Dúvidas não haja

Apaixonei-me por um vestido com o seu quê de ordinário. Quer isto dizer que tem duas aberturas laterais na zona da cintura e que há ali todo um pedaço de pele à mostra. À parte disso, é de alças, com decote normal.
Experimentei-o por ser lindo de morrer e a passagem de ano estar à porta. Mas naturalmente que não me acompanhou até casa e é nestas alturas que eu sei que Deus escreve direito por linhas tortas.
Fosse eu uma estampa de um metro e setenta, oitenta e seis, sessenta, oitenta e seis e não queiram saber como eu andava vestida. Todas essas modas de camisolas acima do umbigo, transparências, evidências de barriga, pele à mostra, faziam parte dos meus dias. Ordinarona mesmo, não sei se dá para perceber. 
Acho a barriga das coisas mais bonitas do corpo. Mas há uma ciência imensa em ter uma barriga invejável e eu não estou nem de perto nem de longe a caminhar no sentido que devia. No entanto (e entra agora a parte da "desculpa"), tivesse eu um corpaço monumental e era um atentado ao pudor ambulante. Por isso, obrigada Deus por não me teres feito a regra e esquadro e obrigada aos meus pais que nunca me deixaram vestir fora das estribeiras. No fundo, o mundo também está grato.


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