Dois bebés quarentena

Uma grande, grande amiga disse-nos em Setembro de 2019 que estava grávida, ainda todos longe de imaginar o que Março do ano seguinte nos traria. O bebé nasceu em Maio, já em plena pandemia, só o fomos conhecer em Agosto - o que nunca aconteceria num cenário normal - e apesar de falarmos com regularidade, não nos voltamos a ver. Um cenário certamente comum em muitas pessoas.

O que aconteceu depois disso é que foi realmente maravilhoso. Quando o bebé tinha três meses, ela descobriu que estava grávida outra vez - o que não estava nos planos, e foi assustador ao início, mas depois só muito bonito! Com um ano do mais velho, nasceu a segunda - um casal de quase gémeos, os dois bebés quarentena (bebés pandemia é só péssimo), prova de que acontecem coisas incríveis mesmo nas piores alturas!

Vacinadas e com cuidados, vamo-nos voltar a ver, quase um ano depois, sendo que a última vez que a vi ela tinha um bebé de poucos meses, passou um ano e volto a vê-la com um bebé de poucos meses outra vez! Nem é por eu adorar bebés; é mesmo porque isto é lindo!

Ao nível do comércio online...

 Deviam nomear, se ainda não o fizeram, um santo do comércio online, para onde nos benzêssemos sempre que necessário, nomeadamente antes de nos desgraçarmos em compras. O caos total nessa matéria se pensar que em dois dias mandei vir uma agenda e cinco livros só porque sou louca.

Que dizer sobre isto?

A minha agenda papel acaba dia 30 de Agosto, pelo que necessitava de substituta e por mero acaso vi uma maravilhosa pela "módica" quantia de 25 euros.

Procurando online, encontrei a 21 euros. Procurando melhor, a 16 - exactamente o mesmo artigo. Paguei-a às duas da tarde de uma segunda-feira e chegou ao meio dia de terça. Como é que faz quando não se compra online? Não faço ideia, a sério!

Dias depois, a wook fez aquela coisa espetacular que eu adoro de informar que tinha os livros a 20% de desconto; mas mais do que isso, de informar que os livros que euzinha tinha na lista de favoritos, estavam com 20% de desconto. Ora, o desconto geral e universal a pessoa gosta; o desconto particular nos seus próprios livros, a pessoa tem de correr atrás! De modos que sim senhora, venham daí cinco livros - mas santo blogger é testemunha de que eu estou sempre a ler! E depois disso fecho os computadores, telemóveis, tablets e outros dispositvos e prometo a santo comércio online que não compro mais nada até aos 78 anos; ai não, espera! Ainda não nomearam esse santo! 

Como assim, DEZ anos?

Há umas semanas falávamos no trabalho sobre aniversários, casamentos e afins e eu comentava que no próximo ano faço dez anos de casada (ao que me perguntaram se tinha casado aos doze e eu achei maravilhoso!). True story no entanto, P. e eu casamos em 2012, pelo que no próximo ano haverá festa grande (ou grande viagem, a decidir).

De qualquer forma, sendo isto absolutamente incrível, o que me ocorreu depois foi que, em data próxima, apenas uns meses antes, faz também dez anos de blog. DEZ ANOS! Como assim?

Surpreendente que ainda o mantenha, mas mais do que isso, inacreditável que tenha um diário físico dos meus últimos dez anos. Tendemos todos a esquecer tudo e eu consigo ir consultar grande parte. Uau! Fiquei fascinada com esta noção - o meu diário da vida adulta! Com aquela vantagem de ser um perfeito desconhecido da world wide web e nessa medida ser exactamente what you see is what you get. Certo que já viu anos de 400 posts e outros de 200 ou menos (130 em 2019, ano mais baixo de sempre) mas ainda assim a média não é péssima e retrata fielmente o que se tem passado, desde as vésperas de preparar o meu casamento, segundo ou terceiro ano a trabalhar, mudanças de cidade (duas vezes!), filhos (duas vezes também), doze ou treze anos de trabalho entretanto, viagens, restaurantes, pensamentos, reflexões, nada de jeito a maior parte das vezes e - ainda hoje - muito de isto, aquilo e outras coisas. Yey to us! E em Março brindamos!

o que importa

Quando fui mãe pela primeira vez, nasceu um medo que até à data não tinha tão presente; um medo enorme de doenças, de catástrofes, de problemas. No primeiro ano a C. teve algumas bronquiolites e eu das primeiras vezes entrava em pânico. Quando na verdade, fossem essas todas as doenças do mundo. O P. dizia sempre que, havendo diagnóstico e cura sem sequelas, estava sempre tudo bem. E começamos a dizer todos que o que importa é ter saúde. A C. foi crescendo a ouvir esta frase e quando era pequenina, mas já falava, se ela fazia alguma asneira e nós chamávamos à atenção (riscou uma parede, partiu um copo, esse tipo de coisas), ela respondia logo na ponta da língua que "isso não importa; o que importa é ter saúde." É uma frase chave em nossa casa.

Quando a ideia de uma nova tatuagem se começou a materializar, eu sabia que teria de ser uma espécie de terapia, uma recordação presente da graça que devemos dar pela sorte que temos, da gratidão imensa que tenho. Mas sou muito stressada, sofro por antecipação, panico com bastante frequência, o meu coração acelera depressa. Nem sempre me consigo lembrar que os filmes que a minha cabeça faz, na maior parte dos casos são mesmo só filmes e está tudo bem. O P. é muito bom a por-me no lugar e eu queria uma tatuagem que fizesse o mesmo.

Primeiro comecei a achar que teria de ser algo na onda da gratidão, obrigada, grata. No fundo é metade do que sou, imensamente agradecida pela sorte que nem se mede que temos. Mas a dada altura, e já depois de ter data agendada, lembrei-me da nossa frase casa: o que importa.

A tatuagem que fiz é uma terapia em fine line. 

Está na parte de trás do braço esquerdo, mesmo acima do cotovelo, são três palavras em letra fininha e perfeita e mesmo que quem a vê tenda a perguntar "mas o que é que importa?" (e eu responda, a brincar porque sou aclubístíca, que "é o benfica"), ninguém precisa de saber o que ela realmente diz. É perfeita como está e a mim diz-me tudo.

O medo outra vez

 Este ano fiz um curso de escrita que foi absolutamente transformador. O exercício da última aula era criar um enredo; eu que não tinha nenhuma história pensada até àquele momento tive um clique que me fez juntar fragmentos de coisas que fui escrevendo ao longo do último ano em diferentes momentos e apresentei um meio enredo no curso, que mudou toda a dinâmica da escrita. A partir daí fiquei louca, como que possuída, a pensar vinte e quatro horas por dia nas personagens, em episódios, em cenas, descrições, lugares. Até ter efectivamente posto a mão na massa deixei passar algum tempo porque tinha medo; medo de que aquilo que via na minha cabeça, não passasse igual para o papel, medo de defraudar as minhas expectativas, de começar a escrever por que talvez algures deixasse de o conseguir fazer. E ali andei, neste limbo, até um dia ter pegado no computador e se ter dado uma outra transformação, ainda mais possuída, sem almoçar, sem comer, a perder-me totalmente nas horas, nos dias, a escrever sem parar, como uma louca, a sair da cama para ir para o computador, a deixar lanches por dar para ir para o computador, a deitar-me cada vez mais tarde. Até ter chegado a um ponto em que parei absolutamente. Talvez tenha coincidido com o ter mudado de casa e não ter encontrado o espaço ideal, ou por não ter computador disponível vinte e quatro horas por dia, mas apenas algumas à noite, o que me obrigava a escrever só nessa altura (e eu gosto das tardes, confesso), talvez por ter ficado sem ideias. O que é certo é que parei e há duas semanas que o texto não avançou uma vírgula, embora esteja sempre a pensar nele. E o que sinto agora, exactamente como há um ou dois meses atrás, é medo outra vez. De não conseguir avançar, de não conseguir escrever, de não ter continuação nem fim para a história, de abandonar sem mais as personagens. Fiquei bloqueada outra vez e é assim que estou, a precisar de me lembrar novamente como é que isto se faz!

Recomeçar

 Talvez tenha prometido cinco posts sem livros, mas que se há-de fazer?

Trouxe para o Verão um grupo de quatro ou cinco e este foi o primeiro.

Não conhecia nada da autora, embora penso que tenha ganho importância com o livro O tempo entre costuras, que se tornou numa série (creio; não vi) por isso não tinha grandes referências e li por sugestão.

A escrita é imensamente madura e segura. Não sei se vinha de livros menos maduros, mas achei a escrita absolutamente sem falhas, muito trabalhada e sobretudo madura. Uma pessoa que sabe exactamente o que está a fazer. Isso foi óptimo!

Até mais de metade da história, não estava exactamente a perceber como tudo se ligaria, o que acho que também é positivo, porque estamos a ler duas ou três histórias paralelas, que naturalmente terão todas de casar porque é um livro, mas ainda não sabemos bem como. Só já muito perto do fim o casamento ocorre, portanto é sempre surpreendente. Uso aqui a palavra "casamento" e não é à toa porque na verdade, eu sendo eu, fiquei toda a história à espera de um casamento verdadeiro (dos que juntam duas pessoas por amor) e, sem querer ser too spoiler, não aconteceu exactamente conforme as minhas expectativas. Mas eu sou uma romântica, já se sabe, e só há um beijo a história toda e é no fim. Ainda assim, o tema principal não é exactamente um romance entre as personagens principais, mas toda a história das que parecem secundárias. Em todo o caso, gostei bastante do livro, sobretudo pela escrita que está amadurecida no ponto certo (tenho de investigar a experiência profissional da autora) - que por outro lado me faz pensar que nunca escreverei profissionalmente na vida mas, ora bem, cada um é para o que nasce!


Nota final só para actualizar os rankings de 2021, com oito livros so far, o que significa que vamos a meio do objectivo anual de 16. Porquê, perguntam vocês? Por absolutamente razão nenhuma; 16 só porque sim! Ou, porque não? Siga o próximo (um autor espanhol, agora)




Update

Tenho um post "me time" em rascunho mas há uma semana que não encontro o tempo de escrita. Mudamos de casa temporariamente, durante as obras, pelo meio a parede entre a cozinha e a sala já se foi, o chão igual e de onde estamos temos vista para o mar mas falta espaço (e um computador!).

De resto,

- Demoramos seis dias inteiros a esvaziar a nossa casa, e nem foi toda porque a maior parte das coisas ficou - ainda assim SEIS DIAS a pôr tudo e caixotes!;

- As obras começaram há uma semana e ainda não fui ver. Mas irei!

- Faltam duas semanas para as nossas férias (mas as miúdas já estão em férias há uma semana);

- Engordei três quilos;

- Marcamos um fim-de-semana a dois no Douro e cancelamos pelas piores razões (havemos de marcar outro quando já não for preciso teste);

- Mas fizemos dezasseis anos de namoro (e fomos jantar fora!);

- Fiz uma tatuagem (e está LINDA!) de que hei-de falar um destes dias;

- Inscrevi a C. na natação, que é quase um feito!;

- Mudei a rotina dos meus pequeno-almoços (um feito ainda maior) e estou a beber um litro e meio de água por dia;

- Pseudo ando de bicicleta ocasionalmente;

- (Ainda assim, já disse que engordei três quilos?)

- Temos o casamento do meu irmão noutro país da Europa, em Setembro e mixed feelings...;

- As vendas do olx estagnaram! (eu que tinha tanta esperança de me tornar comerciante);

- E não tenho computadores disponíveis nesta casa!

(escrevo enquanto o homem me crava olhares ameaçadores porque tem de trabalhar; e eu também!).

Actualizações de informações, assim que necessário!