O meu coração pode amar pelos dois

Ainda não tenho este assunto completamente resolvido na minha cabeça mas vou adiantar-me com aquilo que me parece ser a realidade dos factos a esta data. É pelo menos aquilo que sinto agora, sem prejuízo de vir a mudar de ideias.

Houve um tempo na minha vida em que eu achava que nunca se amaria um segundo filho como o primeiro. Não podia conceber que num coração só, que não estica, coubesse duas vezes um amor tão enorme e avassalador. Faltava-me o ar, simplesmente não podia ser. Racionalmente eu sabia que deveria ser possível para algumas mães já que não faltam famílias com dois, três ou mais filhos mas em mim esse amor não podia ser igual. Não havia espaço.

Houve um tempo também na minha vida em que eu achava que jamais conseguiria dormir longe da C. Passar um dia fora ou um fim-de-semana estava fora de questão, jamais. O tempo mostrou-me que eu estava enganada. Mostrou-me sobretudo que com os filhos há um tempo para tudo e isto é uma verdade universal para todas as coisas. Com o tempo (mais de um ano e meio é certo), eu percebi que podia dormir uma noite sem ela sem nenhum mal vir ao mundo (antes pelo contrário, na verdade). Hoje em dia não o fazemos todos os meses mas já temos ido alguns fins-de-semana a dois, o que eu achava que seria impossível. O tempo cedeu.

A falta de espaço para amar um segundo filho está também a ceder. Onde eu achava que não cabia mais ninguém, parece agora que começa a haver lugar. E o que me mais me surpreende na verdade é que esse espaço novo não é feito à custa do anterior porque nada em mim mudou no amor incondicional pela minha filha. Parece só que o coração vai esticando, talvez estique sempre até ao dia em que o segundo nasce e o amor explode como se fosse a primeira vez e cabem então estes dois amores maiores.

Não deixo no entanto de me surpreender com o efeito que a passagem do tempo tem na nossa vida. Onde eu achava que tanta coisa nunca aconteceria, tenho vindo a perceber que não é bem assim. Achava que para recém nascido só conseguia imaginar a C. mas agora já começo a imaginar como será viver tudo outra vez, aquele cheirinho maravilhoso que eles têm, o caberem inteirinhos no nosso colo, a tranquilidade que dão. Já me apetece outra vez e o meu coração pode amar pelas duas.

1 Coisas dos outros

  1. Claro que sim! Mau era! Mas as dúvidas são normais, acho eu! Todas as mães pensam nisso, quer tenham ou não mais que um filho!

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