As Primas, de Aurora Venturini

 Há coisas engraçadas. Todos os anos fazemos cá em casa uma carta ao pai natal. As crianças pedem os brinquedos que gostavam de ter e os adultos pedem uma coisa, geralmente simbólica.

Este natal queria ter pedido o Querida Tia, da Valerie Perrin mas escrevi a carta e, sem querer, escrevi que o livro que pedia era As primas. Foi um erro, dado ser tudo família.

O Pai Natal cá de casa, lendo a carta, fez o que lá dizia e ofereceu-me precisamente As Primas.

E eis o que sucedeu: o livro é inacreditável. E a autora, que foi escrevendo várias coisas ao longo da vida, só teve todo o reconhecimento que merecia com a publicação deste livro, tinha ela 85 anos. Portanto, lição número um logo aí: não desistir.

A história é duríssima, a vida das Primas é miserável em imensos aspectos, a personagem principal, a Yuma, fez-me lembrar a Paula Rêgo muitas vezes. E adorava que os quadros dela fossem reais. Uma história espetacular num livro mesmo, mesmo bom. Ainda bem que me enganei!



Uma questão de conveniência, de Sayaka Murata

 Confesso que não tendo muito para os romances japoneses mas este surpreendeu-me pela positiva. A personagem é daquelas de quem gostamos e a história uma sátira à pressão social de ser igual aos outros. Ainda há dias ouvia alguém dizer que "todas as mulheres querem casar e ter filhos" - e eu reclamei contra esta ideia, embora seja uma mulher casada e com filhos. E este livro vem criticar imensamente essa ideia, na voz de uma personagem bastante peculiar. Gostei bastante e lê-me bem.



Correr para vencer, de Phill Knight

Na saga de janeiro sobre os livros deixados a meio (e isto meio que rima, não rima?), acabei um que vinha de agosto e se na altura, férias, calor, bom tempo, me custou a ler, agora acho que ainda foi mais custoso, comigo a adormecer algumas vezes.

Este é um exemplo clássico de um livro que podia ser fascinante, porque a história é incrível, mas que é tão, tão aborrecido que já nem se consegue ouvir falar na Nike. A escrita é lentíssima, totalmente dispersa em pormenores sem relevância alguma e o ritmo é mesmo parado. Custou-me muito ler e tenho pena porque devia ser só um livro espetacular. Mas fiz o esforço para ler (sei que muitas pessoas não se identificam com este conceito de "não deixar livros a meio", já que de facto há tanta coisa boa para lermos, porquê perder tempo com o que não vale a pena? Mas não sei explicar, gosto da sensação de terminar), dizia eu, fiz o esforço para ler e ainda por cima tem uma parte tão triste no final,que quem me dera mesmo nunca ter pegado dele.

Vou seguir para o próximo livro deixado a meio (são cinco no total, dois lidos, três por ler) e arrumar este na última prateleira da estante.



O dia em que deixou de nevar no Alasca, de Alice Kellen

 Li este livro no Kobo, sendo que o meu Kobo é ainda a preto e branco e da capa não ficou totalmente claro o que seria. Mas olhando a cores, teria concluído o estilo - e eventualmente não teria optado por ele.

Percebemos todos com este roxo, os flocos de neve e a miúda, que estamos perante um Young adult, que não é um estilo que eu aprecie imensamente porque a complexidade dos adultos é geralmente mais rica do que a simplicidade dos mais novos (e sim, é um discurso de velha mas eu vivo bem com isso). Curiosamente, comecei a ler e a história envolveu-me bastante, até determinado ponto nem sabia bem como ia acabar - mas depois ficou óbvio - e há de facto uma coisa que não acontece aos adultos menos young que é a capacidade de simplificar. Ou antes, a capacidade de não complicar. Se é isto que quero, vou-te dizer e pronto, simples. Nos romances adultos há muito pensamento envolvido, muitos "e se..?", muitos "é melhor não.." e portanto enrolam mais ainda que toda a gente já saiba para onde eles vão.

Isto dito, foi melhor do que esperava, sendo obviamente um livrinho e não um livrão. Mas pronto, fomos felizes juntos e venha o próximo!



Salvo o meu coração, tudo está bem, de Héctor Abad Faciolince

Decidi que janeiro ia ser um mês de recomeços no que à leitura diz respeito. Por isso fui recuperar todos os livros que comecei mas não terminei em 2024 e vou terminá-los. Primeiro porque não gosto de deixar livros a meio; segundo porque, de alguns, tenho mesmo boas referências e é necessário dar-lhes uma segunda oportunidade.

O caso particular deste não foi uma recomendação mas um daqueles casos em que estava a passear por corredores de livros e me cruzei com este, que tem uma capa fabulosa e um título incrível. 

A história é a de um Padre que, por ter um problema de coração grave, foi morar temporariamente para casa de uma mulher e dos seus filhos, enquanto esperava um transplante e que isso mudou definitivamente a sua vida. A premissa é muito boa. O livro também. A história é contada por um outro Padre, melhor amigo do principal e gostei muito. Não sei porque o tinha deixado a meio mas ainda bem que voltei a pegar nele.



O quinto filho, de Doris Lessing

 Incrível. Gostei muito, apesar de ser super duro. Uma história pesadíssima (mas os bons livros são todos, não são?). Li-o e dois dias. Não recomendo a quem esteja grávida ou a querer engravidar. Não sendo o vosso caso, go for it!



De volta a ti, de Amy Lea

 Mais um sábado à tarde no sofá, com lareira, mantinha e um chocolate quente. Leu-se mas não é incrível.



Top 3 livros 2024

 Foi um ano cheio em livros - li 40, o que já não acontecia há muito tempo. Não li imensos que me tenham arrebatado e por isso o Top 3 foi fácil. Na verdade, li imensa porcaria este ano. Mas há 2 que se destacam, de longe. E o último deste pódio foi um guily pleasure para fechar o ano.

Disto isto, rufem os tambores!

O Top 3 de livros de 2024 é...


Deus na Escuridão

Torto Arado

Romance em Férias

Quando o Verão terminar

 Continua a surpreender-me que um livro seja o melhor do ano para alguns e o pior do ano para outros. Mas viva a liberdade de opinião. Fico na segunda opção. Foi o pior do ano. Venha 2025!



Friends, Amantes e Aquela Coisa Terrível

 Sem fôlego. Uau! Que LI-VRO!



Carta aberta. À minha filha que faz 7 anos

 I.,

Tenho a sensação de começar todas as cartas com um suspiro de "como é que o tempo passa tão depressa?". Juro que olho para ti e tens 4 anos, 5 na melhor das hipóteses. Mas estás a fazer 7 e eu não sei lidar!

O teu aniversário é sempre uma animação enorme, entre toda a azáfama do Natal. Acho que conseguimos ainda assim destacar sempre o teu dia. Mas seguramente que para ti é sempre um dia muito feliz. Este ano com bónus. Está um tempo de quase verão e vai haver festa no pátio com a tua turma e insuflável. Acho que em sete anos é o primeiro que conseguimos fazer lá fora porque o inverno este ano está a portar-se como verão.

De resto, tu própria és uma verdadeira festa. És mexida, sociável, saltitante, inventora, criativa, (viciada em televisão), malandra que se farta e só fazes o que queres. Tens, vou dizer isto ainda que não soe muito bem, a tua própria cena. Vais quando queres ir, fazes quando queres fazer, és super determinada (para já ainda lhe chamo teimosa mas vai dar-te imenso jeito pela vida!) e tens imensa piada. Também me pões maluca muitas vezes porque ser determinada (teimosa) faz com que eu diga uma coisa quatrocentas vezes e tu a ignores 399 e isso talvez me ponha os cabelos em pé a maior parte das vezes. Contudo, sei que ouves tudo o que dizemos e que aprendes o que te ensinamos porque acontece imensas vezes estares a ensinar essas mesmas coisas à L., quando é ela a fazer asneiras.

Continuas a gostar muito da escola, geralmente queres ficar quando te vamos buscar. Não adoras ir para a natação (mas estar lá sim), gostas da ginástica, amas a dança! O passatempo preferido continua a ser ecrãs em geral mas mantemos a regra de só ao fim-de-semana e à semana está tudo bem, não vês e não pedes. Manténs a característica de seres pisco a comer, a não ser que seja massa. Podia ser massa todos os dias da tua vida e estava tudo bem. 

Ainda não tens noção nenhuma disto mas és linda, linda, linda! As pessoas param na rua para dizerem o quão gira és, a tua cara e o teu cabelo. Nós dizemos que estamos bastante tramados quando fores mais velha e eu sinto que quando tiveres 12 ou 13 anos vais sair pela janela, pegar num skate e ir à tua vida e voltas para comer massa à noite. Algo assim. Espero que tenhas sempre juízo! Ainda assim, preferias que o teu cabelo fosse liso e ponto alto da vida é ir esticá-lo ao cabeleireiro e voltar com ele liso, liso! Nós gostamos mais dos caracóis, já sabes mas até com lama na cabeça continuavas super gira! 

Dizes que vais ser designer de moda quando fores grande. És mais dos números do que das letras, dá imenso trabalho escrever. Mas temos andado na saga nas composições ao fim do dia e fazes tudo direitinho quando queres. Mas lá está, tens de querer. Isso de fazer porque alguém pede não é assim tão fixe.

Temos muito, muito orgulho na irmã que és para a C. e para a I. Tu e a C. são assim as super amigas e tu e a L. são compinchas e iguais, fotocópias, gêmeas separada à nascença com cinco anos de intervalo. É maravilhoso ver-vos às três. Quando o ano letivo começou passaste a partilhar quarto com a L. e eu juro que ela adormece melhor quando vai para a cama e tu vais também. Amor de irmãs é o melhor dos amores. Amor de filhas também na verdade. E eu gosto de ti. Parabéns a nós!

Romance de férias

 Um abraço na semana do Natal. Que amoroso! Perfeito para uma manta e sofá, com a lareira de fundoe um chocolate quente. Adorei!



Aconteceu em Roma

 Levem para a praia em Agosto. Mas não leiam em Dezembro. Trsut me, i'm a laywer!



Vamos comprar um poeta

 Para algo totalmente diferente da saga em que me encontro. Com um grande viva ao Afonso Cruz, que é um poeta! Gostei muito.



Umas férias de morrer

 O pior livro do ano. Dos últimos anos!