03 2020

Fiz 33 anos e o meu marido e filhas fizeram-me uma surpresa: fomos passar o fim-de-semana ao Luso, com direito a piscina só para nós, muito mimo e imenso descanso. Passeamos imenso, aproveitamos muito e no domingo quando regressávamos a casa, o homem desviou para outro caminho e acabamos a jantar em casa dos meus pais, com a família toda - uma coisa que estava totalmente longe da minha imaginação. Foi dia 1 e foi o primeiro, mas o último dia do mês em que a nossa vida era como a conhecíamos. No dia seguinte foi detectado o primeiro caso de Covid-19 em Portugal e uns dias depois estávamos confinados a casa, em isolamento social, longe de tudo e todos, em pleno estado de emergência. Entre uma coisa e outra, demos um salto a Tróia - o último reduto da liberdade, para um fim-de-semana em modo sopas e descanso: P. a trabalhar num evento da empresa e eu a ler dois livros e meio em 48 horas. Chegamos domingo à noite, fomos buscar as miúdas, a C. foi à escola três dias nessa semana e depois disso não voltamos a sair. Tive algum receio da viagem mas agora que passaram mais de catorze dias, ainda bem que fomos. É sempre maravilhoso voltar aos sítios onde fomos felizes.
Entramos em quarentena no dia 11 de Março. Depois disso os dias foram todos bastante semelhantes (mas distinguimos semana de fim-de-semana!), ainda que com coisas boas. A escola da C. entrou em modo online a partir de segunda-feira e tem sido excepcional em tudo. As aulas de música da I. também. Uns amigos contaram-nos na primeira video call que fizemos que estão à espera do terceiro filhos e temo-nos encontrado todos em Zoom para "beber um copo" de vez em quando. Uma amiga tem-me surpreendido a cada dia, em especial quando troquei com ela pastilhas da máquina por legumes e me deixou à porta um cabaz sem tamanho que me pôs lágrimas nos olhos. Apesar das distâncias, as pessoas aproximaram-se e vejo amor em todo o lado. Escolho não pensar nas coisas menos boas, como ter saudades imensas dos meus pais e saber que as minhas filhas estão igual. Hoje escolhemos só o lado bom e por isso Março foi, apesar de tudo, um mês de amor, de família, de proximidade aos nossos. E tudo vai melhorar.

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