É tudo tão estúpido

Partilho gabinete com uma amiga que é uma inspiração. É a pessoa mais positiva que conheço, que nunca se queixa, que vê sempre – sempre! – o copo meio cheio. Tenho vindo a perceber que é a pessoa ideal para se partilhar o trabalho porque o positivismo é contagiante. Para além disso é imensamente calma e tranquila. Não só no trabalho como na vida, com os filhos, com ela própria, com tudo na verdade. Há paz e calma e tranquilidade e é tudo mais devagar, no bom sentido. Várias vezes se estou preocupada com alguma coisa que não tem interesse nenhum, me tem chamado à realidade. Muitas vezes me diz que estamos todos vivos e com saúde, incluindo mental. Não há nada mais importante e eu sei que ela tem razão. Devíamos ser todos mais como ela.

Na semana passada estávamos a trabalhar, mais um dia normal e o telefone dela tocou para que visse o mundo desabar. As notícias foram as piores possíveis e foi assim que viu partir o pai. 

A nossa vida é estúpida, não há outra maneira de olhar para ela.
Preocupamo-nos com coisas que não são importantes, damos prioridades a coisas não prioritárias. E o pior de tudo é que muitas vezes é só com estes acontecimentos trágicos que acordamos um pouco da apatia. É tudo estúpido, sem sentido e frágil. A fragilidade da vida é imensamente assustadora. Valerá a pena fazermos planos? É certo que não podemos viver atormentados com a certeza de que é tudo efémero mas se calhar a vida não é nossa, foi só emprestada. E ter isso presente talvez possa ajudar a focar no que é realmente importante, a aproveitar. E sobretudo a agradecer.

1 Coisas dos outros