Segundas-feiras

A segunda-feira é por definição (para mim) aquele dia pouco feliz em que geralmente estou de mau humor. Com cara e espírito de segunda-feira.
Desde que estamos em casa, este sentimento piorou drasticamente e alastra-se aos demais membros da família. É que agora a segunda-feira é aquele dia em que, como o sábado e domingo imediatamente anteriores, estamos todos em casa, parece tudo igual, mas é totalmente diferente. Vimos de dois dias de vida familiar dedicada à vida familiar, para - estando na mesma em casa como se nada tivesse mudado - passarmos para vida laboral. Em especial para as miúdas, acho esta mudança difícil. Num dia estão em casa com os pais e os pais brincam, vêem filmes, têm todo o tempo e é tudo bom e no dia seguinte estão na mesma em casa com os pais mas os pais não brincam nem vêem filmes porque não têm tempo, já que têm de trabalhar. E isto é estranho.

Por causa disto, a última segunda-feira foi particularmente caótica e passei o dia todo a berrar. Zangada, frustrada, irritada e sobretudo muito parva - que isto é mesmo assim, ninguém tem culpa mas eu tenho obrigação de me controlar. Foi no entanto um descontrolo. E que estupidez... Quando já estava tudo a dormir e baixou em mim a santa consciência, realmente percebo que fiz tudo mal e não se aproveitou nada do dia.

Salvo...

Por curioso que isto seja, tinha um desafio de escrita para entregar terça e até à véspera não tinha conseguido avançar se quer uma linha. Estava a ser demasiado difícil e tinha passado os três dias anteriores sempre com o assunto na cabeça, a correr em segundo plano. Quando me sentei pela décima quinta vez nesses dias para escrever, descarreguei toda a frustração de ter gritado tanto, desabafei tudo e submeti o texto. Recebi a classificação no dia seguinte e foi a mais alta até à data - no texto em que tinha menos fé, por incrível que pareça. 

Por isso, segundas-feiras são péssimas, estamos de acordo.
Mas é preciso ver o lado positivo de tudo. Primeiro, sublinhar que berrar é muito feio, manter a calma é necessário e ser o adulto é importante. Depois, elas não têm culpa, isto é difícil para todos e expressamos de maneira diferente. Por último, transformar o bom em mau, quem sabe escrevendo sobre ele. Se não for mais nada, é uma boa catarse. 

(Não obstante, graças a Deus que amanhã é sexta-feira!)

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