Ir à feira do livro era um acontecimento de importância nacional.. Começava dias antes, com a preparação, os trabalhos de casa, as listas. Era de caderno em punho que íamos em busca do mundo encantado dos livros.
Foi o meu pai o responsável por esta febre literária. Ir com ele à feira do livro era um momento especial do meu ano. Anunciava-o como um evento e eu punha-me feliz à espera. Passávamos o dia no Palácio de Cristal. Lembro-me dos Aliados, mas a magia é anterior. A magia vinha do Palácio de Cristal. Visitávamos todos os stands e não ficava nada por ver. Regressávamos cheios e mais ricos.
No fundo os livros acompanharam-me sempre, desde os tempos em que aprendi a ler. A sensação de um livro novo permanece boa até hoje. A capa mal aberta, as folhas muito juntas, o cheiro a papel novo. O gosto vem de sempre e nunca me deixou, mesmo em alturas como esta, em que a febre está de baixa e o ano conta apenas com dois ou três exemplares.
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