Escrevi uma história

O meu pai faz anos amanhã. Há uma coisa que não nos sai da cabeça em relação a ele e apesar de insistirmos ao longo dos últimos anos, nesta fase já todos sentimos que é um assunto perdido. Por isso achamos - mais eu e o meu irmão - que era necessária terapia de choque. Um abanão grande, a ver se aprende. Foi assim que decidi escrever uma história. O objectivo desta história era caracterizar a situação através de personagens inventadas e no fim transmitir a mensagem de forma dura e cruel. Escrevi e emoldurei, com uma ilustração a condizer.

Mas depois não tive coragem de a dar. Porque é de facto muito dura e em bom rigor são os anos dele.
Como ainda falta um dia, poderei ainda mudar de ideias; caso contrário, irei deixá-la aqui, onde há espaço para tudo.

Coisa mais linda

Vi literalmente em meia dúzia de dias, com prejuízo grave para o meu sono, a série da Netflix Coisa mais linda. Agora só ouço brasileiro, tal a injeção! A música é maravilhosa, as personagens super carismáticas e a série em si, gostei imenso. Foca essencialmente na desigualdade do género mas no poder das mulheres, que conseguem tudo o que querem, com classe, com pinta e em cima de saltos. Tem ali um ligeiro ultrapassar da linha da liberdade para o "too much" em algumas coisas, porque perder o respeito não está bem, mas no global, voto favorável! Seria aliás uma óptima série para ver durante as férias, um episódio por dia, na descontração, mas já foi, já papei todos os episódios por isso: séries precisam-se!

O curso de escrita

O curso de escrita que estou a fazer divide-se em semanas; cada semana tem um tema teórico que é desenvolvido e um exercício de escrita a que temos de responder, submetendo depois o texto escrito para validação. Geralmente demoro precisamente uma semana a concluir, entre ir lendo e pensando e submeto aos domingos à tarde. O fim de semana tem por isso uma grande parte de dedicação à escrita, a pensar e a escrever.
Com isto todos os domingos são de frustração e a dada altura eu estou a lamentar a falta de jeito e inspiração. Acho os exercícios todos super difíceis e tem sido mesmo um desafio. Se estou a aprender imenso? Sinceramente ainda não sei. A correção / comentário que recebo é bastante difícil de desconstruir e como não tem pontuação, fico sempre na dúvida. Tem alguns aspectos positivos por regra, mas tudo o mais me parece um dar na cabeça gigante. Estamos a meio e vamos vendo. A grande vantagem é que sinto o desafio semanalmente, sinto o desconforto de escrever coisas que de outra maneira não escreveria. Se daqui sai um livro? Quem me dera! 

Dona Flor e Seus Dois Maridos

Foi um parto muito difícil, que demorou acho eu toda a quarentena; pelo menos a dada altura o P. já me dizia que eu andava com o livro debaixo do braço há meses. E talvez tenha andado. O começo custou muito a arrancar e deu demasiadas voltas até chegar ao ponto. Andava sempre a perceber onde estaria o segundo marido. Depois a dada altura (de meio para o fim) lá engatou e foi e depois disso já dei comigo com saudades da dona Flor e do Vadinho. Fico sempre feliz de ler os clássicos porque acho que há coisas que toda a gente deveria ler e conhecer, quanto mais não seja para opinar. Não é de longe o meu livro preferido mas foi uma boa soma à lista dos lidos. De resto depois deste não peguei em mais nada (mas ando super ocupada a ler os apontamentos das lições do curso de escrita e e a escrever - e reler centenas de vezes - os exercícios que vou fazendo). Tenho no entanto uma pequena torre em cima da mesa de cabeceira com pelo menos uns seis livros para os próximos meses, que espero que reduza rapidamente para acomodar os mais não sei quantos títulos que já tenho debaixo de olho! Haja tempo!


Querida F.

Já a conhecia mas não tão bem quanto este ano. Lembrou-se de pegar nos miúdos e fazer deles uma coisa nova, numa preparação do que aí vem e a fazê-los sentir crescidos. Vê-los crescer nestas aulas foi uma prenda boa. Ver como aprendiam, se interessavam, se desenvolviam. Consegui ir percebendo o amor crescente da C. e como falava destas aulas em casa. Sinto que deu um salto, que ficou orgulhosa do que era capaz. Fez uma apresentação em público e tudo e esteve sempre feliz. Depois fomos para casa. Começou o desafio maior. Acompanhei as quatro aulas semanais que lhes deu durante onze semanas e como já lhe disse, tem um dom. Há pessoas que nascem exactamente para o que são e é sem dúvida o caso da F. O carinho, o cuidado, o respeito, ao mesmo tempo que se faz respeitar e impõe - só para quem é mesmo uma professora muito, muito especial. A C. já a adorava e com isto conseguimos ver porquê. Não vou nem dizer o que quis escrever no postal que vai com a prendinha de fim de ano, porque o vai ler. É mesmo amor. Do fundo do coração, muito obrigada por tudo!


Estiveste presente
Nos dias bons e nos assim assim
Brincaste comigo às histórias de encantar
Pescamos estrelas nas pausas dos sonhos
Coloriste com tempo este lugar especial
Que fica para sempre
No meu coração.

Querida R.

Este ano lectivo foi muito difícil. Na verdade já não seria fácil em circunstâncias normais, mas as que tivemos tornaram-no num particular desafio.
Ter entrado em Fevereiro foi uma prova a superar. Os meninos traziam um ano e meio de alguém de quem gostavam e de sexta para segunda tiveram de a esquecer para receber alguém de novo (e não vou se quer falar dos pais, que isto não é sobre nós).
Pouco mais de um mês o mundo parou e as escolas fecharam. Os meninos que estava a conhecer foram levados para casa, ligamos os computadores e aí estão as aulas. Acho que não seria fácil para turmas muito coesas, com largos anos de conhecimento; para esta turma, a dificuldade explodiu a barra.
O que aconteceu nas onze semanas a seguir ninguém me contou, fui eu que vi. Assisti ao lado a todas elas, primeiro duas vezes por semana, no final já duas vezes por dia. A organização, o método, a paciência que não tem limites. Não a conhecia mas ponho-me de pé para a aplaudir. O que fez foi absolutamente brilhante. Hora do conto, letras novas, culinária e ciências, matemática, expressão motora, poesia, rimas. Aconteceu de tudo. Chorei com o poema da família e chorei no último dia. Por muitos anos que passem, de certeza que nunca nos vamos esquecer disto. Percebo, agora que as coisas tentam caminhar para um novo normal, que a C. corre para o seu colo, a abraça, dá beijinhos, entrega desenhos que fez para a R. Sei que a conquistou e consigo perceber porquê. No postal da prendinha de final de ano ela desenhou um coração e quis escrever "vou ter saudades tuas."
Do fundo do coração, muito obrigada por tudo.


Contigo 
Descobri que posso brincar
Sonhar e voar no saber
Que tenho a vida para crescer
Caminhei contigo num mundo de emoções
Construindo um ponte de afectos
Que levo na bagagem
Fazes parte de mim

Aquela altura do ano!

Faltam DUAS SEMANAS - duas semanas, minha gente! - para o início das férias!
Aguenta coração!

Vou contar um segredo!!

É isto que andamos a magicar para Julho!

Xiu..!!


E já agora, faltam três semanas e um dia para as férias! Yeah!

This is him

Se virem o meu marido vão ver uma pessoa despreocupada, sem nada nas mãos, pode ter perdido as chaves e é bem provável que não saiba onde deixou a carteira. Se o telemóvel tocar daqui a pouco, talvez seja de uma qualquer esquadra da polícia a dizer que apareceram por lá documentos pessoais dele que nem faz ideia que perdeu.
Se o virem entre as 09:00 e as 19:00 não o vão ver verdadeiramente porque estará fechado em qualquer lado a trabalhar. De certeza que tem phones nos ouvidos e fala em inglês com um qualquer país do mundo, onde podem ser as mesmas horas que cá ou todo um outro fuso.
Se tiverem a sorte de o apanhar fora do trabalho, certamente que está na brincadeira, a ser exactamente ele próprio - um miúdo que ainda está a crescer. Crianças a voar no colo dele em princípio serão as nossas filhas, mas se estiverem em piruetas, rodopios, cambalhotas, pinos ou todos a rebolar no chão, são as nossas de certeza.
Se estiver concentrado a olhar para o telemóvel - e não for trabalho - aposto um jantar em como são sites de imobiliárias (ou eventualmente carros antigos).
Se virem o meu marido, ele é o gato moreno de dois metros, que está sempre de bem com a vida, não se chateia, tem uma paciência infinita (principalmente para mim!) e um gigantesco poder de encaixe. De certeza que está tudo bem mas se não estiver, ele resolve num instante.
Na eventualidade de estar sentado no sofá têm de olhar muito depressa porque ele vai adormecer não tarda, possivelmente no meio de uma frase.
Se o tivessem visto há três ou quatro meses atrás, trazia uma aliança - very sexy by the way - que dizia que é casado comigo mas entretanto nos dias que correm já não é bem assim (em todo o caso eu vou resolver, não se preocupem!).
É possível que esteja a magicar surpresas para me fazer e acreditem que vinte anos depois surpreende-me como te tivéssemos acabado de nos conhecer.
Se o virem é pode muito bem estar numa esplanada ao sol, na praia, no mar ou, não fosse a situação actual, num avião meia dúzia de vezes por mês, nos quatro cantos do mundo, da China à Austrália, dos Estados Unidos ao Brasil e várias vezes na Europa.
Se olharem bem para ele, vai estar onde nós estamos, a rir para as meninas e a tomar sempre conta de nós.