Estou honestamente preocupada com isto
No dia do Pai fomos almoçar a um sítio espectacular - já falei disso.
O tempo estava óptimo, um verdadeiro dia de Verão e imensas famílias tiveram a mesma ideia que nós. Todas as mesas, dentro e fora, estavam cheias de mães, pais, tios e filhos. Crianças pequenas, bebés de colo, outros maiores. Não os contei mas eram bastantes.
A meio do almoço fiz este exercício (que faço quase sempre): contei quantas crianças não estavam agarradas a um telemóvel ou tablet e o número a que cheguei foi 1 - a minha.
Cresci numa casa onde à hora das refeições não havia televisão ligada e onde, mais tarde, os telemóveis e telefones sempre foram proibidos.
Não vou dizer que isto é a educação modelo para todas as pessoas mas foi a que escolhemos quando criamos a nossa família. A televisão está sempre desligada às refeições (a todas) e nenhum de nós leva o telemóvel para a mesa.
Como consequência, a minha filha não mexe em telemóveis ou tablets às refeições (e praticamente também não o faz fora delas, mas não era sobre isso que ia falar).
Claro que ela ainda é pequena e embora tentemos promover a conversa, perguntar-lhe como foi o dia, o que fez, onde foi etc (ela fala muito bem já), muitas vezes temos brinquedos e livros em cima da mesa para ela ir brincando. A grande diferença entre isto e os objectos de tecnologia, é que com os brinquedos estamos todos envolvidos. Ou estou a contar uma história, ou estamos a fazer brincadeiras com os bonecos. Se há uma televisão à mistura, é certo que ela desliga do mundo e liga na televisão.
Este modelo de educação não é o melhor nem o pior, é simplesmente o que para nós faz mais sentido.
Posto isto, é com uma preocupação enorme no futuro da humanidade que vejo crianças desde os três meses até aos 16 anos agarradas a telemóveis à mesa, sem falar, sem conversar, sem fazer parte do mundo. Totalmente alheados. Faz-me sobretudo muita confusão que os pais alinhem nisto e promovam até que os seus filhos bebés comecem desde cedo com isto.
Obviamente que eu não sou inocente ao ponto de não perceber porque é que isto acontece.
Ter filhos dé trabalho. Criar filhos também. Se o ipad ou o iphone fizer isso por nós, perfeito, menos trabalho.
Infelizmente vejo cada vez mais mais crianças educadas à lei dos tabelts, sobretudo à hora das refeições. Talvez os pais queiram uma refeição descansada e sem trabalho. O meu conselho é: deixem os filhos em casa. Se os filhos não podem ficar em casa, prestem-se ao esforço de interagir com eles - vão ver que vale a pena. Porque uma ida a um restaurante para uma criança também pode ser um momento especial, como para os pais. Uma coisa diferente. Irrita-me, honestamente (se calhar não devia).
Por outro lado, aplaudo de pé iniciativas como a deste café que oferece um desconto a quem deixar os telefones no cestinho. Devíamos ter cá ideias como esta. Ainda há dias uma tia minha se levantou da mesa do café onde estava com o marido e os dois filhos (12 e 17 anos) porque estavam sentados os quatro à meia hora e eles ainda não tinham levantado a cabeça dos respectivos telefones - e consequentemente ela estava ali a sentir-se ridícula.
Quando tiver um café / restaurante / espaço público, prometo que adopto esta iniciativa. Palminhas!
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