Throwback - Primeiro trimestre

À data em que escrevo estou perto do final do primeiro trimestre. Falta uma semana para as doze semanas. 

Acho que não tinha pensado nisto na primeira gravidez, mas agora verifico que (pelo menos) um terço do tempo em que estamos grávidas, não nos sentimos realmente grávidas. O meu médico diz que não podemos dizer que "não sentimos nada" mas neste momento eu estou exactamente nesse sítio. Não tenho barriga nenhuma. Ainda não engordei. Não sinto o bebé a mexer. A última consulta foi há tanto tempo que começo a entrar naquela espiral de "se calhar alguma coisa não está bem." Não sou a maior fã do primeiro trimestre. Porque é incerto e estou insegura. Tenho dúvidas (e nem se quer é o primeiro filho). Esta é na verdade a principal surpresa até aqui; na minha cabeça, estava convencida de que já sabia tudo, não haveria questões. No fundo, eu estava totalmente errada.

Começa por ainda não termos contado praticamente a ninguém, quando da C. a esta altura já toda a gente sabia. A esta data sabem os nossos pais e familiares muito próximos; e sabe uma amiga com quem partilho gabinete (porque era impossível esconder de alguém com quem passo tantas horas como o meu marido). Os nossos amigos não sabem. As minhas Amigas também não.
Se me perguntarem porque é que eu - pessoalmente - não quis contar, a resposta só pode ser uma: tive medo. Tenho ainda, hoje que ainda não acabou o primeiro trimestre. Acho que do primeiro filho não sabemos bem o que temos a perder; é isto que sinto. Sinto que podia contar a toda a gente, que ia correr tudo bem, mas na verdade eu não fazia ideia o que tinha a perder se não corresse. Não quer obviamente dizer que pouco me importava com o que pudesse acontecer; claro que importava! Simplesmente, eu não sabia a dimensão. Só depois de termos um filho é que sabemos o que é ter um filho e neste momento, eu consigo imaginar o tamanho de algum problema que pudesse surgir. Por isso quis restringir ao máximo os envolvidos, acho que para minha protecção. Isto tem no entanto o efeito reverso (e perverso) de fazer parecer com que não esteja a viver em pleno esta gravidez. Quando é público e notório, é mais real. Neste momento, nem me lembro às vezes que estou grávida e isto já se tem revelado em uma ou outra coisa prática, como a S. me dizer que a grávida tem prioridade e eu ficar a olhar para ela sem perceber, acabando por dizer que a filha dela já nasceu e ela já perdeu o estatuto (quando afinal estava a falar de mim).

Bom, de resto está tudo a correr bem. Tive alguns enjoos mas que honestamente não atribuí à gravidez e sono em geral. Preciso de comer mais vezes, agora até antes de me deitar, mas de resto não há mudanças significativas. Salvo claro, o meu sushi, que aboli. E as saladas. E a mousse de chocolate. E aquele fino ao final do dia. Arranjarei alternativas!

Estou desejosa em primeiro lugar que chegue a próxima ecografia, para me tranquilizar. E que a barriga comece a crescer! Adorei estar grávida da C.! Espero que desta vez seja igual. 

Não fazemos ideia do sexo - que agora me é completamente indiferente - mas tenho um feeling de que será um rapaz. A minha mãe acha que é menina e eu espero que da próxima vez que fale deste tema, já possa desempatar este jogo.

A coisa mais importante no entanto, e que é maior que qualquer consideração que possa fazer sobre o estado, sentimentos, pensamentos, banalidades, é que venha com saúde. Não há nada, absolutamente nada, que importe mais.

1 Coisas dos outros

  1. Com saúde e no fim do tempo (digo eu, que tive uma prematura às 25 semanas)!
    Vai correr tudo bem!
    Entendo perfeitamente o que escreveste (apesar de na minha segunda gravidez ter atrasado a partilha exatamente pela razão inversa - por saber o que é a perda e temer que ela voltasse a ocorrer)!
    Beijinhos.

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