Never judge a book by its cover

Quando visitamos pela primeira vez a casa que acabamos por comprar, fomos recebidos por um casal espectacular. Tinha quatro filhos a correr pela casa e havia todo um ambiente mágico de felicidade a quadruplicar por ali.

No dia em que assinamos a escritura, estavam felizes da vida porque iam no dia seguinte para um destino paradisíaco qualquer (uma ilha algures, não me lembro) para celebrar - disseram-nos eles - vinte e cinco anos de casados. Venderam a casa porque tinham recebido uma herança de um tio de uma casa-palacete, que iam restaurar porque o tio teria feito muito gosto que lá vivessem. Tudo encaixava. No ano em que a casa demoraria a restaurar, ficaram a morar no mesmo prédio onde compramos a nossa casa, mas no andar de cima. Solução provisória durante as obras mas que acabou por ser bastante prática porque só subiram um andar com tralhas e quatro miúdos. 

Quer isto dizer que temos vivido "paredes meias" com os vendedores, com quem convivemos diariamente. A C. brinca com os filhos deles e tudo está bem quando acaba bem.

Só que não.

Há algum tempo atrás disseram-nos que se iam divorciar porque já não se podiam ver.

E que afinal...

Os quatro filhos são de três pais diferentes;
Ele só é pai da mais nova (tem sete anos);
Ele tem mais duas filhas de vinte e três e vinte e um anos

E ou eu não sei fazer contas ou não sei como estão casados há vinte e cinco anos.

Perante isto, a ideia da família perfeita que tivemos quando visitamos a casa pela primeira vez, caiu um pouco por terra. E eu fico triste porque acredito em histórias de amor e esta não correu assim tão bem. Mas sem dúvida que me recordou que as coisas na aparência são muitas vezes totalmente diferentes da essência.

1 Coisas dos outros

  1. A vida dos outros parece-nos muitas vezes melhor que a nossa porque não a conhecemos como conhecemos a nossa. E porque as pessoas muitas vezes fazem questão de tentar passar a imagem de vida maravilhosa.

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