Não fossem as sílabas do sábado, de Mariana Salomão Carrera
Leio bastantes livros. Livros bons, às vezes livros muito bons (ocasionalmente, muito maus também - mas certo está quem diz que devemos é ler muito, bons livros, maus livros e descobrir a diferença entre eles). Já me cruzei com livros inacreditáveis, de que nunca mais me vou esquecer.
Mas depois chegou Mariana Salomão Carrara com estas sílabas de sábado.
E damos como adquirido o ato de sabermos ler. Mas este livro lembrou-me o privilégio que é saber ler. Que privilégio enorme. Isto é uma obra prima como já não me lembrava de ver. Obrigada, Mariana, por esta dádiva.
O último voo do flamingo, de Mia Couto
Recebi uma recomendação sobre Mia Couto, que é vergonhoso nunca ter lido. Variei imenso entre adorar e não gostar nada. Tem partes lindíssimas e outras nem tanto. Mas achei sobretudo um autor completíssimo. E isso já vale por si.
A noiva errada, de Catharina Maura
O meu nome é Lucy Barton, de Elizabeth Strout
Elizabeth Strout foi uma autora com quem embirrei no primeiro livro que li mas ainda bem que lhe dei uma segunda oportunidade. OAmy e Isabelle, que li o ano passado, é maravilhoso e a saga Lucy Barton promete ser igual.
A Elizabeth Strout tem um talento enorme em descrever as peculiaridades das relações humanas e aqui está uma mãe e uma filha que não se viam há anos e que depois disso não se vão ver durante anos, cinco dias num hospital. Vou seguramente para o próximo da saga.
Votos eternos, de Catharina Maura
Ora bem...
Nunca ia ler este livro mas depois aconteceu isto: está no top 10 da note, está no top 10 da wook, está no top 10 da Kobo. E sim, top ten não quer dizer nada mas de repente estava a vê-lo em todo o lado e pensei, ok, porque não?
Coisas boas e más.
A coisa boa é que está selecionado o pior livro do ano, ainda em fevereiro. Pronto, fica despachado. A parte má, é que o livro tem 2400 páginas no kobo (430 em papel) e foi um total desperdício de tempo. Vamos depressa para o próximo para nos esquecermos deste!
Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf
Um clássico é sempre um clássico e este segue a regra. É sempre bom de ler, de aprender, de descobrir. Estava em falta porque já o comecei o ano passado e fui deixando ficar de lado. Mas sem razão. Que saudades da Clarissa!
Never ever getting back together, de Phoebe Macleod
Não prometia nada de especial e não foi de facto nada de especial. Aquela comédia básica de sábado à tarde, que na semana seguinte já ninguém se lembra. Neste caso, uma das mesmo nada de especial.
O peso do pássaro morto, de Aline Bei
Comecei pelo segundo mas o próximo vai ser sem dúvida o primeiro. Alice Bei é poesia em estado puro, escrita em forma de prosa. Que tratado de beleza. Muito, muito bonito. Infinitamente triste e completamente poético. Que livro! Que sorte a dos leitores poderem ler algo assim.
As Primas, de Aurora Venturini
Há coisas engraçadas. Todos os anos fazemos cá em casa uma carta ao pai natal. As crianças pedem os brinquedos que gostavam de ter e os adultos pedem uma coisa, geralmente simbólica.
Este natal queria ter pedido o Querida Tia, da Valerie Perrin mas escrevi a carta e, sem querer, escrevi que o livro que pedia era As primas. Foi um erro, dado ser tudo família.
O Pai Natal cá de casa, lendo a carta, fez o que lá dizia e ofereceu-me precisamente As Primas.
E eis o que sucedeu: o livro é inacreditável. E a autora, que foi escrevendo várias coisas ao longo da vida, só teve todo o reconhecimento que merecia com a publicação deste livro, tinha ela 85 anos. Portanto, lição número um logo aí: não desistir.
A história é duríssima, a vida das Primas é miserável em imensos aspectos, a personagem principal, a Yuma, fez-me lembrar a Paula Rêgo muitas vezes. E adorava que os quadros dela fossem reais. Uma história espetacular num livro mesmo, mesmo bom. Ainda bem que me enganei!
Uma questão de conveniência, de Sayaka Murata
Confesso que não tendo muito para os romances japoneses mas este surpreendeu-me pela positiva. A personagem é daquelas de quem gostamos e a história uma sátira à pressão social de ser igual aos outros. Ainda há dias ouvia alguém dizer que "todas as mulheres querem casar e ter filhos" - e eu reclamei contra esta ideia, embora seja uma mulher casada e com filhos. E este livro vem criticar imensamente essa ideia, na voz de uma personagem bastante peculiar. Gostei bastante e lê-me bem.
Correr para vencer, de Phill Knight
Na saga de janeiro sobre os livros deixados a meio (e isto meio que rima, não rima?), acabei um que vinha de agosto e se na altura, férias, calor, bom tempo, me custou a ler, agora acho que ainda foi mais custoso, comigo a adormecer algumas vezes.
Este é um exemplo clássico de um livro que podia ser fascinante, porque a história é incrível, mas que é tão, tão aborrecido que já nem se consegue ouvir falar na Nike. A escrita é lentíssima, totalmente dispersa em pormenores sem relevância alguma e o ritmo é mesmo parado. Custou-me muito ler e tenho pena porque devia ser só um livro espetacular. Mas fiz o esforço para ler (sei que muitas pessoas não se identificam com este conceito de "não deixar livros a meio", já que de facto há tanta coisa boa para lermos, porquê perder tempo com o que não vale a pena? Mas não sei explicar, gosto da sensação de terminar), dizia eu, fiz o esforço para ler e ainda por cima tem uma parte tão triste no final,que quem me dera mesmo nunca ter pegado dele.
Vou seguir para o próximo livro deixado a meio (são cinco no total, dois lidos, três por ler) e arrumar este na última prateleira da estante.
O dia em que deixou de nevar no Alasca, de Alice Kellen
Li este livro no Kobo, sendo que o meu Kobo é ainda a preto e branco e da capa não ficou totalmente claro o que seria. Mas olhando a cores, teria concluído o estilo - e eventualmente não teria optado por ele.
Percebemos todos com este roxo, os flocos de neve e a miúda, que estamos perante um Young adult, que não é um estilo que eu aprecie imensamente porque a complexidade dos adultos é geralmente mais rica do que a simplicidade dos mais novos (e sim, é um discurso de velha mas eu vivo bem com isso). Curiosamente, comecei a ler e a história envolveu-me bastante, até determinado ponto nem sabia bem como ia acabar - mas depois ficou óbvio - e há de facto uma coisa que não acontece aos adultos menos young que é a capacidade de simplificar. Ou antes, a capacidade de não complicar. Se é isto que quero, vou-te dizer e pronto, simples. Nos romances adultos há muito pensamento envolvido, muitos "e se..?", muitos "é melhor não.." e portanto enrolam mais ainda que toda a gente já saiba para onde eles vão.
Isto dito, foi melhor do que esperava, sendo obviamente um livrinho e não um livrão. Mas pronto, fomos felizes juntos e venha o próximo!
Salvo o meu coração, tudo está bem, de Héctor Abad Faciolince
Decidi que janeiro ia ser um mês de recomeços no que à leitura diz respeito. Por isso fui recuperar todos os livros que comecei mas não terminei em 2024 e vou terminá-los. Primeiro porque não gosto de deixar livros a meio; segundo porque, de alguns, tenho mesmo boas referências e é necessário dar-lhes uma segunda oportunidade.
O caso particular deste não foi uma recomendação mas um daqueles casos em que estava a passear por corredores de livros e me cruzei com este, que tem uma capa fabulosa e um título incrível.
A história é a de um Padre que, por ter um problema de coração grave, foi morar temporariamente para casa de uma mulher e dos seus filhos, enquanto esperava um transplante e que isso mudou definitivamente a sua vida. A premissa é muito boa. O livro também. A história é contada por um outro Padre, melhor amigo do principal e gostei muito. Não sei porque o tinha deixado a meio mas ainda bem que voltei a pegar nele.
O quinto filho, de Doris Lessing
Incrível. Gostei muito, apesar de ser super duro. Uma história pesadíssima (mas os bons livros são todos, não são?). Li-o e dois dias. Não recomendo a quem esteja grávida ou a querer engravidar. Não sendo o vosso caso, go for it!
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