A minha mãe mandou-me arrumar o quarto e eu arrume a casa

De certeza que existe alguma explicação que a física ou a matemática possam dar porque isto é tão rigoroso como um número ou uma fórmula. Não pode ser só sorte ou destino. Nem pode ser só o universo a dar-me em dobro por um dia me ter portado bem, porque isto é muito mais do que uma multiplicação por dois, três ou dez. O nosso casamento é uma divisão de resto zero, absolutamente exacto. Não há noves fora, nem vírgulas, nem casas decimais. Somos uma unidade perfeita e eu sou imensamente grata.

O P. tem a capacidade inacreditável de me continuar a surpreender, de me mimar como se ainda me quisesse conquistar e eu não estivesse totalmente rendida, de ser atencioso e de ter uma atenção enorme aos pormenores. Como uma folha de papel em cima da mesa da cozinha que diz "feliz dia dos namorados", como um chocolatinho quando eu fico à espera no carro enquanto põe gasóleo, como deixar a tocar uma música que eu gosto enquanto tomo banho a um sábado de manhã. Passaram doze anos e é tudo como se fosse a primeira vez, o deslumbramento e a dedicação, a fazer-me sentir a mais especial das pessoas (e a estragar-me com mimos!).
Não sei que dei eu ao mundo para receber isto de volta - e seguramente nem sempre sou com ele como é comigo (mea culpa) mas a sorte que tenho não tem tamanho e eu reconheço-o todos os dias. Não sei bem o que seria se o universo não se tivesse posto a jeito para nos encontrarmos (e foi - mesmo - uma daquelas coincidências em que de certezinha absoluta, não há coincidência alguma e tinha mesmo de acontecer) porque nós somos exactamente o que tínhamos de ser. Ponto final.

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