Abrir o peito e aceitar

No final de Abril organizei, com duas colegas, um evento de duas tardes para três equipas. Éramos trinta e poucas pessoas, deu (ainda assim) imenso trabalho, mas foi (verdadeiramente) um gosto! Do evento faziam parte dois worskhops, de onde saíram algumas ideias e palavras-chave - que usamos depois para estampar numa recordação que enviamos a todos os participantes. A imagem que estampamos fomos nós que criamos, desde a folha em branco até ao resultado final; como tal, olhamos para ela dezenas de vezes, vimos, revimos, refizemos, tornamos a ver; depois disso circulamos entre algumas pessoas e enviamos a versão final para todos os trinta e tal participantes. Depois disso, enviamos ao fornecedor dos presentes, que estampou a imagem, imprimiu e entregou em casa das pessoas.

Tudo normal!

O detalhe desta história é que numa das palavras da imagem, havia um erro. Numa palavra de cinco sílabas, repetimos uma. Resultou uma palavra estranha e mesmo uma coisa muito ridícula! Sentimo-nos cobertas em vergonha; especialmente porque não fomos nós a reparar, mas sim um dos participantes que nos chamou a atenção. Rastejando na vergonha!

Reunimos de emergência com o fornecedor para perceber alternativas, negociamos o melhor preço possível para uma eventual reposição, contactamos outro fornecedor de autocolantes, como terceira alternativa e passamos uma manhã em stress com a asneira que fizemos. Até que reunimos com quem de direito para expor o caso, assumir responsabilidades (e o custo, obviamente!) e a reação dele foi surpreendente. Não só se riu imenso, achando imensa piada à história; como nos proibiu em absoluto de avançar com qualquer substituição ou arranjo. Qual era o mal? É só uma palavra! Deviam brincar com isso.

Na manhã seguinte estava com o e-mail aberto para escrever uma chamada de atenção / pedido de desculpas a todas as trinta pessoas; saiu-me algo como sermos tão espetaculares que as palavras normais já não chegam e temos de inventar novas; e o que se passou a seguir foi um abraço digital.

Toda a gente apreciou a criatividade da assunção do erro; mas mais do que isso, toda a gente deu os parabéns pela humildade de o assumirmos. Abrir o peito e dizer: fizemos asneiras, não é grave, vamo-nos rir e seguimos em frente. Foi uma onda de aceitação e apoio, mesmo bonito. E que me pôs a pensar que, na verdade, se calhar às vezes estamos tão focados a resolver eventuais erros que fazemos, que não vemos que podia ser melhor simplesmente admitir e avançar. Às vezes, não há mal nenhum e não há julgamento. No nosso caso só houve mesmo suporte e uma nova palavra inventada! 

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