Carta aberta. À minha filha que faz um ano
I.,
Ter uma segunda filha foi algo que desejamos muito. Quando soubemos que aí vinhas foi um dia muito, muito feliz. Ter-te no meu colo foi a prova daquilo que eu sempre desconfiei: um segundo filho só é segundo em número. Em amor é como o primeiro. Chegaste e somos um pack de quatro e podia ter sido sempre assim. Acendeste mais uma luz na nossa vida e somos mais ricos, mais felizes, mais apaixonados.
Ver-te crescer é estar sempre a rir.
És o bebé de um ano com mais piada, mais sentido de humor e possivelmente mais prémios de malandrice. Não paras um único segundo. És literalmente o nosso furacão mais pequeno. Mexes em tudo, agarras em tudo, és incapaz de estar sentada e, isto vai admirar-te quando fores maior, começaste a andar há uma ou duas semanas. Desde os oito / nove meses que te recusas a sentar e só queres andar a pé mas aumentaste o nível para andar sozinha muito recentemente. Dizemos-te que és tolinha, porque te largas dos sofás ou móveis e vais a duzentos à hora. Não admira que tenhas uma negra na testa neste preciso momento!
És muito, muito engraçada e embora não digas nada (além de "olá" e "papá"), percebes absolutamente tudo e fazes-te entender na perfeição. Esticas esse mini dedo indicador e toca de explicar o que queres. Abanas a cabeça para dizer que sim, o que vem geralmente depois da pergunta "queres comer?". És um pequeno poço sem fundo e muito esfomeada. Se demoramos mais do que trinta segundos a pôr-te a comida à frente, toca de barafustar, pernas, braços, tudo. Quero comida e quero depressa!
Dormir, menos depressinha. Adormeces lindamente e dormes muito bem até certa altura, mas há sempre um momento da noite em que bem, bem é estar em pé na cama a cantar o fado. Facto que demora por vezes uma hora a ser desfeito e a ter regresso ao sono. Vamos trabalhar nisso, vais ver.
Adoras tomar banho, ir passear à rua (tens até esse hábito super engraçado de te pores na porta a bater com os braços) e quando reclamas fazes um choro falso que nos faz rir a todos. Tem acontecido quase que como "private joke" pores-te à beira do aquecedor onde sabes bem que não podes mexer, parece que só para ouvir um não e reproduzir esse som de choro de crocodilo!
Não tens absolutamente nenhum dente - o que é delicioso porque és oficialmente o bebé que anda mas que não tem dentes. O cabelo começa agora a querer crescer, mas ao seu ritmo, sem pressas. Os ganchos aguardam na gaveta - e a pediatra riu-se quando chegou o momento de falar de "lavagem dos dentes" na consulta do ano!
Detestas andar de carro - tal e qual a tua irmã na tua idade - e por isso ou viajamos a horas estratégicas ou há choros e bebés zangados.
Resmungas se te tiram alguma coisa da mão ou quando te apertam mais do que é suposto.
Tens uma adoração de baba pela C., mas mandas vir se ela faz alguma coisa com que não concordas - e sim, às vezes ela quer exactamente o que tens na mão e é capaz de to tirar (ao mesmo tempo que logo a seguir te diz "I., ouve a mana, tu és muito pequenina para isso.")
Não tens nenhum brinquedo preferido mas sabes onde estão vários. E descobriste um urso num livro que consegues encontrar no meio das páginas quando perguntamos "o ursinho?" Tens mais tendência para a tesoura da C., agrafador, aguarelas e tudo em que não possas mexer.
Só usas chupeta para dormir mas se te cruzares com ela durante o dia, toca de a meter na boca. Dás quando pedimos "dá" e consegues tirar e voltar a pôr na perfeição.
Desde os oito meses que "números dois" só no pote e já sabes muito bem pedir - mesmo sem falar.
Danças quando ouves música ou os brinquedos dão sons e se tiveres a sorte de apanhar a televisão ligada, quem te dera ficar a ver. Se pegas no comando apontas para a televisão e todos os telefones pões no ouvido "tá?"
Quando te perguntamos "onde está a boca?" abres dois metros de boca e é impossível não rir! Sabes onde estão os olhos, mãos e pés e "pentear" o cabelo. Tens imensas, imensas cócegas e é com o pai que mais te ris. Mas se alguém espirrar ou assoar o nariz, achas igualmente engraçado e ris-te às gargalhadas.
Ris para toda a gente, dizes olá a toda a gente e há dias a senhora do café que te vê todos os dias quando vais com a avó comer o teu pão, disse-lhe que nunca te tinha visto zangada. É bem verdade. Não haja dores nem sono e és a simpatia em pessoa, super bom feitio e muito alegre. Gosto de pensar que és uma bebé feliz.
Como mãe, não faço a menor ideia como é que nasceste ontem e hoje já fazes um ano mas foi um ano muito, muito bom. Só trouxeste coisas boas à nossa vida e é, literalmente, Natal todos os dias. Parabéns a nós!
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Carta aberta I.
1 Coisas dos outros
É tão bom o sentimento, dizem ser o melhor do mundo e deve ser mesmo :)
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