Minha querida M.


Tenho-me queixado, ainda que com pena minha, que nem sempre o trabalho me faz feliz como gostaria, que nem sempre vou com alegria e que, verdade verdadeira, não é o que sonhei para mim. Mas não é, de facto.

Ainda assim, encontrei uma sorte imensa na M., que é exactamente como as pessoas deviam ser. Demo-nos bem desde o início mas passar metade dos dias com ela veio melhorar esta relação e tornar-nos mais cúmplices, mais próximas, mais amigas. Formamos um pequeno mundinho que contraria o sistema, reclamamos muitas vezes em simultâneo e estamos exactamente no mesmo sítio. As frustrações e alegrias tendem a ser comuns e sinto o companheirismo como uma enorme mais valia nos nossos dias. 

Estou grata por este encontro.
Momentos houve em que tememos que uma de nós não se mantivesse no barco e a preocupação primeira foi com a outra. Aqui ficamos, no entanto, e continuaremos para já até outros voos. São uma possibilidade real e quando acontecerem, o que mais lamentarei será a M.

0 Coisas dos outros