Viagens com crianças

Quando a C. tinha sete meses, meti-me num avião com ela e atravessamos o oceano para ir ver o pai a Nova Iorque. Mais tarde, tinha ela um ano e meio ou pouco mais, fomos à Irlanda. Desde essa altura - portanto há três anos - que não andávamos de avião com ela. A explicação reside no pequeno detalhe de ela ter tido uma otite no regresso (que desconhecíamos porque não tinha queixas) e de ter chorado com dores na aterragem. My poor baby. Não voltamos a ter coragem, sempre com receio (sendo que ela já esteve na calha para ser operada por ter feito algumas otites, não quisemos arriscar). Entretanto nasceu a I. e a isto somou-se um bebé. Pelo que somos um pelo pack de quatro com os pés na terra.

Até ao fim-de-semana passado.
No fim-de-semana passado viajamos a quatro de avião, com destino à Irlanda (irmão emigrado) e eis as dicas ou

Considerações sobre viagens de avião com crianças


Ponto primeiro, levamos 3 malas de cabine (e nenhuma de porão), uma mochila, um carrinho de bebé e a C. levava uma mochila de brinquedos (que nós acabamos a carregar, como está bom de ver). Levamos as três malas apenas e só porque estava a contar com compras lá, porque caso assim não fosse, duas teriam chegado. Foram daqui a meio gás (voltaram cheias, claro!) A este respeito dizer por isso que quatro dias para quatro pessoas em roupa cabem totalmente em duas malas de cabine, visto que economizei bastante nessa parte: apenas e só o essencial.

E o que é o essencial?
Para nós levamos apenas um calçado nos pés e nenhum de reserva.
Para mim levei uma calças vestidas, duas saias e três partes de cima (as calças com que fui, voltei). Casaco vestido porque lá faz frio. Roupa interior contada com uma muda extra e um pijama.
Para o P. igual, substituindo saias por calças, naturalmente.
Para as miúdas, uma muda de roupa por dia e mais uma de reserva. Vinte fraldas (que sobraram), um pijama para a C. e dois para a I. e casaco mais quente (além do que foi vestido). Para cada uma levei também um calçado extra (que não usaram mas eu tinha receio da chuva). Toda a roupa foi mais do que suficiente para todos.
Levei ainda quatro bolsas com os produtos de higiene e uma bolsa com medicação / farmácia básica (ben-u-ron, brufene, termómetro, you know). Nota importante: estes sacos foram no bolso de fora da mala o que ajudou imenso na segurança, que passarem quatro pessoas, sendo duas crianças, é uma pequenina confusão. Tudo o que facilitar, bem-vindo.

A mochila que eu levava tinha o básico para a viagem: água, comida (bolachas, iogurtes), duas ou três fraldas e toalhitas, alguns brinquedos, lenços de papel e uma muda de roupa para a I. À saída de casa o P. achou que devíamos levar o portátil, onde colocou alguns desenhos, e confesso que foi uma ajuda enorme. Na viagem de ida a I. não ficou parada um único segundo, pelo que andávamos, ora eu, ora o homem, a passear pelo avião, enquanto que a C. viu alguns desenhos animados. No regresso, a I. veio entretida no nosso colo (fizemos a viagem toda sentados, foi algo nunca visto) e a C. foi quem aproveitou novamente o portátil. Diria no entanto que foi uma boa decisão (eu achava que não seria necessário).

A mochila de brinquedos da C. acabou por ser a peça que podia bem ter ficado em casa, visto que praticamente não a abriu nos voos. Lá brincou bastante, mas foi desnecessário acrescentar este volume quando o conteúdo cabia nas malas. De futuro fica em casa e reduzimos uma coisa a transportar (quanto menos tralha, melhor).

O carrinho é bengala, bastante prático, já com alguns anos mas não chegou porque a C. é o ser mais preguiçoso ao cimo da terra e queria sempre, sempre, sempre colo. Conclusão, empurrávamos um carrinho e carregávamos uma criança a maior parte do tempo. De futuro não sei bem resolver isto porque não estou a considerar comprar um de gémeos e nem consigo, acho eu, levar o patim (plataforma que prendo no carrinho e onde a C. vai em pé), que nos salva cá. A alternativa será, creio, levar o marsúpio para a I. e manter o carrinho. Sendo que várias vezes pensei que devia de facto ter levado o marsúpio (em especial quando estava há mais de três minutos com a C. - 19 quilos de gente - ao colo). Dica a ter em conta, não esquecer.

Outra coisa que achei importante ter pensado, foi ter as coisas o mais à mão possível, quer fossem os cartões de cidadão, bilhetes, água, lenços, chupeta. Para isso usei uma mochila e uma mala que têm bolsos mais pequenos à frente. Isto ajuda imensamente no momento de mostrar documentos, passar segurança, dar-lhes alguma coisa que peçam. A segurança por exemplo implica despir casacos, cintos, tirar mochila, tirar I. do carrinho, desmontar carrinho, pôr malas nos tabuleiros. Há ali uma logística considerável, que se tivermos tudo à mão, ajuda. No regresso trazia sopa e um boião de fruta para dar à I. e foi sujeita a inspeção, o que nos fez ali perder algum tempo. Ter a mochila organizada e arrumada para depois colocar tudo novamente sem perder tempo a arranjar espaço para caber, foi também bastante útil. 

Nota final, descomplicar. Se é uma da tarde e elas ainda não almoçaram, não há problema. Comem uma fruta, ou umas bolachas e fazem tempo até ao almoço (sábado por exemplo, almoçamos às três da tarde). Confesso que esta parte das refeições é aquilo que ainda me mete alguma confusão, em especial porque a I. ainda é pequena e eu gosto de respeitar as horas dela. No entanto, tendo sido só quatro dias, não veio mal ao mundo. No geral correu aliás tudo muito, muito bem.

Tudo somado foram quatro dias mesmo, mesmo bons. Uma coisa totalmente nova na vida delas e uma experiência de que com certeza vão guardar boas memórias (mesmo que não se lembrem com rigor). Espero que com isto tenhamos ultrapassado o temor-otite e possamos fazer isto mais vezes, qual pack de quatro feliz.

1 Coisas dos outros

  1. Com ou sem crianças, a verdade é que quando menos tralha levarmos, melhor.

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