Este ano fiz um curso de escrita que foi absolutamente transformador. O exercício da última aula era criar um enredo; eu que não tinha nenhuma história pensada até àquele momento tive um clique que me fez juntar fragmentos de coisas que fui escrevendo ao longo do último ano em diferentes momentos e apresentei um meio enredo no curso, que mudou toda a dinâmica da escrita. A partir daí fiquei louca, como que possuída, a pensar vinte e quatro horas por dia nas personagens, em episódios, em cenas, descrições, lugares. Até ter efectivamente posto a mão na massa deixei passar algum tempo porque tinha medo; medo de que aquilo que via na minha cabeça, não passasse igual para o papel, medo de defraudar as minhas expectativas, de começar a escrever por que talvez algures deixasse de o conseguir fazer. E ali andei, neste limbo, até um dia ter pegado no computador e se ter dado uma outra transformação, ainda mais possuída, sem almoçar, sem comer, a perder-me totalmente nas horas, nos dias, a escrever sem parar, como uma louca, a sair da cama para ir para o computador, a deixar lanches por dar para ir para o computador, a deitar-me cada vez mais tarde. Até ter chegado a um ponto em que parei absolutamente. Talvez tenha coincidido com o ter mudado de casa e não ter encontrado o espaço ideal, ou por não ter computador disponível vinte e quatro horas por dia, mas apenas algumas à noite, o que me obrigava a escrever só nessa altura (e eu gosto das tardes, confesso), talvez por ter ficado sem ideias. O que é certo é que parei e há duas semanas que o texto não avançou uma vírgula, embora esteja sempre a pensar nele. E o que sinto agora, exactamente como há um ou dois meses atrás, é medo outra vez. De não conseguir avançar, de não conseguir escrever, de não ter continuação nem fim para a história, de abandonar sem mais as personagens. Fiquei bloqueada outra vez e é assim que estou, a precisar de me lembrar novamente como é que isto se faz!
escrever não é fácil, há alturas de grande inspiração e outras de bloqueios. Não tenhas medo, escreve mesmo que depois reescrevas. não tenhas pavor dos dias de bloqueio, depois a inspiração volta, mas mesmo nesses dias, tenta pensar na história, tenta passar alguma coisa para o papel
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