A revolta dos late twenties
A casa onde o meu pai vivia quando era pequeno ficava em frente a uma ourivesaria.
As quintas-feiras eram o dia da semana para furar as orelhas. Meninas, bebés, crianças pequenas, faziam fila à porta com as mães.
Às quintas-feiras na ourivesaria, e em casa do meu pai, havia choros e gritos de manhã à noite. Assim foi durante anos, desde que o meu pai era pequeno, até que se inventou um método menos doloroso.
Quando eu era pequena e estava um dia numa ourivesaria qualquer, não a mesma, quÃs furar as orelhas. Escolhemos os brincos que foram postos na pistola mas quando já estava com ela na orelha, tive medo. Não furei as orelhas nesse dia em que era pequena, mas contei o episódio ao meu pai ao chegar à casa.
Foi nesse dia que fiquei a saber que tinha morado anos em frente das crianças que berraram à quinta feira para pôr uns brincos e que eu estava terminantemente proibida de furar as orelhas antes dos dezoito anos.
Estava a mais de uma década desse dia, do dia em que fazia 18 e ia furar as orelhas. Não era rebelde e não o quis fazer antes.
A surpresa foi que também não o quis fazer depois.
Fiz 18 e 20 e 25 e nunca quis furar as orelhas. Não sei se porque me habituei totalmente a viver sem brincos, se os brincos representavam um acréscimo de despesa no meu orçamento, se porque simplesmente não estava para aà virada.
Depois fiz 28.
Foi aos 28 que um dia entrei numa farmácia para aviar uma receita e vi o cartaz do "furamos as orelhas."
O P. tinha ficado no carro, estacionado em cima do passeio, quatro piscas, uma coisa rápida. Entrei e disse-lhe,
- Vou fazer um furo.
Foi num sábado de férias que mudei de ideias sobre os brincos.
E na segunda feira seguinte que fiz um furo a meio da orelha esquerda.
Esperei vinte anos. Mas adoro.
As quintas-feiras eram o dia da semana para furar as orelhas. Meninas, bebés, crianças pequenas, faziam fila à porta com as mães.
Às quintas-feiras na ourivesaria, e em casa do meu pai, havia choros e gritos de manhã à noite. Assim foi durante anos, desde que o meu pai era pequeno, até que se inventou um método menos doloroso.
Quando eu era pequena e estava um dia numa ourivesaria qualquer, não a mesma, quÃs furar as orelhas. Escolhemos os brincos que foram postos na pistola mas quando já estava com ela na orelha, tive medo. Não furei as orelhas nesse dia em que era pequena, mas contei o episódio ao meu pai ao chegar à casa.
Foi nesse dia que fiquei a saber que tinha morado anos em frente das crianças que berraram à quinta feira para pôr uns brincos e que eu estava terminantemente proibida de furar as orelhas antes dos dezoito anos.
Estava a mais de uma década desse dia, do dia em que fazia 18 e ia furar as orelhas. Não era rebelde e não o quis fazer antes.
A surpresa foi que também não o quis fazer depois.
Fiz 18 e 20 e 25 e nunca quis furar as orelhas. Não sei se porque me habituei totalmente a viver sem brincos, se os brincos representavam um acréscimo de despesa no meu orçamento, se porque simplesmente não estava para aà virada.
Depois fiz 28.
Foi aos 28 que um dia entrei numa farmácia para aviar uma receita e vi o cartaz do "furamos as orelhas."
O P. tinha ficado no carro, estacionado em cima do passeio, quatro piscas, uma coisa rápida. Entrei e disse-lhe,
- Vou fazer um furo.
Foi num sábado de férias que mudei de ideias sobre os brincos.
E na segunda feira seguinte que fiz um furo a meio da orelha esquerda.
Esperei vinte anos. Mas adoro.
1 Coisas dos outros
Eu também furei as orelhas tarde; já a minha filha furou-as aos 5 anos, a pedido dela e quem chorou e quase berrou fui eu, com receio que lhe doesse, lol!
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