Arrumar brinquedos!

Em nossa casa os quartos são espaços de dormir que têm apenas, além das camas, livros. Uma estante biblioteca no caso do quarto das miúdas; livros na cómoda, mesinhas de cabeceira e por aí, no caso do nosso quarto. Mas não há brinquedos nem tralhas.

Os brinquedos e tralhas, em nossa casa, estão num "cantinho dos brinquedos" que tem algumas coisas, que mais usam; e estão sobretudo numa sala no andar de baixo, que junta sofá com tv para filmes e espaço de brincadeira. De resto, um projecto que fizemos algures em Dezembro de 2019, quando demos uma nova vida à sala (falei sobre isso aqui).

O que acontece de forma generalizada durante a semana mas muito acentuada ao fim-de-semana, é que a sala vira caos. Os brinquedos espalham-se por todo o lado e é uma loja ambulante de paraíso infantil! O que acontece a todo esse caos? Tentamos contar com a contribuição delas para arrumar, o que nem sempre acontece, mas é muito frequente o P. e eu andarmos a arrumar tudo depois de as deitarmos (até porque o critério de arrumação de duas crianças é ligeiramente diferente do nosso). Não posso garantir, mas com grande probabilidade já terei dado comigo a resmungar por ter de arrumar tanta coisa. 

Até que recentemente tive uma epifania. 

Tenho andando em luta com as miúdas porque ultimamente só querem saber da consola e tudo começa e acaba com o Mario e a Switch. Concordo que a consola é gira, os jogos estão altamente bem construídos, acho até que lhes aguçam ali a curiosidade, espírito de equipa, capacidade de resolver; contudo, tudo tem os seus limites e eu ando ali na linha vermelha no que à tolerância a consola diz respeito. Por isso percebi recentemente que o facto de arrumarmos muitos brinquedos ao final do dia, significa que elas brincaram com muitos brinquedos. No fim-de-semana passado a única coisa que arrumamos foram meia dúzia de legos na caixa. E os jogos? E a plasticina? Barbies? Bonecos pequenos? E o caos? Onde está o caos? Prova de que há sempre margem para reclamar! A culpa disto, no fundo, é do confinamento. Pais a trabalhar em casa, com crianças em casa, 24 horas por dia, só os quatro, resulta em mais tempo nos jogos e na televisão porque há reuniões para se fazerem, há silêncio que tem de ser feito, há trabalho que não pode esperar. E o vício a crescer nas criaturas. Anseio pelo verão, praias, piscinas, mundo!, para estas alminhas se esquecerem que um dia tiveram uma consola e voltem a espalhar brinquedos por todo o lado!

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