Manicure.
Não tenho vícios nem cometo grandes loucuras. Sou uma pessoa simples, contento-me com pouco e qualquer coisinha me faz feliz. Mas gosto de manicurar. Gosto de o fazer todas as semanas e dou-me a esse pequeno luxo sem remorsos há bastante tempo. Ou dava.
Quando vim para Lisboa uma "preocupação" que tinha era com a manicure. Há anos que as minhas mãos se limitam a rodar pela S., pela S., ou pela A. Uma de três, com especial pendência na primeira. Era um mimo que me dava, à sexta-feira à hora de almoço ou no fim do dia de trabalho. Conhecem-me e tratam-me sempre bem, ainda por cima a um excelente preço.
Durante imenso tempo deixei este gosto de parte porque honestamente não sabia onde ir. Até que tive um casamento e foi uma exigência da vida. Escolhi uma aqui na rua. O preço de tabela dizia € 7,00 (um roubo só por si). Paguei € 9,00 por ser francesa e durante a experiência a senhora arrancou-me um pedaço de dedo, tendo sangrado por cinco minutos. Risquei-a da lista.
Quinze dias depois, outro casamento, nova necessidade. Fui a outra, desta vez. O preço de € 5,00 foi afinal € 7,00 (francesa..) e mais uma vez, um bocado de dedo. Desta vez foi tão grande que a senhora gastou meio quilo de algodão e o sangue sem parar por dez minutos. Risquei da lista a tinta vermelha.
E pensei para mim: não é normal que, não tendo dedos anormais, duas pessoas diferentes me arranquem pedaços, fazendo-me sangrar sem explicação. Ainda mais estranho é quando, e reportando só ao mais recente, nos últimos dois anos tenho feito as unhas, se não todas as semanas, pelo menos, pelo menos, três vezes por mês e nunca, jamais em tempo algum, a minha S., a minha outra S. ou se quer a A. me fizeram alguma vez alguma ferida. Não é normal!
Adiante.
Passou-se mais de um mês sem que voltasse a ter coragem de experimentar outra manicuradora. Até que esta semana, estando as minhas ricas unhas num santo Cristo, lá arrisquei a sorte. E juro por todas as alminhas do céu que a senhora em causa, uma diferente das outras duas, claro está, me desdedou novamente! E toca a jorrar sangue, mais uma vez! Mas como é possível?! Não percebo isto! Mas que se passa com as profissionais das mãos desta cidade?
Uma coisa é pagar pequenas fortunas para pintar as unhas, ainda mais por ser francesa (expliquem-me já agora o porquê.. é que fazer um pequeno risco branco na pontinha não é coisa assim tão complicada); coisa diferente, e com que não posso pactuar, é pagar essa fortuna para perder pedaços de dedo (e sangue, tão precioso que ele é)! Ora bolas para a manicure!
Agora, e para concluir isto das futilidades, digam-me por favor onde é que encontro alguém que me arranje as unhas sem me arrancar dedos e que não me cobre rios de dinheiro para o fazer..!