Um depósito de crianças
Disclaimer: deixo a minha filha na escola em média às dez da manhã e vou buscá-la nunca depois das cinco e dez (cinco e quinze foi o máximo e só aconteceu uma ou duas vezes). Percebo por isso que nada tem a ver com a generalidade dos casos em que os miúdos entram às nove e só saem às seis e meia, quando não entram mais cedo e saem mais tarde (e a minha solidariedade para com todos os pais que não têm opção).
Disclaimer número dois: eu adoro - mesmo, mesmo, mesmo - a escola da minha filha. É um sítio feliz, onde fazem as coisas mais giras, onde lhes ensinam tudo, onde ela adora andar.
Isto posto.
Não consigo deixar de pensar às vezes que, pese embora os nossos filhos tenham de aprender coisas novas e avançar, as creches são depósitos de crianças. Nesta fase em que a minha filha tem quatro anos eu estou absolutamente convencida que é melhor para ela estar na escola do que estar em casa, porque tem pessoas competentes e com formação para lhe ensinar o que deve aprender, faz imensas coisas diferentes, estimula a criatividade, imaginação, aprende outras línguas, tem outros interesses. Não acho - mesmo - que neste momento estivesse melhor em casa do que na escola porque por muito que não haja ninguém no mundo que goste tanto dela como nós, a verdade é que não somos formados em educação de infância e não temos as mesmas ferramentas para lhe proporcionar aquilo que ela aos quatro anos precisa.
Ainda assim, uma das últimas vezes que a fui buscar, que foi na semana da Páscoa em que muitos meninos estavam de férias, quando cheguei à sala só estavam umas seis crianças. Parecia mesmo o depósito dos que não têm onde ficar. Aquilo mexeu imenso comigo. E, note-se, eu tenho a imensa sorte de só a deixar na escola entre as dez e as cinco. Mas vê-la assim só com meus dúzia de pessoas, a escola mais vazia que o habitual foi mesmo a prova do depósito.
E por isso, para reforçar uma ideia que tinha tido dias antes, mesmo que venha a acontecer que a minha filha fique numa escola privada durante a primária, eu vou garantir que nas férias, ela estará de férias. A escola vai estar aberta em actividades não lectivas (é o que acontece com o primeiro ciclo, em que distinguem o período escolar, do período em que há férias mas eles continuam a ir à escola - diferença esta que não acontece na creche, naturalmente) mas ela vai ficar em casa, a desligar. Havemos de arranjar maneira.
(E depois lembro-me que eu na primária só tinha escola de manhã e que à uma da tarde estava em casa e nas férias nem havia se quer questão - viva o ensino público. Os tempos mudam).
3 Coisas dos outros
Verdade, tudo muda! As mães têm de trabalhar fora, os avós trabalham cada vez até mais tarde e mesmo que as escolas sejam boas, falta os afectos daqueles que lhes são mais queridos, durantes mais tempo...
ResponderEliminarEu acho que tendemos a pensar demais e a dramatizar. Eu já perto dos 44 já fui criança e não andei na escola publica. Talvez dependa da escola mas eu fui uma dessas crianças que ia sempre para a escola e a recordação que guardo é doce. nada de dramas, adorava ir para a escola e divertia-me muito ...
ResponderEliminarBeijinho
Entendo o que dizes mas também sei que não é fácil ser pai e mãe hoje em dia, e infelizmente não se consegue tirar férias sempre que os filhos estejam de férias, seria o ideal, mas não é possível.
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