Essa coisa da globalização
Verdade que nos dá imenso jeito poder viajar pela Europa com o mesmo documento de identificação que nos leva daqui ao Porto. Verdade também que o passaporte pouco mais pesa e dá acesso ao resto do mundo quase sem restrições. Cruzamos alfândegas como quem cruza cidades de Portugal, levamos e trazemos quase tudo o que nos apetece e estamos realmente perto um dos outros. Acho que já disse isto, mas demoro menos tempo a ir à Dinamarca visitar o meu irmão do que de comboio a casa. Gostamos disto e que se mantenha.
A proximidade mundial tem esse lado bom de podermos hoje conhecer muito mais do que há umas décadas atrás. É fácil, por vezes é mesmo mais barato (já alguém comparou o preço de uma viagem a Madrid com o de uma ao Funchal? Não comparem porque o turismo nacional perde pesado) e apetece-me dizer que dá milhões. A mim, que trabalho para viajar, dá-me muito mais do que milhões, na verdade. Se não estou em curso, tenho vontade de estar. E pode nem ser um grande destino exótico. Qualquer coisinha já me faz feliz.
As coisas têm corrido bem e temos conseguido fazer algumas viagens por ano, mesmo que destinos de fim-de-semana. E se há um lado absolutamente maravilhoso em ir ver mundo, há nisto da globalização uma coisa meio chata: está tudo muito igual.
Tirando uma coisinha ou outra, em destinos realmente diferentes, a Europa por exemplo é toda ela igual. Falo de traços tradicionais. Tudo bem que temos a massa de Itália, os chocolates da Suiça, as tapas de Espanha. Mas o que disto não temos também em Portugal? E o comércio? Que coisas / lojas típicas só vemos mesmo "lá fora"?
A minha mãe conta sempre das idas a Espanha quando era pequena, para comprar mesmo o mais elementar. Qualquer coisa mais elaborada era impensável ser vendida cá, fosse de vestir, de comer, de usar. Deus me livre de achar que isso é que eram tempos, em que nos faltava de tudo um pouco e vinha tudo do estrangeiro. Mas na realidade, havia qualquer coisa de especial em trazer novidades, em ver coisas que não se viam todos os dias. O ser diferente tem aqui muito peso. E eu tenho pena de ver poucas coisas verdadeiramente diferentes quando saio de casa.
Um exemplo disso foi a minha tarde de pseudo compras em Zurique. Acho que não vi nenhuma loja que não conhecesse já ou as que vi vendem coisas exactamente iguais ao já visto e revisto. No caso, com a agravante de ser tudo muito mais caro (já agora, a título de curiosisade, passamos num cabeleireiro banalíssimo em que na tabela dos preços troquei os olhos quando vi "manicure: 55 francos. Como?!! - bom, fechar parêntesis).
Isto tudo para dizer no fundo que era giro ver coisas novas de vez em quando. Se calhar sou eu que visito os países errados. Ou se calhar esta coisa da igualdade tomou conta do mundo em todos os sentidos.
0 Coisas dos outros