"Aí eu chego, boto o relógio no preguinho, como quando tenho fome e durmo quando tenho sono"
A avó de uma prima minha - uma senhora cheia de energia que aos oitenta anos ainda fazia pinos na piscina com a canalha - foi durante dezenas de anos passar férias sozinha para um parque de campismo do Algarve. Encontrava lá amigos de sempre, que faziam como ela, e adorava aquilo.
Dizia, com alguma graça, que quando lá chegava pendurava o relógio num prego que tinha na roulote (ela dizia que "botava o relógio no preguinho" - o que é delicioso, como os brasileiros são) e não queria saber das horas. Comia se tinha fome e dormia quando tinha sono. Férias na sua máxima extensão e significado.
No extremo oposto desta filosofia estão as férias com um bebé!
Para começar as minhas filhas são as maiores fofas e só acordam por volta das nove. E entre preguiçar, vestir, pequenos-almoços, preparar lanche e muda de roupa, mais toalhas, protectores, etc. saímos efectivamente de casa às onze. Aproveitamos por isso a praia cerca de uma hora - salvo se, lá está, o dito do bebé (coisa boa da mãe) adormecer na praia (proeza que a irmã não fazia) e aí só saímos quando acorda - aconteceu às vezes ser mais pela uma. Calma às almas inquietas, que temos protector, chapéu e sombra na criança mais velha.
Isto para dizer que há hora marcada para sair da praia. Hora para dar o almoço. Hora para a sesta. E hora para o lanche. Qual preguinho. Passei aliás a dormir de relógio.
Claro que há coisas boas, como não apanhar escaldões. E dar alguma estabilidade à mais pequena (que de resto já percebi que é pro-rotinas - como a mãezinha dela - e anda a dormir bem melhor desde que voltamos à nossa de casa). Eu também gosto de saber com o que contar por isso nem reclamo. Preguinhos não são para mim!
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