Este post tem data de ontem

O meu avô tinha a mania de contar.
Contava os degraus da casa da praia, contava os passos até ao café, as fotografias nas paredes, os lugares sentados à mesa, os anos de trabalho. Contava em silêncio mas declarava o número em voz alta, como se tivéssemos de adivinhar. Se estava no terceiro andar do nosso prédio e dizia "sessenta e dois", sabíamos que eram as escadas. Se estava no corredor muito parado e se saía com um "dez", poderiam ser as fotografias que estão penduradas ou a idade que tinha numa situação qualquer.
Contava também os anos das pessoas, as datas, os eventos. E sabia todos os números que contava de cor.

O meu avô contava várias coisas mas o que mais gostava de contar eram os filhos, os netos e a família. Foi assim que quatro, nove e vinte ganharam significado na nossa vida. Contava a família não para fazer número mas como garantia de saber que estávamos todos juntos, pela alegria de nos ter.

Aprendi esta alegria com o meu avô. A alegria de sermos esta família que somos e que tão feliz o fazia a ele. Hoje seria um dia de sermos felizes.

Se tivesse aprendido a contar como o meu avô, contava hoje noventa e quatro anos.
Ele estaria antes a contar-nos a nós.
E o mais importante das contas é que na nossa família hoje já somos vinte e um.

1 Coisas dos outros

  1. E o Natal tráz à memóqria ans lembranças dos que já partiram.
    Kis:=(

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