08 janeiro, 2021

Gráfico 2020

Nos últimos dias de 2020, recebi de uma amiga um template para olhar para o ano sob diversas perspectivas: relações, finanças, trabalho, pessoal, saúde, casa, etc. A ideia era que, numa folha A4 dividida em tantos espaços quantas as categorias a pensar, se reflectisse um bocadinho sobre cada uma das coisas. Foi o que fiz; foi, na verdade, o que fizemos entre amigas num encontro virtual de 3 horas nos primeiros dias de Janeiro.

Por esta altura já nem se consegue ouvir dizer que "2020 foi um ano blá blá blá", já todos sabemos; foi, sem dúvida, atípico. Mas, no mundinho que é a nossa vida cá em casa, a diferença para os anteriores, na verdade vê-se sobretudo na escola em casa três meses, na ausência de viagens e nos contactos com a família e amigos. De resto, trabalhar em casa foi (é) normal; restrições de circulação foram (são) sem problema; idas ao shoping não aconteceram? Não vejo qualquer problema. Não fomos a concertos nem festivais? E então? O impacto gigantesco mundialmente sentido, na nossa casa não se fez sentir. Pareceu um ano normal. Sobretudo a esta distância, em que a escola online já vai tão longe e em que o teletrabalho continua a ser tão bom. Sendo sincera aquilo que sinto mesmo mais falta é de ver os sorrisos das pessoas e dos abraços. Tivemos dois amigos com quem fizemos o caminho do ano passado e com quem jantamos, cá em casa, nos dias antes do Natal e o momento de trocarmos prendas foi tão estranho, que aí sim se viu que estávamos em 2020; as pessoas emocionam-se, choram ou estão felizes e celebram... e não nos podemos abraçar. Custa-me. E custa-me também que as minhas filhas não vejam os sorrisos das professoras com quem passam tantas horas por dia. A minha filha mais nova, que entrou em setembro na escola pela primeira vez, simplesmente nunca viu o sorriso da professora. Acho triste. No mundinho pequenino que é a nossa casa, é isso que me custa mais e acho que será sempre isso que mais vou lamentar de 2020.

No entanto, não era sincera se não dissesse que o ano teve coisas muito boas.

Para começar, o P. e eu estivemos 24 horas por dia juntos e nunca arrancamos cabelos; pelo contrário, continuamos a querer estar juntos. As minhas filhas tiveram os pais sempre e sobrevivemos todos com sanidade mental e proximidade imensa. Tivemos amigos maravilhosos que nos deram tantos mimos e nos fizeram felizes, a mostrar (concluíamos todos no natal) que ainda se fazem amizades depois de velho. As minhas tias e mãe fizeram uma surpresa nos 70 anos do meu tio que envolveu balões e cantar da rua para a varanda. Uma coisa tão bonita, que só este ano nos podia ter trazido. O meu irmão veio a casa, o que eu já não esperava que viesse a acontecer, e por causa disso tivemos Natal a sério. Claro que não foi o Natal de habitualmente, e claro também que pelo meio ele adiou o casamento, mas pelo menos houve Natal e ele casará este ano. Nenhum de nós ficou doente, não pode haver bênção maior. Mesmo que tivesse sido tudo mau, caramba!, estivemos todos saudáveis, não podemos pedir mais nada.

Tive coisas boas a nível pessoal, sobretudo a escrita, fiz dois concursos e um curso, que foram óptimos. Não tratei mais de mim nem me arranjei mais, mas em 2019 também não tinha acontecido. Tomei banho todos os dias e usei sempre roupa lavada, daquela que podia levar à rua (ou seja, abaixo fatos de treinos ou "roupa de casa"). Só pode ser positivo, certo? Também continuamos sempre a passar a ferro todas as roupas, mesmo quando nos achavam malucos porque ninguém via os vincos! Nisto, a nossa casa ficou nas nossas mãos, com elaborados esquemas de limpeza e organização que foram sendo revistos, mas em perspectiva com o template 2020, percebi que tínhamos poupado cerca de 1000 euros com isso! Uau, não é? Tivemos novidades nas casas (qualquer dias falamos), os nossos trabalhos mantiveram-se nas mesmas condições (olhem a sorte!) e no global... de que é que nos podemos queixar? De nada! Só temos a agradecer.

No primeiro dia de 2021 fizemos os nossos habituais desejos para o ano, que colamos no frigorífico. A I. pediu uma festa. E, mais uma vez (o ano passado era música) acho que ela tem mesmo razão. Fazer disto tudo uma festa só depende de nós. Acreditar, pensar positivo e sobretudo agradecer. Não precisamos mesmo de mais nada. Venha daí o novo ano! Estamos prontos!

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