No início da semana, porque as segundas são particularmente difíceis, o homem deu-me esta missão de responder a uma pergunta tão simples e singela:
- (se não tivesses de pensar na parte financeira) o que queres mesmo fazer?
Não é bonito? E incrivelmente complicado, já agora?
Podia ser técnica das finanças, mulher do lixo, vendedora de hambúrgueres, presidente da república, voltar a estudar... o céu é o limite! O que é que eu queria mesmo fazer?
A triste resposta desta questão é que não tenho bem a certeza. E é triste em si mesmo, por não saber exactamente, mas triste sobretudo porque podemos ser tudo e simplesmente não somos, ou por falta de imaginação ou de coragem. Acho que isto faz de mim uma pessoa mais vazia e menos interessante, o que é sempre chato.
Na verdade, se eu pudesse ser tudo, gostava de fazer festas e organizar eventos, gostava de ter uma papelaria and stuff cheia de luz, com eventos, espaços de festas e memórias maravilhosas.
Mas também queria ser mãe a tempo inteiro, ir levar e buscar da escola a horas em que pudéssemos brincar na rua, participar nas actividades, ajudar com os trabalhos, levar a casa dos amigos, receber amigos em casa, levar e trazer de actividades extra curriculares, como a dança, a natação, o ballet e ter tempo para eles. Não precisar de dizer nunca "agora não posso, estou numa reunião" porque podia sempre e o tempo era meu.
E gostava ainda de escrever e viver da escrita. Fazer formação aprofundada na área, colaborar com alguma publicação, escrever textos para aqui e para ali e, em última linha, escrever um livro, um conto infantil, uma história com capa, contracapa e em venda em livrarias.
Se são ideias que pagam as contas? De certeza que não, mas a premissa era não pensar em dinheiro.
Se teria coragem de avançar? Ora aí está!
Seria impossível mudar radicalmente de vida sem pensar em todos os contras, no fundo porque não gosto muito de riscos. Era toda uma criação, concepção, desenvolvimento, implementação, lançamento e vida onde eu, com a minha espetacular habilidade de ver o lado negro, encontraria mil falhas e não avançava.
O assignment desta semana tem por isso uma resposta tão difícil: na verdade, para ser tudo o que eu quisesse, primeiro tinha de deixar de ser parcialmente quem sou.
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