Ai agora é que dizem?

À excepção da vizinha de cima, os nossos vizinhos são imensamente simpáticos. Toda a gente conhece a C. e é simpática com ela; aqueles que têm cães têm sempre o cuidado de parar um bocadinho à beira dela para uma festinha; todos são bem educados, atenciosos, há um bom espírito. 

Num destes dias em que já andávamos em mudanças, desci no elevador cheia de tralha e encontrei no RC uma dessas vizinhas, a quem pedi desculpa pela demora a sair com os sacos, caixas, coisas, justificando-me com um "estamos a mudar de casa".

Ao que ela me responde:

- Não me diga que vão sair pelo mesmo motivo que saíram os outros.

Ora, não tenho bem a certeza quem sejam os outros, nem o motivo; faço uma cara que acusa o desconhecimento e a senhora continua.

- Ninguém pará nesse apartamento por causa da vizinha de cima. São as terceiras ou quartas pessoas que se vão embora por isso. Quando vocês vieram para cá eu até comentei com o meu marido, coitado deste casal, não vai ter sorte..

Cara de não saber é substituída por cara de espanto.
Ora e terem avisado antes? E colocaram um cartaz à porta do prédio informativo da situação que se arrasta há que tempos?

Tenho tantas coisas na cabeça sobre isto que nem sei por onde começar.
Mas, tentando:

1. Já percebi o motivo pelo qual o senhorio não ficou minimamente admirado nem surpreso nem fez perguntas quando lhe dissemos que íamos sair antes do fim do contrato;
2. Como é que é possível isto se arrastar há tanto tempo e ninguém fazer nada?
3. Como é que um prédio com tanta gente se baixa perante uma única pessoa?
4. Como / porque é que as pessoas são tão mal formadas, mal educadas, estúpidas - estou a pensar na vizinha problemática?

Não tenho estudos para processar isto.
Se uma, duas, dez, vinte pessoas (bastava uma, na verdade) me viessem bater à porta dizendo que os meus tacões fazem um barulho ensurdecedor que não deixa ninguém dormir, estava o recado dado e eu deixava de usar tacões em casa (por acaso a primeira coisa que fazemos - todos - quando entramos é calçar meias ou chinelos; não andamos calçados em casa).
Não era preciso chamar o porteiro e a administração do condomínio e os senhorios e meio mundo nem deixar recados ou mandar bilhetes ou cartas registadas com aviso de recepção. Eu ouvia à primeira. Não percebo como é que esta mulher ainda não ouviu. Tanta falta de civismo numa pessoa só deixa-me os nervos em franja. Mas sendo recorrente, também não percebo por outro lado como é que ainda não existe uma acção judicial contra esta senhora.

O que posso dizer mais sobre isto?
Boa sorte para os próximos arrendatários.
Saibam que eu fiz o meu papel e alertei a agente imobiliária para o descalabro que o barulho é.
Agente imobiliária essa que tem também uma história "gira" nesta matéria: por problemas vários que foi tendo com vizinhos, comprou uma casa no meio do mato, na expectativa de paz e silêncio. O que lhe sai na rifa? Uma casa construída em frente em que o dono toca bateria all night long!

Adoro pessoas!

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