Andamos em modo "combate ao sedentarismo no local de trabalho". Apercebi-me que passo 10 horas sentada à secretária, só interrompidas por breves minutos para café da máquina e pouco mais. Assim sendo, em vez de pausar 10 minutos para descer as escadas e meter a comida boca abaixo antes de voltar ao mesmo, pausamos 20 minutos para fazermos uma caminhada. Pontos a favor do Parque das Nações. É um privilégio de facto isto de ter o rio e o sol como vizinhos do lado. De modo que andamos nisto. Caminhar pela alegria no trabalho!

Num destes passeios dei de caras com o Teatro Camões. Das caminhadas fiz danças e trouxe comigo o Lago dos Cisnes, que é como quem diz, bilhetes para o primeiro dia! Frutos a dobrar, portanto!

Às 19:48 horas alguém diz,

     - Bem, vou andando então..

Ao que lhe respondem:

     - Já?! Vais tirar a tarde?

Quando viemos morar para Lisboa, de todas as exigências da casa, a minha principal era que tivesse dois quartos. Sempre achei que o único cenário em que a família calcorreasse meio país para nos visitar era se tivesse pelo menos um quarto para dormir, sem termos de nos amanhar de qualquer maneira no sofá da sala. No entanto, tendo como certo o carácter esporádico destas visitas, ter uma divisão toda feita quarto e nada mais do que isso, parecia-me também um desperdício de espaço. Fomos por isso em modo escritório. Verdade se diga no entanto que até há uns dias o pobre infeliz consistia num sofá, num tapete, numa cadeira e pouco mais. Só nome, por isso. Continuava a reunir algumas das características necessárias à dormida das nossas pessoas mas não chegava a ser um espaço confortável. E tendo em conta o passar dos meses e todo o tempo que lá vai, era ver entretanto um marido em pulgas para fazer do espaço quase vazio um ginásio, uma sala de jogos, uma coisa qualquer menos uma coisa nenhuma. Valham-me todos os santos se ponho um salão de jogos em casa! Escritório precisa-se e é já, como se está mesmo a ver. Daí que, após a saga de por aqui terem passado duas secretárias devolvidas à origem, finalmente conseguimos por de pé o nosso pequeno escritório, com secretária, estante, cadeirão de leitura, mudanças de disposição, tudo como manda o figurino. Temos por isso uma divisão completamente nova e é ver-nos prostrados olhando o dito, como absoluta coisa caída do Céu. De um espaço que era nada temos um espaço novo e aonde nem entravamos, passamos agora grande parte do tempo. Antena 2 de fundo, modo leitura activado e aqui estamos nós a viver mais a nossa casa.

Estamos de volta à cidade onde me apetece dizer "tudo começou". Mas não é verdade; somos de antigamente, muito antes de sermos estudantes. De uma certa perspectiva terá mesmo começado por aqui, nesta cidade que se divide em dois pelo nosso rio. Foi aqui que quis contar uma história à minha mãe e que me adivinhou os pensamentos. Algumas coisas terão tido início nestas ruas, que conhecemos de cor. Subimos e descemos ainda agora, vezes sem conta, a Couraça de Lisboa. Sabemos a rua como nós. Foram as nossas palmas das mãos naqueles cinco anos. São para sempre. Como os amigos que aqui fizemos, que são para a vida e que voltamos para reencontrar. Daqui saímos com convites de casamento, daqueles que acompanhamos o primeiro dia de namoro. Dura para sempre o encanto desta cidade que não esquecemos, que é tão nossa e que doí sempre um bocadinho na hora da despedida.

Começamos o ano em modo leitura, com três amigos que trago de 2012. Coisa muito estranha esta que às vezes me acontece de ler dois ou três livros em simultâneo. 

No metro levo o mais pequeno, pelas razões óbvias. São esses os que mais gosto para estas viagens, de pequenas dimensões, leves e preferencialmente de capítulos pequenos, para não perder o fio à meada entre uma estação, outra e o destino. São incrivelmente mais rápidas as viagens acompanhadas de livros e sabem bem a esta hora da manhã, nos dias em que me acompanham os transportes públicos. Depois a realidade chama e é-me impossível fazer o caminho a pé de livro em punho até ao trabalho. Melhor seria.

Tenho alguns em lista de espera, assim que termine estes todos, que four is a crowd. É um dos bons vícios que tenho e espero manter, enquanto cultivo outros, como o desporto. A inauguração do ginásio não está tão próxima como gostaria e teremos um Janeiro parado. Resta-nos a boa alimentação e o juízo, que não são pontos muito fortes por estes lados. Daí que, bem, bem, era iniciar-se aí um movimento do género "ler para emagrecer." Alguém?

Acontece mais vezes do que desejo, esta coisa má das segundas de manhã. Acordo com um sono do meu tamanho e por amor de Deus que ainda seja Domingo. Mas não. Do rádio já mandam vir o trânsito caótico, a chuva que não pára, o frio de morrer e eu num toca a mexer mundo dos lençóis fora. Garfield's mood em todo o seu esplendor.

O que nos vale é ser sexta não tarda!

Ao longo dos anos tenho estado convencida de que 1) um homem e uma mulher podem ser amigos entre si sem que daí resulte necessariamente algo mais que uma amizade, mesmo que ambos estejam solteiros e 2) num grupo de amigos não existe e nem faz sentido essa ideia de "fazer de vela" quando uma parte é casal e a outra não, mesmo que essa outra seja em menor número.

Posto isto;

O nosso grupo de amigos residente em Lisboa é composto por cinco homens e três mulheres. Das oito pessoas, seis são três casais e duas dois solteiros. Convivemos amigavelmente e com frequência e o ano passado decidimos (cá por casa, de resto) instituir a prática dos jantares mensais rotativos nas nossas humildes habitações. À cabeça, e para dar o exemplo, o primeiro jantar foi cá em casa. Nesse mesmo dia sorteamos (com o precioso auxílio do bingo de shots - long story) a quem calharia a rifa do seguinte. Cumpriu-se no mês a seguir, na casa de um dos outros casais. E nesse dia decidiu-se o próximo, curiosamente também (ou não) na casa do casal três. No dia e hora fez-se o jantar. E nessa data esgotou-se a rotatividade dos casais. Chegue-se portanto à frente o primeiro solteiro (ou não, que por mim dá-me igual e faça-se até sempre cá em casa). Um deles, feliz habitante de um T0, declarou falta de condições para albergar o grupo, justificação aceite por unanimidade e aclamação. Amigos na mesma. O outro, e na verdade era justamente aqui que queria chegar (mas já se sabe a história da volta à volta da terra antes de chegar ao centro), o outro, dizia eu, informou os restantes que não mais participaria nos jantares mensais, que isso é coisa de casais. Sem querer transformar isto numa guerra de sexos (que só quem tem mulher em casa pode pôr de pé jantares assim ou outras pérolas do género), ponho a minha teoria (enunciada sob o número dois nas primeiras linhas destes texto - lá longe, portanto) em causa. Que uma coisa é de facto que uma pessoa solteira não queira estar junto de duas casadas - e eu compreendo isto; coisa diferente é um amigo evitar a presença dos amigos porque, lá calha, alguns são casados entre si. Não percebo, pronto. Neste grupo somos (ou devíamos ser, vai-se a ver) amigos. Não somos casados nem solteiros nem juntos nem separados. Viramos grupo. E isso devia bastar para pôr de lado estas exclusões sem sentido, sob pena de não sermos "o nosso grupo" mas metade. Que grande parte do encanto de Lisboa somos nós. 

Bem sei que não se pode ler de tudo, que livros há que se devem evitar porque, viva a leitura mas bom.. nem toda. Vale por dizer que a culpa é da Fnac que juntou à minha fome a vontade de comer: pos-me um livro em espanhol ä venda, coisa que queria ler, por um preço mais que verde. Calhou em azar ser este mas que se há de fazer?
Bom a verdade é que a mensagem não  passou. Não chegaram estas espiritualiades da Athena, não me tocaram.
Valeu pelo espanhol honestamente, que sempre ajuda a praticar. Mas a história em si.. não era bem isto, não.
Mau início para a abertura da época livros de 2013..
Venha o próximo!