Ainda sobre não gostar do meu trabalho, vivam os cocós!

Ainda sobre não gostar do meu trabalho, vivam os cocós..

Vou tentar não me focar muito no facto de detestar o meu trabalho e ver só os pontos bons. Ser positiva em relação a isto do género, "boas energias atraem boas energias."

Mas antes de lá irmos, e ainda no campo das energias muito más, tenho de partilhar esta reflexão.

Tenho como dado adquirido que gostava de ser uma stay at home mum. Até posso estar enganada e se tivesse essa oportunidade ser um valente balde de água fria. Mas no campo das hipóteses, e já agora dos sonhos, tenho essa convicção e essa vontade. Se pudesse - e com isto quero dizer, se o Estado levasse a maternidade a sério e as mães que o quisessem pudessem ficar em casa com licença alargada de 3 anos e paga - deixava de trabalhar e tomava conta dos meus filhos (hoje é só um mas um dia seremos muitos!) e da minha casa. Era o sonho.

Este sonho no entanto tem em si uma preocupação.
Ás vezes acho que se a minha vida fosse tomar conta de filhos e casa, ia tornar-me uma pessoa (ainda mais) aborrecida. Digo isto muitas vezes ao P; ele chegava a casa depois de um dia de trabalho espectacular, em que falou com Nova York, S. Francisco, Sydney e ainda deu uma perninha à India e eu falava-lhe de cocó. Estão a ver?

P: Hoje tive um dia caótico! Não desliguei o telefone um minuto, caíram trezentos e vinte e sete e-mails, tive seis reuniões e meia, fiz um negócio de topo entre aterrar e apanhar o voo seguinte e para a semana tenho de ir a Marte.

Eu: Interessante (humm..) Boa (humm..) Pois (humm..) O Joãozinho fez um cocó até às costas e tive meia hora a esfregar o body com sabão Clarin.

Isto por um lado.

Mas por outro, pensando bem, bem a fundo na questão, não deve haver muita diferença entre uma pessoa aborrecida que fala de bebés e uma pessoa aborrecida que só fala do trabalho para dizer que não o suporta. Antes os cocós do que as queixas (e ultimamente - antes da decisão das energias positivas - queixo-me bastante). 

Portanto, na expectativa de que o meu homem esteja de acordo com isto, vou manter on hold o sonho de deixar o meu trabalho e falar-lhe todos os dias de lides domésticas ao invés de relatórios, controlos e leis. Vivam os cocós!


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