixinhas de anéis. Nada, nem sinal. Desespero.
Foi nesse dia mais tarde que me lembrei de uma outra caixa, de bijuterias, onde guardo em saquinhos de pano todos os colares e pulseiras e onde tinha alguma reminiscência de ter posto anéis para levar de férias. Dentro dessa caixa estava um saquinho preto com alguns colares e o meu anel da C. Respirar de alívio!
Em conversa com uma amiga disse-me que durante a gravidez tinha perdido a chave do carro e a aliança mas que ambas apareceram já depois do filho nascer. Uma numa gaveta da mesinha de cabeceira e outra no fundo de uma carteira. Vou atribuir este susto à gravidez e falta de memória mas ainda assim deixar passar algum tempo antes de voltar a usar anéis. Sinto-os mais seguros na caixa. E não ganhei para o susto.
1 Coisas dos outros
Eu perdi uma peça que o meu marido me ofereceu no meu primeiro aniversário pós-nascimento da S. Sempre que me lembro que a perdi, aperta-se-me o coração! Por isso, entendo bem o que sentiste!
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