É a minha vez? Obrigada
No último resumo destes encontros percebi pela descrição que a participação que tive foi totalmente vazia de conteúdo. Como se isso já não fosse mau, o que disse nem se quer transmitiu a minha verdadeira opinião sobre o tema. Sim, claro que há ali uma pancada. Mas isso não significa nada. Olhando para ali gostava de ter dito mais alguma coisa. Também por isso, hoje antes da minha intervenção vou contar uma pequena história.
Quando eu era pequena falava de mais. Não no sentido de dizer o que não devia, mas no excesso. Não conseguia estar calada. O facto era tão evidente que nas viagens de sete ou oito horas que às vezes fazíamos nas férias com vários amigos, os meus pais negociavam a minha passagem para outros carros a ver se havia sossego só um bocadinho enquanto eu ia à boleia com outros.
Era um traço da minha personalidade que a vida fez questão de resolver quando, no início do quinto ano, me deu um murro na auto-estima. Nessa altura percebi que talvez eu não fosse tão maravilhosa quando aquilo que achei até aos dez anos e se calhar devia passar mais despercebida. Nessa altura comecei a falar menos, mas muito, muito depressa, com a consciência de que assim reduziria o tempo que os outros estavam expostos a mim e os aborrecia menos. Ainda hoje acontece, se estiver a falar para públicos maiores por exemplo. Comecei também a achar que a minha opinião por princípio, não sendo especialmente importante, podia ser facilmente dispensada. E por isso ainda hoje acontece estar em círculos de conversa onde não falo, porque não acho que tenha alguma coisa importante para dizer, nem acho que os outros tenham grande interesse em ouvir. No fundo sei que isto tem um efeito secundário um pouco negativo, mas foi um traço que ficou (e a psicologia de certeza que explica) e uma forma de me proteger da crítica (ou do gozo). Mas neste contexto o efeito foi bastante visível e traduziu-se num resumo com rosto e forma, com uma opinião desinteressante, sem conteúdo - o tal efeito secundário. Por isso para futuro não digo que sou uma pessoa cheia de interesse ou fascínio, mas certamente melhor que "ela tinha uma pancada" e vou fazer um esforço para contrariar a tendência natural do silêncio e dar opiniões mais robustas. No entretanto, espero que aguentem!
Era um traço da minha personalidade que a vida fez questão de resolver quando, no início do quinto ano, me deu um murro na auto-estima. Nessa altura percebi que talvez eu não fosse tão maravilhosa quando aquilo que achei até aos dez anos e se calhar devia passar mais despercebida. Nessa altura comecei a falar menos, mas muito, muito depressa, com a consciência de que assim reduziria o tempo que os outros estavam expostos a mim e os aborrecia menos. Ainda hoje acontece, se estiver a falar para públicos maiores por exemplo. Comecei também a achar que a minha opinião por princípio, não sendo especialmente importante, podia ser facilmente dispensada. E por isso ainda hoje acontece estar em círculos de conversa onde não falo, porque não acho que tenha alguma coisa importante para dizer, nem acho que os outros tenham grande interesse em ouvir. No fundo sei que isto tem um efeito secundário um pouco negativo, mas foi um traço que ficou (e a psicologia de certeza que explica) e uma forma de me proteger da crítica (ou do gozo). Mas neste contexto o efeito foi bastante visível e traduziu-se num resumo com rosto e forma, com uma opinião desinteressante, sem conteúdo - o tal efeito secundário. Por isso para futuro não digo que sou uma pessoa cheia de interesse ou fascínio, mas certamente melhor que "ela tinha uma pancada" e vou fazer um esforço para contrariar a tendência natural do silêncio e dar opiniões mais robustas. No entretanto, espero que aguentem!
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